domingo, 19 de novembro de 2017

MEU DISCURSO COMO PATRONO NA 28ª FEIRA DO LIVRO DE DOIS IRMÃOS








   Senhoras e senhores...

   E chegou o grande momento: a hora em que os livros invadirão a praça.

  Durante os próximos dias, saberes, sonhos, imaginação e cultura estarão presentes na atmosfera de Dois Irmãos, e a literatura, mais do que em qualquer outra época do ano, permeará nossas existências. De hoje até domingo, quem cruzar pela praça não passará imune ao doce mistério que cada livro carrega dentro de si. Sim, pois cada livro tem um segredo guardado e que aguarda latente por olhos, mentes e corações dispostos a descobri-lo.

   Quando há 7 meses atrás foi-me feito o convite para ser o patrono da 28ª Feira do livro de Dois Irmãos, parecia que uma eternidade nos separava desta data. De lá para cá, muito trabalho, muita dedicação e empenho de todos os envolvidos foram necessários para que finalmente chegássemos aqui. Dentro em breve, a feira vai começar, e além de toda a responsabilidade que possui de valorização e de incentivo à leitura, também carrega a missão de disseminar um tema atual e necessário: a diversidade.

   Num mundo marcado por várias cores e tons somos todos intimados a partilhar de uma nova era, e observem que não estou usando uma linguagem figurada. Não me refiro à chegada de discos voadores, nem ao apocalipse bíblico e tão pouco a uma conjunção astrológica que nos guiará a um novo tempo. Falo de uma nova era que será conquistada por nós, por nossos filhos e netos, dia após dia, anos após ano e que estará intimamente ligada com a educação, com o estímulo da cultura e com o exercício da tolerância ao que nos é diferente.

   Já se foi o tempo em que dizíamos que somos todos iguais. Não, não somos todos iguais. Embora sejamos semelhantes em traços, formas e constituições, uma vez que pertencemos a uma mesma espécie, cada um de nós é um universo à parte. Diferimos nas cores das nossas peles, nas maneiras de nos comunicarmos e de nos locomovermos, nas nossas formas de amar, nas nossas crenças ideológicas e religiosas. Diferimos nos nossos gostos, nos nossos sonhos, nos nossos olhares e prazeres. Somos todos diferentes e não há nada de mau ou de errado nisso.

   Não tenho dúvidas de que a praça repleta de livros, a partir de hoje, abraçará a todos sem distinções de cor, gênero, situação social, condição física, sensorial ou intelectual, orientação sexual, credo, ideologia política ou qualquer outra que eu não tenha citado.

   O tema da 28ª Feira do Livro de Dois Irmãos, “Diversidade: diferentes olhares para o mundo” além de extremamente propício, é de grande relevância, uma vez que casa a liberdade e o encanto da literatura com a pluralidade que estes novos tempos reivindicam. A leitura – sem sombra de dúvida – constitui-se numa fundamental ferramenta na construção de um mundo onde o respeito e a tolerância ao próximo estejam acima de quaisquer diferenças.

   Desde que recebi o convite para ser o patrono da feira experimentei um misto de sensações que variou do medo de tão grande responsabilidade, até a honra de poder hoje estar aqui, celebrando esta festa literária que se inicia. Entendo que ser escolhido patrono de uma feira do livro é uma honra que nem todo escritor terá a oportunidade de desfrutar, e, mais do que isso, é a certificação e reconhecimento de um trabalho. Tenho a convicção de que este chamado me foi feito não apenas por eu ser um escritor que fala sobre inclusão, mas também, por conta da minha trajetória profissional que sempre esteve intimamente ligada com a diversidade. Sendo assim, só tenho a agradecer de coração a este convite e dizer que farei o melhor possível para que tenhamos uma feira não apenas literária, mas também voltada verdadeiramente à pluralidade.

   Literatura e diversidade. Não tenho dúvidas de que será um casamento perfeito.

   Sejam todos bem-vindos à 28ª Feira do Livro de Dois Irmãos!

Cristiano Refosco


Nenhum comentário:

Postar um comentário