segunda-feira, 15 de setembro de 2014

CIRCO ADAPTADO INCLUI MENINO COM DISTROFIA MUSCULAR





Victor Pereira, de 12 anos, então aluno da escola da Escola Municpal José de Calasanz, em Belo Horizonte, tem distrofia muscular, deficiência que limita os movimentos e faz com que o garoto tenha de se locomover em cadeira de rodas. Essa condição não impediu Victor de aprender a fazer acrobacias, rolamentos e outras estripulias típicas das aulas de circo, planejadas pela professora de educação física Fernanda Pedrosa de Paula, de 33 anos. Para garantir a participação de todos os alunos, Fernanda fez algo que vale para qualquer abordagem pedagógica inclusiva: adaptou as atividades, respeitando os limites impostos pelas deficiências.
Pelo projeto, que envolveu turmas do 4º e 5º anos, Fernanda foi eleita Educadora Nota 10 em 2011, prêmio concedido anualmente pela Fundação Victor Civita. Desde então, as atividades foram aperfeiçoadas e se repetem anualmente, agora com ampliações para lutas e dança.
Com 11 anos de carreira, Fernanda calcula que já deu aula para cerca de 25 alunos com deficiência. “A escola recebe muitos e, como leciono educação física, acabo conhecendo a maioria”. Fernanda fez pós-graduação (nível especialização) em Juiz de Fora com foco na inclusão de alunos com deficiência na educação física. “Eu sempre estudo um pouco mais a cada aluno que chega, porque cada um deles tem necessidades específicas e uma situação diferente. Também estou sempre buscando cursos para me atualizar e, assim, conseguir adaptar as aulas”, explica.

Formação
     Na opinião de Fernanda, a formação inicial de professores ainda é muito carente quando o assunto é inclusão. “O tema normalmente é restrito a uma disciplina na graduação, quando deveria permear todos os conteúdos da licenciatura”, opina. “A gente observa que o próprio tema da inclusão é excluído, colocado à parte do resto.”
Ela se recorda do seu primeiro dia de aula, em abril de 2003, quando recebeu, logo na primeira turma, uma criança com distrofia muscular. “Na hora eu pensei: o que eu vou fazer com esse garoto?”, e logo buscou a ajuda de outros professores na época.
Hoje, ela dá o recado: o professor que tem em sua turma um aluno com deficiência deve, além de fazer o exercício de se colocar no lugar dele, ouvir o aluno para saber o que ele precisa no processo de aprendizagem. “A visão individualista de mundo precisa ser deixada de lado, temos que dar voz a essas crianças para elas realmente serem incluídas”, opina Fernanda. “Não basta apenas uma inserção física desse aluno no espaço: ele deve participar, ser ator do processo.”

Comportamento
     Fernanda afirma que hoje percebe as crianças muito mais receptivas do que em sua época de estudante. “Como a inclusão está ocorrendo há anos, as turmas de hoje convivem com estudantes com deficiência desde cedo. Por essa razão, eles incluem muito mais do que nós, adultos, que ficávamos olhando sem saber como agir ao certo. É um ganho enorme na Educação em todos os sentidos”, pontua. “Uma vez perguntei em uma aula o que era ser diferente e um aluno disse: ‘diferente é diferente, ué. É normal, todo mundo é diferente’”.
Depois de alguns anos atuando na área, Fernanda afirma que as ótimas memórias de algumas aulas servem como incentivo para seguir adiante. Ela lembra, em particular, de uma aula de futebol em que retirou um garoto da cadeira de rodas e o apoiou à sua frente, de forma que, ao chutar a bola para o gol, ela ajudasse o menino com o impulso – o toque final, porém, era dele. “Quando fez o gol, ele chorava e gritava tanto que todos da turma comemoraram junto. Foi muito emocionante”, conta a educadora.

Trajetória
       Fernanda se diz apaixonada pela Educação Inclusiva. No iníco deste ano, ela defendeu uma dissertação de mestrado, intitulada “A expressão corporal de alunos com deficiência física como fundamento do processo de inclusão/exclusão no espaço escolar”, na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Próximos passos, um doutorado na área.

FONTE: http://www.todospelaeducacao.org.br

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