quarta-feira, 29 de junho de 2011

O CONTINENTE - SUGESTÃO DE LIVRO


                                           

      Hoje vou indicar um livro que li ainda no segundo grau... Pensei em indicar toda a trilogia, mas sei que quem gostar de "O continente", certamente vai querer continuar lendo "O retrato" e "O arquipélago". Quando fui a Cruz Alta, tive a oportunidade de conhecer a casa onde Erico Veríssimo viveu e que atualmente abriga um museu. Foi muito legal ver os  rascunhos dos seus livros, alguns com desenhos que ele mesmo fazia dos seus personagens! Fica aí a dica para quem ainda não leu!

                                                           QUADRINHOS "O CONTINENTE"


      A primeira parte de O Tempo e o Vento foi publicada em Porto Alegre no ano de 1949 e narra a formação do Estado do Rio Grande do Sul através das famílias Terra, Cambará, Caré e Amaral. O ponto de partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o índio Pedro Missioneiro, que depois de presenciar as lutas de Sepé Tiaraju através de visões e ver os portugueses e espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana Terra, filha dos paulistas de Sorocaba Henriqueta e Maneco Terra.
      Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro. Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam pai e irmãos da moça e a violentam, mas ela conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha. Partem para Santa Fé, onde se passará o resto da ação de O Tempo e o Vento. Lá Pedro Terra cresce e tem uma filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará. Ana Terra e o capitão Rodrigo são até hoje considerados dois arquetipos da literatura brasileira.
      Os sete capítulos de O continente podem ser lidos de diversas formas. Uma delas é a história da formação da elite riograndense, que culminará na Revolução Federalista de 1893/95. As lutas pela terra, as guerras internas (Farroupilha, Federalista) e externas (Guerra do Paraguai, Guerra contra Rosas) marcam definitivamente a vida e a personalidade daqueles gaúchos e ecoam de forma muito forte ainda hoje na identidade do Rio Grande do Sul.
      Do ponto de vista histórico-literário, O continente está inserido no chamado Romance de 30, obras de cunha neo-realista que aliam a descrição denunciante do Realismo às investigações psicológicas das personagens e liberdades lingüísticas do narrador, frutos do Modernismo. Assim como O continente, muitas dessas obras são de cunho regionalista.
      Os dois volumes de O continente são os mais lidos e conhecidos da trilogia. Parte de seu conteúdo teve adaptações para o cinema e a televisão. O sucesso do personagem Capitão Rodrigo nas telas levou a Editora Globo a publicar em separado o capítulo da obra a ele dedicado, Um certo Capitão Rodrigo.



Família Terra Cambará (Árvore Genealógica)


  Maneco (um bandeirante)
      |
   (.....)
      |
jonas Terra
      |                                (Pe Alonzo dos 7 povos das missões deu punhal de prata)   
Maneco Terra---- Henriqueta Terra              |
      |                                         |
Ana Terra ----------------------------- Pedro Missioneiro                    José Borges
       _______|                                                                    |
      |                                    Francisco Nuno Rodrigues  -------- Maria Rita   
Pedro Terra ------ Arminda Terra         (Chico Cambará de Curitiba,    |
        _______|__________________                  1o Cambará)          |   
       |                          |                                      |      
Juvenal Terra              Bibiana Terra---------------------Cap. Rodrigo Cambará
       |                          |
       |                         ________|_______           Aguinaldo Silva (pernambucano) 
       |                         |       |       |               |
Florêncio Terra—Ondina     Leonor  Anita  Bolívar  --- Luzia Silva
          ________|____________               Cambará   |
          |       |           |                         |
Maria Valéria  Juvenal    Alice Terra  -------  Licurgo Cambará     Aderbal --- Laurentina        
    Terra       Terra                     |                          Quadros  |
                                  ________|____                               |                         
                                  |           |                               |
                           Toríbio        Rodrigo Cambará----------------- Flora Quadros Cambará
                           Cambará                |
         ________________________________________________|____________
        |         |           |          |                           |
        |         |           |          |                           |
   Floriano    Eduardo    Alicinha     Bibi----Marcos Sandoval     Jango------- Sílvia





O TEMPO E O VENTO - minissérie da Rede Globo (1985)

      O Tempo e o Vento chegará aos cinemas na metade de 2012 e à televisão, em forma de minissérie, no final do ano que vem. Na pele do Capitão Rodrigo, Thiago Lacerda e as duas fases da personagem Ana Terra serão divididas entre Glória Pires e a filha Cleo Pires. Fernanda Montenegro viverá Bibiana. Completam o elenco nomes como José Mayer, Tarcísio Meira, Mateus Solano e José Vitor Castiel.

Curiosidade:
      O título que Erico deu inicialmente à sua trilogia era O Vento e o Tempo e assim permaneceu quando os originais foram mandados para impressão na Editora Globo. Somente quando já estava para ser lançada a primeira edição, é que o título foi invertido.


terça-feira, 28 de junho de 2011

TURISMO ADAPTADO

     
      A Turismo Adaptado é uma organização que trabalha para a acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, com ênfase no lazer e turismo. Um enfoque às vezes um pouco segmentado, sem abandonar o conceito de turismo para todos.   Quem lidera essa organização como Diretor é Ricardo Shimosakai, Bacharel em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi/ Laureate International Universities e atua desde 2004 no segmento de Turismo Acessível. Membro do Centro de Vida Independente Araci Nallin, Brazilian Adventure Society, SATH (Society for Accessible Travel and Hospitality) e ENAT (European Network for Accessible Tourism). Recentemente também foi convidado para fazer parte da diretoria da divisão Brasileira da IFTTA (International Forum of Travel and Tourism Advocates).  Ricardo Shimosakai depois de ter levado um tiro em 2001 num sequestro relâmpago queria retornar à suas viagens que sempre lhe trouxeram muito momentos de prazer. Outras pessoas com deficiência começaram a perguntar como fazia para realizar seus passeios e viagens, daí percebendo que esse desejo tinha uma dimensão bem maior do que pensava inicialmente, passou a trabalhar para a tornar possível o desejo de seus colegas.
     Além disso, acreditamos que o turismo é uma grande ferramenta de inclusão. Pessoas com deficiência que adquiriram o hábito de viajar, hoje tem uma qualidade de vida superior do que as demais. Viajando, além de se exercitar de uma forma lúdica, também adquire cultura através do conhecimento do local visitado, socialização conhecendo outros turistas e pessoas nativas, experiência para lidar com espaço e situações diferentes de seu cotidiano, entre outros benefícios. Afinal, não é preciso ser uma pessoa com deficiência para ter o desejo de passear de jangada para ver as piscinas naturais de Porto de Galinhas, sobrevoar as Cataratas de Foz do Iguaçu em um helicóptero, comer carne de jacaré em Bonito no Mato Grosso do Sul ou fazer um rafting em Brotas? Mas há oportunidades maravilhosas e muito bem acessíveis a pessoas com deficiência no exterior também, como as maravilhas de Machu Picchu no Peru, a magia do mundo de Walt Disney em Orlando, conhecer os requintes da Torre Eiffel em Paris ou fazer um safári na África do Sul. Tudo isso está ao nosso alcance, e nossa proposta é cuidar das questões de acessibilidade, para que sua mente fique livre para guardar somente boas recordações.
      Mas queremos mais, somos incansáveis. Temos projetos para melhorar o atendimento em aeroportos, implantar uma certificação de acessibilidade de confiança em hotéis, promover o acesso em eventos, atrativos culturais como museus e teatros, além de locais para apreciar a diversidade da gastronomia. Promover a acessibilidade não é um gasto, mas sim um investimento. Não é caridade, mas sim a promoção da inclusão.

www.turismoadaptado.wordpress.com

segunda-feira, 27 de junho de 2011

ACONTECEU NA EUROPA...

     
      Jorge Nascimento quis algo aparentemente simples: comprar uma viagem de avião com partida do Porto e destino a Viena, na Áustria. Ao contrário de qualquer cidadão comum, que levaria cerca de dez minutos na Internet a concretizar esta tarefa, Jorge teve de esperar um mês, até que ontem, após sucessivas trocas de e-mails, decidiu dirigir-se ao balcão de atendimento da TAP no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, onde esteve mais de quatro horas para, finalmente, conseguir a emissão do ambicionado bilhete. A diferença é que Jorge, de 40 anos e estudante do ensino superior, tem paralisia cerebral e usa uma cadeira de rodas. Jorge Nascimento foi ontem ao aeroporto e só aí resolveu o problema:
      “Não compreendo. Não dá para compreender”, repetia Jorge Nascimento junto ao balcão de atendimento da companhia aérea portuguesa. O estudante da Faculdade de Letras da Universidade do Porto foi ao aeroporto acompanhado de Luísa Magalhães, da associação GAIAC (Grupo de Acção Intercâmbio Artístico e Cultural), que o convidou a participar no projecto europeu Valid Voice, sobre os direitos das pessoas com mobilidade reduzida, que decorre de 23 a 29 de Maio, em Viena. No balcão, para ajudar Jorge, esteve também Carlos Afonso, que o acompanha na viagem a Viena, e José Soeiro, deputado do BE.
      Jorge Nascimento tentou fazer a reserva para o voo, via agência de viagens, a 21 de Abril. Os obstáculos colocados foram muitos: porque era um avião pequeno sem possibilidade de levar a cadeira de rodas no porão, porque Jorge teria de pagar o transporte da cadeira noutro avião como se tratasse de um vulgar envio de carga, porque era preciso dar pormenores sobre o peso da cadeira e informações mais detalhadas sobre a mobilidade do passageiro, porque o voo implicava uma escala e uma mudança para outra companhia aérea…
      Passou quase um mês e a viagem que inicialmente tentou reservar por cerca de 300 euros já custava praticamente o dobro. Revoltado, Jorge Nascimento foi ontem para o aeroporto e recusou sair de lá sem a sua situação resolvida. Saiu com os bilhetes e novo itinerário. Em vez de Porto-Bruxelas-Viena, Jorge e Carlos Afonso vão fazer o voo Porto-Lisboa-Zurique-Viena. Com a cadeira de rodas a bordo e com preço reduzido.
      “Qualquer pessoa compra uma viagem em minutos na Internet e eu fui obrigado a esperar um mês e a ficar aqui um dia para resolver isto. Não é justo. A minha vontade é ir para tribunal”, dizia o estudante de ensino superior, lembrando que há dez anos viajou para a Argentina, noutra companhia aérea, sem problemas. Desta vez, Jorge sente que foi discriminado e, por isso, já com os bilhetes na mão após mais de quatro horas passadas junto ao balcão de atendimento da TAP, pediu o livro de reclamações. TAP admite falhas.
      António Monteiro, porta-voz da TAP, admite que houve falhas. E, por isso, Jorge Nascimento pagou pela viagem o que pagaria há um mês. “Admito que não tenha havido a eficácia desejada para resolver este problema mais rapidamente”, refere o responsável, sugerindo que, em situações “com este tipo de especificidades, e que não são padronizadas”, os passageiros se dirijam aos balcões, onde há “formas directas de relacionamento”. António Monteiro reafirma que o problema foi a impossibilidade de transportar a cadeira com o passageiro no avião que faria o voo entre Porto e Bruxelas. E, rejeitando a acusação de discriminação, concede que “não houve sensibilidade e capacidade de resolver o problema”.
      A TAP violou, com esta atitude, as disposições do Regulamento (CE) n.º 1107/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho de 5 de Julho de 2006, nomeadamente o disposto:

No Artigo 3.º:

Proibição da recusa de transporte
As transportadoras aéreas, os seus agentes ou os operadores turísticos não se recusarão, com fundamento na deficiência ou na mobilidade reduzida:
a) A aceitar uma reserva para um voo com partida num aeroporto ao qual se aplique o presente regulamento;
b) A embarcar uma pessoa com deficiência ou uma pessoa com mobilidade reduzida num aeroporto ao qual se aplique o presente regulamento, desde que a pessoa em causa tenha um bilhete e uma reserva válidos.

E no Artigo 10.º
Assistência prestada pelas transportadoras aéreas
As transportadoras aéreas devem prestar a assistência especificada no anexo II, sem encargos adicionais, às pessoas com deficiência ou às pessoas com mobilidade reduzida que partam, cheguem ou se encontrem em trânsito num aeroporto a que se aplique o presente regulamento, desde que as pessoas em questão satisfaçam as condições estabelecidas nos números 1, 2 e 4 do artigo 7.º

Fonte: APD

JUSTIÇA CONDENA SHOPPING QUE DISCRIMINOU MENINA COM SÍNDROME DE DOWN

                                     Obs: a menina da foto não é a criança citada no texto abaixo


      Um shopping de Taubaté, a 120 km de São Paulo, foi condenado a pagar uma indenização de R$ 40 mil a uma família de moradores da cidade. O motivo: impedir uma criança com síndrome de down de brincar no parquinho. Para a Justiça, a medida foi preconceituosa e discriminatória.
      Como qualquer criança de seis anos, a menina adora brincar em parquinhos. Mas, foi proibida de frequentar um deles porque tem síndrome de down. Em maio do ano passado, ela foi levada pela mãe a uma piscina de bolas dentro do shopping.
      Quando acabou o tempo da brincadeira, a funcionária orientou a mãe a não levá-la de novo ao local. “A gerente do brinquedo falou que ela não poderia frequentar mais por ter síndrome de down. Falou que tinha cliente que tinha preconceito”, explicou Nadir Aparecida Silva, mãe da criança.
      Ela fez uma reclamação por escrito ao shopping. Em seguida, recebeu o telefonema de uma funcionária. “A gerente de marketing ligou no outro dia para mim. Ela falou que ela não poderia freqüentar lá, porque não tem brinquedo especial para ela.”
      Indignada, a família acionou a empresa na Justiça e venceu a causa em primeira instância. O shopping terá que pagar à família uma indenização por danos morais. Na sentença, o juiz apontou o despreparo dos funcionários e disse que eles agiram com preconceito e discriminação. O shopping não quis comentar o caso.
      O promotor da Vara da Infância e da Juventude de Taubaté, Antônio Carlos Ozório, aprovou a pena. “Além de servir como lição, serve como um aviso para que esse tipo de conduta não ocorra. Hoje, nós temos que aceitar a diversidade e temos que incluir essas pessoas na vida social, familiar, na escola, na sociedade, no trabalho, como prevê as Nações Unidas (ONU).”
      Ainda cabe recurso, mas o shopping também não comentou se vai recorrer. No processo, a defesa alegou que os funcionários não discriminaram a criança e que apenas advertiram os pais, que teriam passado do horário para ir buscar a menina.

Fonte: Turismo Adaptado

BELO HORIZONTE TEM PRAÇAS ADAPTADAS PARA CRIANÇAS


      Apenas quatro das 43 praças em Belo Horizonte que têm playground contam com brinquedos adaptados para crianças com algum tipo de deficiência física ou mental. Para os pais, a busca por espaços públicos que ofereçam lazer ou esporte aos filhos excepcionais é um desafio. Na maioria das vezes, os jovens ficam limitados às atividades dentro de casa ou nas escolas.
      Sandra Batista Soares, 51 anos, é mãe de Breno Melo, um adolescente de 15 anos que tem paralisia cerebral. Ela afirma que sempre se aventura com o filho por parques e praças. “É um desafio. Enfrentamos muitas dificuldades, principalmente quanto à acessibilidade. Esses espaços não estão preparados para receber deficientes”, opina Sandra.
      Para se ter uma ideia, na Regional Venda Nova, que concentra a maior quantidade de praças da capital (106), apenas 20% são consideradas adequadas para o acesso de deficientes. Na terça-feira, pela primeira vez, Sandra e Breno visitaram uma praça com brinquedos adaptados. A mãe se surpreendeu com a estrutura encontrada na Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital.
      “Eu nunca tinha visto uma coisa assim, achei muito bom. O problema agora é só a distância, pois eu moro a mais de 30 minutos daqui. Todas as regiões deveriam ter espaços como esse”, sugere.
      A Praça Floriano Peixoto foi o primeiro espaço público a ganhar brinquedos adaptados para deficientes físicos em BH. As obras de revitalização do local, feitas pela Unimed, custaram cerca de R$ 2 milhões. Entre os equipamentos instalados estão um balanço que permite encaixar a cadeira de rodas e até um painel com diferentes atividades para o desenvolvimento da coordenação motora. O lugar também ganhou diferenciais como o alargamento da calçada e um piso tátil para orientação dos cegos.
      A falta de praças bem estruturadas faz com que pais lancem mão de outras alternativas para incentivar os filhos a praticar atividades físicas. A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Belo Horizonte (Apae-BH) atende a mais de 300 portadores de deficiência. Pelo menos uma vez por semana, eles participam de aulas de educação física na quadra da entidade.
      Algumas crianças e adolescentes já se tornaram atletas. Como Roger Teixeira Mourão, 18 anos, que tem paralisia cerebral e joga bocha. “O maior benefício é social. Ele tem uma rotina com exercícios e fica muito feliz ao disputar campeonatos”, conta a mãe do aluno, Solange Teixeira.
      As atividades em espaços fechados representam um avanço para o desenvolvimento dos deficientes, mas a inclusão de exercícios em locais públicos e abertos é considerada essencial pelos pais e especialistas. O professor Otávio Oswaldo Pignolato Filho trabalha há quase 20 anos com crianças excepcionais e conhece bem as dificuldades para levar os alunos a praças e parques. “Esse tipo atividade é fundamental para o desenvolvimento deles e a inclusão. Faço o possível para tirá-los da escola e levá-los para conhecer outros espaços. Mas a falta de brinquedos adaptados, de bebedouros ou até de um lugar com sombra impossibilita o avanço nessa área”, explica o educador.

Projeto de lei prevê mais brinquedos
      A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou em segundo turno, na semana passada, projeto de lei que prevê a instalação de brinquedos adaptados para crianças com deficiência em espaços públicos da capital. A ideia é que praças e parques recebam os equipamentos principalmente por meio de parcerias com empresas privadas. O texto deve seguir para sanção do prefeito este semestre.
      O PL 482/2009, de autoria do vereador Leonardo Mattos (PV), determina que também sejam colocados equipamentos para meninas e meninos cegos, como tabuleiros e baralhos táteis, conforme os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Crianças retraídas pelas limitações poderão brincar com liberdade em perfeita harmonia com as outras. O resultado será um efeito biológico e psíquico positivo”, explica o vereador.
      A notícia da aprovação da lei foi comemorada por pais de menores deficientes. “Meu filho passa quase todo o dia dentro de casa ou na Apae. Esses espaços podem colaborar para a socialização dele. Não é somente uma questão física”, afirma Sandra Batista, mãe de Breno. O projeto propõe que todos os espaços públicos sejam revitalizados e, para isso, incentiva parcerias entre a prefeitura e empresas que aceitem financiar as obras. A conservação observada na Praça Floriano Peixoto é um dos motivos que impulsionam essas iniciativas.
      “Todo mundo que vem aqui tem um certo cuidado com o lugar. É raro vermos algo tão arrumado. Então temos que preservar”, conta a aposentada Maria Hermínia Gomes, que caminha diariamente pelo local.
      Para manter a estrutura, foi criada a Rede de Amigos da praça, que conta com a participação de moradores e comerciantes do Bairro Santa Efigênia. Eles se mobilizam em mutirões para limpar o espaço e fazem campanhas de conscientização sobre o uso correto dos brinquedos.

Prática de exercícios de graça
      A Prefeitura de Belo Horizonte oferece duas opções para deficientes que querem praticar esportes: as Academias da Cidade e o Programa Superar. No total, os 18 espaços destinados às atividades físicas atendem a mais de 500 pessoas. Apenas duas das 20 Academias da Cidade não estão completamente adaptadas para atender pessoas com algum tipo de deficiência. Para este público, há horários especiais e atendimento individualizado.
      “São locais voltados mais para quem quer se exercitar por uma questão de saúde. Em alguns, até crianças podem participar”, explica o responsável pela Coordenadoria Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência, José Carlos Dias Filho.
      Já o Programa Superar oferece dois espaços com quadras e piscinas para que os deficientes pratiquem modalidades esportivas como futsal, handebol, natação, judô, patinação, tênis de mesa e vôlei paraolímpico. Segundo José Carlos, muitos dos que aderem à iniciativa se tornam atletas. Eles contam com o apoio técnico oferecido por instrutores.
      Ainda assim, o coordenador assume que oferecer espaços de lazer para portadores de deficiência é um grande desafio. Principalmente levando-se em conta os problemas de acessibilidade. “É um processo que segue o ritmo das políticas públicas. O que acelera isso é a cobrança da sociedade. Mas avançamos muito nos últimos 10 anos”, afirma. Desde 2005, todas as obras realizadas pela prefeitura seguem regras para garantir o acesso de deficientes físicos. O problema é adaptar as construções mais antigas.
      “É preciso mudar uma concepção. Não adianta só melhorar as praças, se as calçadas de comércios ou prédios próximos ao local não forem adaptados”, explica o coordenador.

Fonte: Turismo Adaptado

Fonte: BHLegal

PORTO ALEGRE AINDA NÃO TEM PRAÇA ADAPTADA PARA CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA

     
      Mais de um ano depois da aprovação de lei, Porto Alegre ainda não tem nenhuma praça com brinquedos adaptados para a utilização de crianças com algum tipo de deficiência física ou mental. O alerta foi feito ontem pelo vereador Waldir Canal, autor da lei, sancionada em fevereiro de 2010. Segundo ele, a prefeitura não tem respeitado a legislação, o que mostra descaso com o assunto.
      A lei determina que nas áreas públicas destinadas ao lazer seja instalado no mínimo um equipamento para recreação adaptado a crianças com deficiência. Áreas já existentes estão excluídas, mas são obrigadas a colocar um brinquedo diferenciado quando passarem por revitalização ou reforma. Segundo Canal, a prefeitura promoveu revitalizações em praças e até inaugurou novos espaços, mas sem atender à legislação. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente diz que a instalação dos brinquedos diferenciados não ocorreu porque a lei não foi regulamentada.

Fonte: Correio do Povo

sexta-feira, 24 de junho de 2011

MUSEU DO FUTEBOL INAUGURA EXPOSIÇÃO PARA DEFICIENTES VISUAIS

     
      No dia 18 de junho, o Museu do Futebol, na cidade de São Paulo, abre a nova exposição temporária Olhar com outro Olhar. O conteúdo leva o visitante ao universo das pessoas com deficiência visual e a explorar novas formas de ver, ouvir e sentir.
      Uma fotografia de um jogo de futebol, visualizada pelo visitante apenas ao final do percurso, é apresentada por meio de cinco recursos sensoriais – braille, relevo, alto-contraste, maquete tátil e audiodescrição. O visitante utiliza mãos e ouvidos para entender o conteúdo e o significado da imagem.

Fonte:  www.revistasentidos.com.br

 


quinta-feira, 23 de junho de 2011

MAPA DE ACESSIBILIDADE EM PORTO ALEGRE


      Muito são os locais que limitam os direitos às Pessoas com Deficiência em Porto Alegre-RS. 

      A proposta é Mapear cada local que limita e/ou impede o acesso. O mapeamento esta sendo realizado pelos Educandos do CDI Comunidade Educandário, mas tambem pode ter a colaboração de qualquer cidadão. Os orgãos públicos competentes serão acionados para contribuirem com a padronização desses pontos.

      Qualquer pessoa pode colaborar ou mandar um e-mail, se possível, com foto e endereço do local para: educandariocdi@gmail.com ou cdirs@cdirs.org.br. 

Obs: Serão marcados cada local sem acesso com o marcador vermelho e inserido fotos e vídeos. Após cada local ser padronizado de forma que se torne acessível a qualquer pessoa é inserido o ícone de acessibilidade.
Site: http://tgacessibilidade.blogspot.com/

NOSTALGIA - SÍTIO DO PICA PAU AMARELO



     
      O Sítio do Picapau Amarelo é uma criação de Monteiro Lobato, escritor brasileiro.
      A obra é das mais originais da literatura infanto-juvenil no Brasil e o primeiro livro da série foi publicado em Dezembro de 1920. A partir daí, Monteiro Lobato continuou escrevendo livros infantis de sucesso, com seu grupo de personagens que vivem histórias mágicas: Emília, Narizinho, Pedrinho, Marquês de Rabicó, Conselheiro, Quindim, Visconde de Sabugosa, Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé, Cuca, Saci, etc. Os personagens principais moram ou passam boa parte do tempo no sítio pertencente à avó dos garotos, batizado com o nome de Picapau Amarelo, de onde vem o título da série.
      Em 1920, durante uma partida de xadrez com Toledo Malta, este contou a Lobato a história de um peixinho que, saído do mar, desaprendeu a nadar e morreu afogado. Lobato diz que perdeu a partida porque o peixinho não parava de nadar em suas ideias, tanto que logo sentou-se à maquina e escreveu A História do Peixinho Que Morreu Afogado. Este conto, deu origem ao livro A menina do narizinho arrebitado que não é nada mais, nada menos do que a origem do Sítio do Picapau Amarelo. Até hoje os pesquisadores buscam o conto, já que Lobato não se lembrava de onde o publicou.



      A  adaptação mais conhecida e exportada para o mundo todo foi a da Rede Globo,  de 7 de março de 1977 a 31 de janeiro de 1986, sobretudo para países de língua portuguesa.

Os bonecos eram todos brasileiros criados por Rui de Oliveira e Marie Louise Neri. A trilha sonora foi dirigida por Dori Caymmi e era formada por temas essencialmente nacionais, ressaltando a mitologia e o folclore. Destaca-se a música tema da abertura composta por Gilberto Gil,  "Sítio do Picapau Amarelo".

      Barra de Guaratiba fora o local escolhido para a locação fixa da série infanto-juvenil da TV GLOBO "Sítio do Pica-Pau Amarelo" de 1977 a 1986. Um sítio, com casa, curral e jardins de Burle Marx, foi construído especialmente para o programa na Estrada Burle Marx (antiga estrada de Barra de Guaratiba). Lá eram gravadas as cenas externas e também quase todas as internas (sala e cozinha da casa de Dona Benta) do seriado. As outras gravações (biblioteca, quartos, gruta da Cuca, Reino das Águas Claras etc.) eram gravadas nos estúdios da Cinédia. Hoje, infelizmente, o local encontra-se abandonado e em estado de quase total destruição. O telhado da casa principal está desabando, existe sinais de vandalismo por toda parte e tudo está envolto de muito mato.
      Nesta versão, os personagens ficaram imortalizados pela interpretação dos atores. O elenco principal no primeiro ano do programa era composto por Zilka Salaberry (Dona Benta), Dirce Migliaccio (Emília), Jacyra Sampaio (Tia Nastácia), Rosana Garcia (Narizinho), Júlio César Vieira (Pedrinho), André Valli (Visconde de Sabugosa), Samuel Santos (Tio Barnabé), Dorinha Duval (Cuca), Romeu Evaristo (Saci), Ary Coslov (Jabuti), Germano Filho (Elias Turco), Jaime Barcellos (Coronel Teodorico), Tonico Pereira (Zé Carneiro), Canarinho (Malazarte ou Garnizé) entre outros.


      A Rede Globo anunciou que está produzindo em parceria com a produtora Mixer uma nova versão do Sítio do Picapau Amarelo totalmente animada. Já estão confirmados 26 episódios com 11 minutos cada para a primeira temporada da série, com lançamento previsto para meados de 2012. Uma das grandes novidades será a inserção de trilha sonora composta por músicas infantis nas vozes de cantores famosos como Xuxa, Ivete Sangalo, Pe Lanza e Gilberto Gil.







Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

MODELOS COM DEFICIÊNCIA DESFILAM NA SP FASHION WEEK


     
      Elas fotografam, fazem books e até desfilam na passarela. Caroline Marques e Paola Klokler não fizeram da deficiência física um obstáculo para realizar o sonho de ser modelo profissional. De cadeira de rodas desde os nove anos após um acidente de carro, Caroline já desfilou vestidos de noiva e fez até trabalhos internacionais. Paola Kloekler, com uma prótese na perna esquerda, é modelo fotográfica há cerca de dois anos e diz mudou a vida após começar a trabalhar na área. “Foi uma vitória. No começo, eu busquei agências para trabalhar e as pessoas diziam que eu tinha o perfil, mas quando víam que eu usava prótese elas diziam ‘não, acho que não tem a ver’. Melhorou demais a minha auto-estima.”
      Kica de Castro, dona da agência que leva seu nome, trabalha com 80 modelos, todos com algum tipo de deficiência física – quatro deles têm carreira internacional. “O critério para a escolha varia de acordo com o mercado. A pessoa tem que se cuidar”, diz ela.
      Paola acha que um dia modelos deficientes desfilarão na São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontece até este sábado na Bienal de São Paulo. “Acredito que um dia terão modelos deficientes na SPFW. Hoje em dia já há desfiles próprios para deficientes com roupas para esse tipo de perfil. Mas o legal seria colocar pessoas comuns desfilando com pessoas deficientes, sem essa barreira.”

Fonte: G1 (16/06/11)

sábado, 18 de junho de 2011

ALÉM DE UM ROSTO - EXPOSIÇÃO DE FOTOS DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

      Com o lema “Além de um rosto”, a Fundação Síndrome de Down de Madri, Espanha,organizou uma exposição fotográfica ao ar livre na madrilena Praça da Independência, que vai do dia 1º ao dia 30 de junho de 2011.














sexta-feira, 17 de junho de 2011

TEATRO EM LIBRAS!



           Pois é... Finalzinho do Curso de Libras básico! Mas, se tudo der certo, em agosto tem mais!!!




                    Depois de muitos ensaios, as peças finalmente foram apresentadas...



          
        
          Muito tri! Primeira adaptação de um dos meus livros para o teatro (mazá!! - eheheh).



Vem aí o Intermediário!!!!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

ESCOLAS PARTICULARES NÃO ESTÃO PRONTAS PARA INCLUIR

Não haverá sociedade inclusiva, enquanto não tivermos pessoas inclusivas” (Profª Susana Sarmiento).



      No último Dia das Mães Marília Vieira do Rosário, 29 anos, não ganhou um abraço do filho Thiago, 3 anos. Também não recebeu um cartão nem se emocionou com a apresentação na festa da escolinha. Na ocasião, enquanto as outras crianças cantavam, Thiago permaneceu parado, com as mãos nos ouvidos. Desde que ele nasceu Marília convive com a Síndrome de West do filho, um tipo grave de epilepsia, e está acostumada com o comportamento evasivo do garoto, que não fala. O que a frustrou, porém, não foi a reação da criança, mas a decisão da direção da escola, que, após a festa, comunicou que não aceitaria mais o menino.
      “Foi muito difícil. Um mês antes, quando o aceitaram, eu disse que ele tomava os comprimidos, que não tinha mais crises e assinei um termo de responsabilidade por ele no período em que passaria na escola. Ficaram com medo de ele ser agressivo, de outros pais reclamarem, mas aceitaram quando expliquei mais sobre a síndrome. Ele poderia ficar até que eu encontrasse outra escola, mas achei melhor tirá-lo [após o comunicado] e ele está em casa.”
      Do outro lado, a coordenadora pedagógica da escola, Tatiana Malinverni, explica o porquê da decisão e argumenta que os pais têm dificuldades em entender quando a escola assume não estar preparada para atender algum aluno. “Eu penso no bem do aluno. Seria fácil aceitá-lo aqui, mas ele não estaria desenvolvendo as capacidades de que precisa. Eu gostaria de ter pessoas especializadas ou o espaço necessários, mas no momento não temos e não acho correto aceitar um aluno sem garantir a ele a educação especializada que requer”, diz.
      O caso de Thiago, infelizmente, não é raro. Enquanto as escolas públicas caminham para estarem cada vez mais preparadas para atender alunos com qualquer tipo de deficiência, seja física ou intelectual, nas particulares ainda há dificuldade em achar vagas de inclusão. Das dez escolas particulares procuradas pela reportagem, apenas duas se mostraram abertas a receber um aluno de inclusão intelectual fictício. As outras disseram já ter um aluno de inclusão nas turmas da série em questão, o que seria o limite.
      Segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, Ademar Batista Pereira, não há uma regra que diga que cada turma das escolas particulares possa ter apenas um aluno com necessidades especiais. Mas essa é uma estratégia pedagógica tomada para não prejudicar as aulas. “Essa limitação não existe porque a escola não quer atender os alunos com necessidades especiais, mas porque ela tem de ter consciência de suas limitações e agir com responsabilidade. De que adianta um pai entrar na Justiça para que a escola aceite o filho dele na marra? Educação é parceria entre escola e família, se a inclusão acontecer à força, que tipo de parceria vai existir? Como vai ser o trabalho com esse aluno?”, afirma.

Particular ou pública?

      A pedagoga e doutoranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Maria Silvia Bacila Winkeler lembra que perante a lei todos devem ter acesso à educação. E que, dentro da escola, o atendimento pode ser mais facilitado nas instituições públicas, que podem estar melhor equipadas. “Se formos pensar em estrutura física, a pública é melhor, pois recebe financiamentos para espaços diferenciados e salas multifuncionais, o que não existe em muitas escolas particulares”, diz. Mas nem todos estão convencidos da qualidade do atendimento prestado nas escolas públicas, como afirma a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Univer­sidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Se tivéssemos de fato uma escola pública de qualidade, fazendo uma inclusão de qualidade, provavelmente todos os pais de crianças com deficiências estariam lá e não precisariam bater de porta em porta implorando por vagas nas escolas particulares”, diz.

Acesso não garante qualidade

      O grande problema da inclusão é justamente expandir o número de vagas, sem se preocupar com a qualidade do ensino e do atendimento, segundo a psicóloga Miriam Pan, pós-doutoranda em Psicologia na Universidade de Austin, no Texas, Estados Unidos. “Colocamos todos pra dentro da escola, mas para quê?”, questiona. Morando nos Estados Unidos, onde pesquisa a inclusão para seu pós-doutorado, Miriam comenta que o Brasil é um país que tem uma política de inclusão bastante recente e que precisa amadurecer. “Em países como os europeus ou os Estados Unidos a inclusão tem o mesmo discurso, mas é feita com base no fortalecimento da estrutura da educação e investimento em professores e recursos humanos. É um direito da criança com dificuldades estar na escola e ser bem atendida. Nas salas, vai sempre haver um professor regente e um outro habilitado para trabalhar com crianças com necessidades especiais ou um especialista, e não um auxiliar como acontece aqui no Brasil”, diz. Ela também explica que aqui o acesso acontece, mas sem o tratamento que os estudantes precisam. “A inclusão chega sem que a estrutura necessária chegue junto. E não estamos falando só das rampas de acesso ou barreiras arquitetônicas, nós percebemos barreiras em termos de discriminação, preconceito e até indiferença”, diz.

Parceria

      O diálogo e o trabalho em conjunto é o que pode fazer com que a inclusão realmente aconteça. E, para que funcione, nada pode ser imposto ou escondido, segundo a pedagoga Maria Silvia Bacila Winkeler. “Um professor que recebe uma criança com deficiência deve ser consultado antes, até para que possa se preparar, assim como os colegas também precisam ser informados para que aprendam a lidar com a situação. Sempre, se temos um novo colega, ele precisa ser apresentado. Precisamos nos conhecer e nos compreender para sabermos agir”, afirma.
      Mas ela lembra que, apesar de não ser fácil achar uma instituição adequada para a criança, a luta maior começa com o filho dentro da escola. “Eles precisam olhar com cuidado se a escola do filho realmente aceita a criança e investe na educação dela. Porque,sem isso, é perda de tempo para o aluno e desgaste para a escola e para os pais”, diz. O entendimento entre as partes é fundamental para o aluno e deve ser o objetivo quando se pensa na inclusão, mesmo que ela venha depois de terem sido encontradas muitas portas fechadas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

DIFICULDADES DE UM CADEIRANTE


DESCASO E DESRESPEITO!

      Quem acha que a vida é difícil e costuma reclamar de tudo, não conhece a história de Eduardo Albuquerque, 37 anos, ambulante e, principalmente, cadeirante. Não sabe o que é sacrifício. Nem faz ideia das dificuldades enfrentadas para executar coisas simples do dia a dia, como pegar ônibus. Não por causa dos problemas comuns ao transporte de massa, como coletivos que demoram ou andam superlotados. Os obstáculos de Eduardo começam muito antes.
      A luta do cadeirante, contada a seguir, não é apenas dele. Representa a história de pelo menos 600 pessoas. Gente que tem acesso gratuito aos ônibus da Região Metropolitana do Recife por causa da deficiência motora. Gente que precisa da cadeira de rodas para se locomover. E o curioso é que, o que no passado era o principal obstáculo, a falta do elevador nos ônibus, agora está minimizado. Existem 1.027 coletivos com o equipamento. Mas é muito comum os elevadores apresentarem defeitos, o que prejudica os cadeirantes e, principalmente, irrita os passageiros.
      Esse é um dos principais obstáculos aos cadeirantes. Eles se sentem intimidados pela falta de compreensão de alguns usuários. Outras pessoas no lugar de Eduardo Albuquerque desistiriam de sair de casa. Ou iriam à rua somente nas situações de extrema necessidade. Mas Eduardo não desiste. Começou abordando a reportagem do JC na rua para relatar o drama que vive diariamente. Convenceu a equipe a fazer a matéria e constatar as limitações que enfrenta todos os dias. Depois de acompanhá-lo, a vontade, realmente, é de desistir.
      Eduardo tem aposentadoria, mas precisa trabalhar diariamente no cruzamento da Rua Joaquim Nabuco com a Avenida Agamenon Magalhães, área central do Recife. É conhecido de muita gente. A cadeira de rodas é um fiteiro ambulante. Vende pipoca, balas, chicletes, canetas. Um guarda-chuva preto o protege da chuva e do sol. Mas para chegar lá todos os dias, pena bastante. Sai de casa, na Cidade Tabajara, Olinda, pouco antes das 5h para conseguir estar no trabalho às 6h30. Pega dois ônibus para ir e outros dois para voltar. Não paga passagem, é verdade. Mas paga caro para conseguir se deslocar, para ver seus direitos respeitados.
      Não tem sequer um espaço para andar. Precisa circular pela Avenida Agamenon Magalhães, pulmão viário da capital, por onde trafegam 60 mil veículos dirigidos por motoristas sempre apressados. Arrisca-se pelo canto das ruas, no sentido contrário do tráfego, para chegar à parada de ônibus. Não pode usar a estação mais próxima do seu ponto de trabalho. Não serve por ser inclinada e não ter acesso para a cadeira. Precisa ir até a parada seguinte, no Derby, uma das poucas que têm algo parecido com uma rampa. No trajeto, depende da boa vontade dos motoristas em parar para ele, abrirem passagem. Eduardo corre riscos diários, frequentes. A qualquer momento pode ser atropelado.
      Chegar à parada também não é garantia de nada. As estações são estreitas e estão sempre cheias de gente e ambulantes. Carroças ocupam o acesso, não deixam espaço. O jeito é ir pedindo, pedindo. “O pior de tudo é ver que tem gente que não entende. Fica irritada porque preciso passar. Se não ficar pelo menos no meio da parada, perco o ônibus porque o motorista não me vê”, explica Eduardo, paciente e sempre com voz calma. Depois de posicionado, a expectativa é transferida para a chegada do coletivo.
      Muitas vezes, ele passa lotado e a operação do elevador é complicada. “É muito comum o equipamento estar com problemas. Outras vezes, a falta de manutenção faz com que ele quebre na hora da operação. É o pior de tudo. Eu prefiro que nem pare, porque os passageiros ficam muito irritados. Em vez de culpar as empresas de ônibus pela falta de manutenção, me responsabilizam. Parece que não compreendem o que enfrentamos diariamente”, afirma. Para seguir em frente, realmente só com persistência e a força de Nossa Senhora, cuja imagem está no terço que o cadeirante hora carrega preso à cadeira de rodas, hora pendurado no pescoço.

Fonte:http://ne10.uol.com.br/
Referência:  www.incluipe.com.br 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ACESSIBILIDADE, INCLUSÃO E DESENHO UNIVERSAL: TUDO A VER

Como definir “acessibilidade”?

      O dicionário nos diz que “acessibilidade” é um substantivo que denota a qualidade de ser acessível; “acessível”, por sua vez, é um adjetivo que indica aquilo a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance. Na área da Deficiência, quando este termo começou a ser utilizado, estava restrito ao ambiente construído e designava a eliminação de barreiras arquitetônicas. Na verdade, a expressão mais freqüentemente usada era “eliminação de barreiras”, pois ficava subentendido que a pessoa se referia às barreiras arquitetônicas. A sensação que as pessoas tinham (tanto as pessoas com deficiência quanto familiares, amigos e profissionais) era muito negativa: a cidade era vista como um lugar perigoso, cheio de armadilhas e obstáculos a serem enfrentados, que requeriam disposição e paciência, todo dia. Nada era fácil, nada era possível. A ilustração de Ricardo Ferraz1 traduz brilhantemente a percepção e o sentimento dessa época.
1981: um ano a ser lembrado
      Gradualmente, o panorama foi mudando. 1981 foi um marco significativo: a ONU – Organização das Nações Unidas decretou que esse era o Ano Internacional das Pessoas Portadoras de Deficiência (AIPPD). Parece que um farol se acendeu: a sociedade se deu conta que havia pessoas com deficiência e que eram muitas. A visibilidade recém adquirida, com respaldo da ONU, estimulou a mudança de atitudes: organizações DE pessoas com deficiência foram criadas; o tema foi matéria de jornais, televisões e rádios; direitos foram conquistados; as pessoas com deficiência puderam fazer soar sua voz e expressar desejos e vontades. Ou seja, começaram a sair da atitude de imobilismo e perplexidade que o cartum mostra.
      No bojo desta mudança, que se processa de forma gradual e que até hoje está acontecendo, podemos destacar fatos e tendências. Um deles foi a substituição do termo “barreiras arquitetônicas” por “acessibilidade”, invertendo o sinal das lutas e dos olhares: não era “contra”, era “a favor”. Já havia passado o momento do antagonismo, do grupo das pessoas com deficiência contra a sociedade toda. Chegou o dia das pessoas com deficiência dizerem que queriam ficar junto com os outros e, melhor ainda, isso começa a se tornar realidade.
Mudança de olhar
      Nessa inversão de sinal, o significado do termo “acessibilidade” foi ampliado. Percebemos que acessibilidade era mais do que construir rampas – embora rampas sejam, sempre, fundamentais. Mas representam, literalmente, apenas o primeiro passo. Rampas precisam levar a escolas, centros de saúde, teatros, cinemas, museus, shows de rock… Este novo sentido foi aplicado a outras esferas do fazer humano; passamos, então, a refletir sobre a acessibilidade (e o acesso a) na Educação, no Trabalho, Lazer, Cultura, Esportes, Informação e Internet.

      Alcançar condições de acessibilidade significa conseguir a equiparação de oportunidades em todas as esferas da vida. Isso porque essas condições estão relacionadas ao AMBIENTE e não às características da PESSOA. Falar sobre alcançar condições de acessibilidade implica em falar de processo, que tem tempos e características diferentes em cada lugar, que tem idas, vindas, momentos que parecem de estagnação – mas, na verdade, são momentos em que novos conceitos, novas posturas e atitudes estão germinando. Processos são demorados e precisam do cuidado de todos.

A acessibilidade diminui a desvantagem
      O ambiente pode piorar a forma de funcionamento de uma pessoa. Um restaurante com muitas mesas e pouco espaço de circulação entre elas exige que o garçom seja um malabarista, para equilibrar pratos e copos e que os clientes sejam ágeis e flexíveis, para chegar aos seus lugares. Se forem idosos, ou grávidas, ou obesos, ou simplesmente distraídos … a probabilidade de acidente é alta. O mesmo acontece com pessoas com deficiência: se o ambiente não oferece condições adequadas de acessibilidade, elas ficam em situação de desvantagem e sua condição de funcionamento (surdez, cegueira ou outra) se agrava ou até mesmo fica inviabilizada.
      É importante perceber que, embora esses fatores ambientais não constituam barreiras para os que não têm deficiência, sua eliminação favorece a TODOS. Um ambiente acessível é bom para todos, não apenas para pessoas com determinadas características físicas, pois oferece qualidade de vida, segurança e permite a convivência e a interação entre diferentes.
Acessibilidade é um Direito Humano
      Ao lutar pela acessibilidade, estamos defendendo um Direito Humano, que possibilita a equidade de oportunidades e que é condição sine qua non para que a inclusão social aconteça. Segundo Romeu Sassaki, “O paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade toda um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades. Neste sentido, os adeptos e defensores da inclusão, chamados de inclusivistas, estão trabalhando para mudar a sociedade, a estrutura dos seus sistemas sociais comuns, as suas atitudes, os seus produtos e bens, as suas tecnologias etc. em todos os aspectos: educação, mostra.trabalho, saúde, lazer, mídia, cultura, esporte, transporte etc.”2
      Para que a inclusão aconteça, a sociedade deve incorporar os requisitos de acessibilidade, pois o primeiro passo é freqüentar o mesmo espaço, com dignidade e tranqüilidade. Como saber mais sobre esses requisitos de acessibilidade? Quem os estabelece?

Desenho Universal: Os produtos, equipamentos, ambientes e meios de comunicação devem ser concebidos do ponto de vista do Desenho Universal, que recomenda que tudo (mas tudo mesmo) deve poder ser utilizado por todos, o maior tempo possível, sem necessidade de adaptação, beneficiando pessoas de todas as idades e capacidades. Está respondida a pergunta acima: é o Desenho Universal que estabelece os requisitos de acessibilidade. Vale a pena conhecer mais sobre esse conceito3, que tem como pressupostos:
  • Equiparação nas possibilidades de uso;
  • Flexibilidade no uso;
  • Uso simples e intuitivo;
  • Captação da informação;
  • Tolerância para o erro;
  • Dimensão e espaço para uso e interação.
  • Quando o ambiente se torna acessível, pois adota os critérios e a filosofia do Desenho Universal, ele possibilita a Inclusão e, consequentemente, as pessoas com deficiência podem desfrutar de uma Vida Independente.
Fonte: Deficiente Ciente