segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

PRIMEIRO DE JANEIRO HISTÓRICO SEM LIBRAS

        
          Primeiro de janeiro histórico. Pela primeira vez, em 511 anos de história, uma mulher ocupa o cargo mais alto da hierarquia política do Brasil. Tirando D.Maria, a Louca - mãe de Dom João VI e avó de Dom Pedro I, que era Rainha de Portugal no século 18, e que por isso, era rainha do Brasil colônia - nunca tivemos uma figura feminina explicitamente no poder. Em nada isso desmerece o papel da mulher na história e nas conquistas nesses cinco séculos de jornada. Vultos marcantes na política, na arte, na literatura, música, etc enaltecem o papel feminino e justificam a chegada de Dilma a presidência. 
          O discurso da presidente Dilma foi emocionante porque ela mesma se emocionou e não escondeu isso. Quando falou que ia governar para todos os brasileiros, sentiu a voz falhar e levou a mão rapidamente ao rosto. E ela tem motivos para tanta emoção. Não obstante o fato de ser a primeira mulher a ocupar a presidência nesses 121 anos de República - o que por si só já se constitui numa odisséia visto que somos um país machista e preconceituoso - , certamente lances da sua história pessoal e política se misturam num único sentimento. A presidente, que na juventude foi torturada pela ditadura e que recentemente enfrentou um câncer certamente sabe o valor e o peso de chegar aonde chegou.
          Disso tudo, lamentável foi apenas a abordagem nada inclusiva que os meios de comunicação deram ao evento. A posse de Dilma, que foi transmitida para vários canais abertos não contou com a tradução em Libras (exceto a TV Câmara que não é aberta), e sendo assim, muitos brasileiros e brasileiras que nao escutam não puderam ter acesso ao discurso da presidente.
           Torçamos então para que essa energia feminina que agora transita com força total no Planalto Central dê mais atenção a questões tão pertinentes de debate, como a inclusão. Ser presidente de todos os brasileiros, certamente passsa por ser ouvida por todos e por todas, pelos que escutam e pelos que não escutam, inclusive.
Autor: Cristiano Refosco


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