quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

PREVENÇÃO: ACIDENTES DE MERGULHO DEIXAM JOVENS TETRAPLÉGICOS



         
          Os números de acidentes de mergulho em Portugal não são muito expressivos. Porém, as consequências são devastadoras. As vítimas, maioritamente jovens, ficam tetraplégicas e confinadas a uma cadeira de rodas para o resto da vida.
          Não existem estatísticas sobre esta problemática. O Jornal de Notícias de Portugal apurou, junto dos centros de Medicina de Reabilitação do Centro, Alcoitão e Sul que, nos últimos dois anos, cerca de 20 pessoas foram internadas com lesões medulares provocadas por acidentes dentro de água.
          “Habitualmente, os acidentes de mergulhos fraturam a coluna cervical, entre as 5.ª e 6.ª vértebras cervicais e resultam em lesão completa. Isto significa que deixa de haver condução do impulso nervoso entre o cérebro, que é o centro de comando, e as estruturas abaixo da lesão medular, como os quatro membros, a bexiga e o intestino”, explica Paulo Margalho, fisiatra e director do Serviço de Lesões Medulares do Centro de Medicina de Reabilitação do Centro (Hospital Rovisco Pais). Como consequência, o acidentado fica paralisado do pescoço para baixo.
          Em Portugal, à semelhança da casuística descrita a nível internacional, os envolvidos neste tipo de acidentes são quase sempre jovens do sexo masculino com idades entre os 15 e os 30 anos. Esta é a população mais propensa a comportamentos de risco, como atirar-se, de cabeça, para a água sem saber qual a profundidade.
          Justifica-se, portanto, uma campanha de sensibilização tendo como população-alvo aquela faixa etária. Em Cantanhede,  no Hospital Rovisco Pais, estão programadas ações de informação em escolas básicas dos 2.º e 3.º ciclos com o tema: “Mergulhar: o perigo pode estar para além do visível”.
         O objetivo, segundo a assistente social Idalina Melo, é não só alertar os adolescentes para os perigos de mergulhar em locais desconhecidos ou de pouca profundidade mas, também, para a necessidade de valorizar a pessoa com deficiência.
          Um dos aspectos mais dramáticos deste tipo de acidentes é a irreversibilidade das lesões. Por todo o Mundo, estão em curso muitos projectos de investigação clínica, alguns muito promissores, como os que envolvem transplante de células pluripotentes, mas, “à luz dos conhecimentos atuais, não há reparação possível”, sublinha Paulo Margalho.
          Isso não significa que não há nada a fazer. Bem pelo contrário. O processo de reabilitação, que pode passar pela aprendizagem de uma profissão, é fundamental para uma adaptação adequada às novas condições de vida.
Fonte: Jornal de Notícias de Portugal

         
          No Brasil, uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital das Clínicas revela que a cada semana dez pessoas ficam paraplégicas ou tetraplégicas, ao bater a cabeça durante o mergulho, que na sua maioria são jovens (90%), entre 10 e 25 anos. O mergulho é responsável por 10% dos 8.000 casos de fratura na coluna, que ocorrem anualmente no Brasil. Perde apenas para acidentes de trânsito, perfuração à bala e quedas em geral. E dessas 800 pessoas que sofrem acidentes durante o mergulho, 533 ficam paraplégicas ou tetraplégicas. Durante o verão o mergulho passa a ser a segunda causa de lesão na medula, perdendo apenas para os acidentes de carro. Os acidentes (77%) acontecem em sua maioria em ambientes naturais, como piscinas, rios, etc. Geralmente ocorrem nos fins de semana, 76% em situações de lazer.


Como ocorre o acidente:

1º A pessoa mergulha em uma local sem conhecer a profundidade.
2º Ao mergulhar com o corpo curvado em local raso, bate a cabeça no solo.
3º Após o impacto com o solo, o pescoço recebe o peso do corpo, absorvendo o impacto e produzindo uma brusca flexão do pescoço podendo ocasionar uma fratura ou deslocamento de vértebra cervical, (geralmente a C5 ou a C6), que pode resultar em trauma da medula espinhal.
4º As vértebras ao se quebrarem comprimem a medula responsável pela transmissão das ordens vindas do cérebro para todas as regiões do corpo humano.
5º A compressão da medula causa uma necrose (morte dos tecidos e células da região atingida), o que impede a transmissão dos estímulos vindo do cérebro e também da sensibilidade dos membros.
6º A pessoa fica paralisada e não sente seus membros. De acordo com o grau da lesão da medula, o mergulhador pode ficar tetraplégico, (sem movimentação nos braços e nas pernas) ou paraplégico, paralisado apenas nas pernas (Psychic 2003).

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