quinta-feira, 9 de julho de 2015

PRINCESAS POLÊMICAS: MANUELA SÁENZ

 
 
    Manuela nasceu de uma relação fora do casamento em 1797, quando esse tipo de estrutura familiar ainda era absurdamente julgado pela igreja e pela sociedade como um todo. Rebelde desde a infância, Manuela evitava conviver em sociedade e também não aceitava as regras da igreja. Trabalhou desde cedo com a criação de cavalos e, quando adulta, acabou se casando com um inglês chamado James Thorne.
 
    O casório em si aconteceu com a ideia de que, ao encontrar um “bom partido”, Manuela ficaria mais calma. Como você já deve imaginar, a tática não funcionou. Aos 26 anos, Manuela abandonou o marido e seguiu seu rumo na companhia de um grupo de aventureiros.
 
    Depois de algum tempo como aventureira, Manuela já fazia parte do Exército e recebeu o título de general após ser reconhecida por sua habilidade para coletar informações especialmente em Lima, no Peru. Pelo Exército, ela participou de várias viagens perigosas – algumas feitas a pé, inclusive.  Manuela estava na Batalha de Ayacucho, de grande importância na luta pela independência.
 
    Para provar que participou da Batalha, a guerreira passou a carregar consigo o bigode arrancado de um inimigo morto por ela. O bigode era usado em bailes de máscaras. Isso e o fato de ter um urso de estimação eram alguns pontos que faziam de Manuela uma mulher de poucos amigos.
 
Amante de Bolívar
    Como se não bastasse, Manuela era uma das muitas amantes de Simón Bolívar. Diferente do que acontecia com as outras, Manuela era considerada a favorita do líder político. Em duas ocasiões ela chegou a salvar a vida do seu companheiro, ainda que Bolívar tenha dito ter se salvado sozinho na segunda ocasião.
 
    Valente, Manuela costumava usar roupas masculinas para impor respeito. Às vezes era perseguida pela polícia e presa, mas tinha uma destreza tão grande que conseguia fugir com facilidade. Os policiais já sabiam: para deter Manuela, era preciso um monitoramento mais sofisticado.
 
    Vale lembrar que até aqui Manuela ainda era uma mulher casada. É quase redundante explicar que ela tinha pontos de vista bastante diferentes a respeito de monogamia e estrutura familiar. Nas cartas que enviava ao marido, falava de Bolívar como seu amante sem o menor problema. Em uma das cartas, ela explica: “Não vivo sob as preocupações sociais inventadas para criarem tormento mútuo. Deixe-me, meu caro inglês. Vamos fazer um acordo: no céu vamos nos casar novamente, mas na terra não”.
 
    O marido inglês passou a vida enviando dinheiro a Manuela, que se recusava a aceitar a ajuda. Depois de ficar viúva, ela também não quis nada do que havia recebido pelo testamento.
 
    Quanto a Bolívar, as cartas que enviava a Manuela deixam claro que era por ela que ele era apaixonado, embora tenha tentado esconder isso em vida. Em uma dessas cartas, ele a chama de “a libertadora das libertadoras”. Manuela morreu aos 64 anos em decorrência de uma difteria. Em 2010, foi simbolicamente enterrada ao lado de Bolívar.
 

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