sábado, 5 de março de 2016

O VERDADEIRO REI ARTHUR

 
 
   
    As histórias de nobreza e cavalaria fizeram dele um mito na Idade Média. Um personagem da ficção, não da história. No entanto, alguns especialistas acreditam que ele teria de fato existido e que, por trás dos contos de magos e bruxas, talvez tenha havido um homem real. Quem era ele?
 
    Não há quem não tenha ouvido falar, pelo menos uma vez, do rei Artur e de sua corte de jovens e bravos vassalos. Ostentando portentosas armaduras, combatendo pela honra de suas amadas e habitando grandes castelos, eles evocam os ideais da cavalaria, típicos da Idade Média. Da literatura às óperas, das artes plásticas ao cinema de Hollywood, poucos personagens mereceram tanta atenção e tornaram-se tão conhecidos. Mas, afinal, o rei Artur existiu?
 
    Para responder a esta pergunta e encontrar o verdadeiro Artur teremos que voltar mais longe no tempo. Não adianta procurá-lo nos séculos 10 e 1, onde ele foi eternizado como um nobre cristão senhor de feudos. Esse Artur nunca existiu. A história do possível Artur começa na Bretanha (que corresponde hoje ao norte da França e ao Reino Unido). Ali viviam os celtas, um povo com origem no centro sul da Europa, que se espalhou pelo continente durante a Idade do Ferro, aproximadamente em 600 a.C. Guerreiros tribais violentos, eles não reconheciam nenhum poder fora de seu próprio clã. Com a ocupação romana, no século 1, no entanto, parte das tribos celtas foram sendo integradas ao império, entre eles estavam os bretões. Por cinco séculos, a Bretanha esteve sob o domínio romano que, além de trazer desenvolvimento para a região, protegia-a de invasões.
 
    Com o declínio do império, Roma passou a retirar suas legiões e, no início do século 5, os bretões tornaram-se alvo do ataque de pictos e escotos, tribos também de origem celta que habitavam o norte da ilha, onde hoje é a Escócia e a Irlanda. Mas vinha pelo mar as maiores ameaças à paz na Bretanha: anglos, jutos e saxões, povos de origem germânica.
 
 
 
    Desde o abandono das legiões romanas, os bretões vinham sofrendo derrotas e o avanço anglo-saxão parecia irreversível. Se haveria um herói na história desse povo, era uma boa hora para ele aparecer. Isso teria acontecido em 517, na batalha do Monte Badon, na qual os bretões conseguiram uma vitória decisiva contra os invasores.
 
    De fato, a arqueologia comprova que na época que sucede a batalha, as invasões na Bretanha diminuíram e as tribos puderam desfrutar de uma certa paz que duraria algumas décadas. “Se Artur existiu, ele provavelmente combateu em Monte Badon. A lenda arturiana se remete ao mito da resistência e ao desejo de unificação. E a batalha em Badon é o único momento histórico comprovado em que isso de fato ocorreu”, diz Adriana Zierer, historiadora da Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. Essa é a primeira coincidência entre mito e história.
 
 
   
    No século passado houve um grande esforço para descobrir alguma coisa que comprovasse o mito de Artur. Em 1930, o arqueólogo Raleigh Radford, em missão oficial patrocinada pelo Ministério Britânico, escavou o Castelo de Tintegel, em Northern Cornwall, a 200 quilômetros de Londres. Acreditava-se que aquele seria o local onde Artur nascera. As pesquisas confirmaram que o local havia sido uma fortificação no século 6. Foram encontrados potes e vasos de cerâmica importada, indicando que se tratava de um raro entreposto comercial.
 
    “Depois de 20 anos de trabalhos, a arqueologia não conseguiu provar que Artur foi concebido ali, mas mostrou que foram usados fatos reais na narrativa sobre ele”, afirma Geoffrey Ashe, historiador da Universidade de Cambridge, Inglaterra, e autor do livro A Descoberta de Rei Artur.

FONTE: http://guiadoestudante.abril.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário