quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

DO DIÁRIO DA ALINE - "DENGOSINHA VAI AO DENTISTA"

Mais uma história da Aline no "Centauro Alado". Desta vez, ela recorda um fato de quando era criança.




DENGOSINHA VAI AO DENTISTA por Aline Massoni

Aquela seria a minha primeira consulta com aquela dentista.  Fomos eu,  minha mãe e meus dois irmãos . Éramos uma escadinha: eu tinha seis anos, Álvaro cinco e Diego quatro, e naquela época eu ainda não tinha cadeira de rodas.
O atendimento era por ordem de chegada e  fomos os primeiros a chegar no consultório. Na sala de espera, havia apenas alguns bancos de madeira que não possuaim apoio lateral, o que me impedia de ficara sentada sozinha neles, visto que eu não tinha nenhum controle de tronco. Por isso, minha mãe sentou-se e me colocou no seu colo.  
Iniciam-se os atendimentos, a dentista abre a porta e chama:
- Diego Massoni!
Prontamente meu irmão respondeu:
- Sou eu...
Sorridente ela disse:
- Vamos lá? Me dê a mão!
Meu irmão levantou-se pegou na mão da moça e eles entraram.
E assim os atendimentos continuaram.
Ela abriu a porta e chamou:
- Álvaro Massoni! Vamos lá?
Assim a dentista chamou um por um...  Todas as outras crianças que chegaram  depois de mim foram atendidas e eu no colo da minha mãe, apenas aguardando. As horas foram  passando, e  enquanto eu aguardava a minha vez,  conversava o tempo todo com minha mãe. Foi então que chegou a hora tão esperada. A dentista abriu a porta e gritou:
- Aline Massoni!
Minha mãe levantou-se comigo no colo e a moça - nos olhando de cima abaixo-  falou:
- Não, mãezinha a senhora não pode entrar, deixa que eu a levo pela mão!
Rapidamente minha mãe respondeu:
- Só se tu carregar ela no colo, porque ela tem paralisia cerebral e não caminha!
Nesse instante a moça ficou completamente vermelha e gaguejando respondeu:
- A senhora me desculpe... Eu vi a Aline tão bonitinha conversando e pensei...”Ela deve ser dengosa, certamente vai chorar e assustar as outras crianças... Vou deixá-la por ultimo!”
Sem nem dar tempo para a minha mãe reagir, a moça prosseguiu...
- A senhora não se preocupe, pois de agora em diante ela vai ser sempre a primeira a ser atendida!
Como se isso fosse algum privilégio, e não lei. Será que além de não andar tenho que ser feia e muda  para não ser confundida com uma criança mimada e sem limites?


                                                        Aline Massoni



Nenhum comentário:

Postar um comentário