quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CINEMA EM TIRAS - O EXORCISTA - PARTE 5


O EXORCISTA 2 - O HEREGE

   O Demônio está de volta à Rua Prospect, número 8, em Georgetown. Pelo menos essa era a intenção dos realizadores do terrível – no mau sentido – Exorcista 2: O Herege, lançado quatro anos após o clássico absoluto de William Friedkin. O original assume facilmente o topo de qualquer lista dos melhores filmes de terror de todos os tempos, mesmo que muitos questionem a sua narrativa lenta e esqueçam a ousadia do romance de William Peter Blatty, algo jamais previsto para a época de seu lançamento. Também não imaginavam que aquela produção de quase 10 milhões de dólares um dia alcançaria a marca de 200 milhões, arrastando multidões aos cinemas a cada nova reestreia ou versão lançada.
   É provável que isso estivesse longe da imaginação de John Boorman, quando ele foi chamado para dirigir o original, depois do trabalho desenvolvido em Amargo Pesadelo, de 72, e recusou, acreditando que o filme era altamente repulsivo. No entanto, o cineasta, que recuperaria a confiança em 1981 ao comandar o clássico Excalibur, não pensou duas vezes à oferta de assumir a sequência: Todo filme tem que encontrar uma conexão com sua audiência. Aqui eu vi a chance de fazer um filme extremamente ambicioso sem ter que perder tempo desenvolvendo essa conexão. Pois o problema estaria exatamente nessa conexão, já que era inevitável a comparação com o original, e o público esperava exatamente isso.
   Não havia a necessidade de repetir a fórmula do primeiro filme, colocando a menina novamente presa a uma cama, vomitando gosmas verdes e dizendo obcenidades. E nem se quisessem fazer a mesma coisa não seria possível. Linda Blair aceitou reprisar o papel desde que não precisasse usar novamente a pesada maquiagem – na continuação, as poucas cenas de possessão foram interpretadas por uma dublê -; Ellen Burstyn se recusou a assumir novamente Chris MacNeil, mesmo tendo sido nomeada ao Oscar de Atriz Coadjuvante; e Max von Sydow foi relutante para voltar a encarnar o Padre Merrin pois o original havia sido um sucesso na mesma proporção que surtiu um impacto negativo em sua carreira.  
   Com um orçamento inicial de 12 milhões – chegando à casa dos 14 até a pós-produção -, Exorcista 2 começou a ser filmado em maio de 76. Os problemas não ficaram apenas na escalação do elenco, mas nas intenções contrariadas dos realizadores. Boorman queria que o filme tivesse locações na Etiópia e no Vaticano, conseguindo apenas locais de filmagem já previstos pela Warner. A casa original da família MacNeil também não pôde ser utilizada, obrigando o estúdio a construir uma falsa; assim como a famosa escadaria Exorcista, de Georgetown, foi impedida pelo prefeito para evitar transtornos à região. Boorman não gostou do roteiro de William Goodhart, mas ele já havia sido reescrito cinco vezes, conforme a própria Blair disse em entrevista, confirmando que o texto que ela leu era diferente do que foi filmado.
   No enredo, depois de falhar no exorcismo de uma garota sul-americana, o Padre Philip Lamont (Richard Burton) recebe do Cardeal (Paul Henreid) a missão de investigar as circunstâncias que levaram à morte o Padre Lankester Merrin (Max von Sydow), que, como todos que conhecem o original já sabem, foi vítima de um novo encontro com o demônio assírio Pazuzu. Devido aos seus escritos e testemunhos, Merrin é considerado herege, pois a Igreja moderna não quer aceitar a existência de uma entidade maléfica capaz de possuir corpos. Lamont vai ao encontro de Reagan MacNeil (Linda Blair), agora na fase final da adolescência, tentando se distrair com o sapateado e consultas psiquiátricas constantes a cargo da Dra. Gene Tuskin (Louise Fletcher).
   Independente das intenções de Boorman, a verdade deve ser dita: Exorcista 2: O Herege é muito ruim, chato, mal feito e mal dirigido. Um filme sobre o Mal não tinha necessidade de ser tão ruim. Pode-se dizer que o erro principal foi a heresia em tentar continuar de forma tão imbecil uma obra-prima, criando uma imensa expectativa e frustrando a todos. 













FIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário