domingo, 9 de janeiro de 2011

DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS - SUGESTÃO DE LIVRO

         


         Difícil dizer qual dos romances do Jorge Amado é melhor... Mas "Dona Flor" é de uma poesia  que cativa. Assim como muitas pessoas, evitei por um bom tempo ler o livro porque já tinha visto o filme com a Sônia Braga, e achava que aquilo era tudo. O velho jargão "já vi o filme, para quê vou ler o livro?" neste caso não cabe - aliás, na minha opinião, não vale em caso algum, visto que cinema e literatura são duas expressões diferentes de arte que se completam e não competem uma com a outra.
         A história da pacata Dona Flor sendo tentada pelo espírito do marido Vadinho é hilária e envolvente ao mesmo tempo.
         Alternando palavras e descrições extremamente realistas da vida boêmia da Salvador dos anos 40,   com passagens mais amenas sobre comida e remédios, o livro é um extenso e nostálgico painel do cotidiano e do passado da vida baiana.
          O romance se inicia com a morte de Vadinho, um boêmio, jogador e alcoólatra que morre subitamente em pleno carnaval de rua, vestido de baiana. Deixa viúva Dona Flor, a quem explorava e que, apesar da vida desregrada do marido, era apaixonada por ele. Na primeira parte do livro são contados os excessos de Vadinho e de todos os companheiros boêmios que lhe cercavam.
          Em contraste com esse ambiente decadente e de maus costumes contado em detalhes pelo autor, na segunda parte do livro é a vida pacata de Dona Flor que passa a ser retratada. É descrito como ela ganha a vida ensinando culinária na escola de sua propriedade "Sabor & Arte". Intercalando as aulas de culinária, há os suspiros da viúva pelo marido morto, que lembra cada vez mais constantemente das qualidades de ótimo amante de Vadinho e dos poucos momentos de luxo que lhe propiciara, quando ganhava no jogo. Ao mesmo tempo, ela é cortejada por um pretendente, um farmacêutico pacato e religioso. Os dois acabam se casando. Mas, de idade um pouco avançada e bastante conservador, ele não consegue satisfazer Dona Flor, que cada vez mais se lembra de Vadinho.
          Na terceira parte, os acontecimentos se atropelam e assumem um estilo dorealismo fantástico quando o espírito de Vadinho (que era filho de Exu) retorna e passa a atormentar Dona Flor. Somente ela vê Vadinho, que quando está com Dona Flor parece ser capaz de realizar as mesmas coisas que fazia na cama quando estava vivo. Dona Flor hesita em se manter fiel ao novo marido ou ceder ao espírito do primeiro.

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