sexta-feira, 15 de abril de 2016

CASAL TEM INTÉRPRETE DE LIBRAS EM CASAMENTO E SURPREENDE CONVIDADOS SURDOS



   
    Um casal de deficientes auditivos deu uma lição de inclusão no dia do próprio casamento em Jaú (SP). Além do padre, os noivos Amanda Amadeu de Souza de 21 anos e Rafael Romin da Silva de 27 anos, contaram com a presença de intérpretes da língua de sinais. A intenção foi para que todos – absolutamente todos – os convidados pudessem acompanhar a cerimônia.
 
    Além dos noivos, sete casais de padrinhos são surdos e três interpretes ajudaram na cerimônia para que a comunicação fosse perfeita entre todos. O casal nasceu com uma deficiência auditiva e se conheceu há pouco mais de oito anos em uma festa para surdos na cidade.
 
    Amanda fez implante coclear aos 3 anos e Rafael, que é filho de surdos, usa aparelho auditivo. Os dois aprenderam a falar e apesar da dificuldade conseguem se comunicar muito bem. “A nossa dificuldade é aprender falar português e escrever, porque a língua de sinais é diferente e também não ouço a conversa para escrever certo”, explica Amanda. O casal domina a linguagem de sinais e Amanda ainda ensina libras para pessoas sem deficiência auditiva na Associação de Surdos de Jaú (ASJA).
 
 

Intérpretes

    Eles decidiram se casar e segundo a noiva, não houve empecilhos. Eles tiveram três intérpretes durante a cerimônia, um para os padrinhos, um para convidados e outro para os noivos. “Precisei que os intérpretes ficassem em alguns lugares para os surdos verem, para eles entenderem o que o padre fala. Ainda bem que o padre aceitou trocar palavras difíceis por sinais”, conta Amanda.
 
    O casal ainda quebrou outras barreiras e decidiu falar os seus votos. “Foi do meu jeito, com os sinais para os surdos entenderem.” Para Miriam Suzi Amadeu Souza , a mãe da noiva, a realização desse sonho foi trabalhosa, mas serviu para mostrar que nada é impossível.
 
    “Muitos se juntam porque acham muita dificuldade. É trabalhoso, mas dá para fazer. Tem coisa que ela não consegue se fazer entender e a gente ajuda. É uma batalha. Com um filho especial a gente sonha um monte de coisa e realizar algumas delas é uma emoção é muito grande”, comemora Miriam.
 
    Através da irmã, Tatiane Romin, Rafael contou estava muito nervoso, mas que tinha certeza que será muito feliz com a esposa. “Ele ama muito ela. Sabe que vai ter que ter muita responsabilidade, fidelidade, amá-la, cuidar dela, trabalhar e futuramente filhos”, afirma Tatiana.
 
 

Exemplo

    O padre Celso Luiz Buscariolo da igreja Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio, que realizou o casamento, diz que a celebração é a mesma e que o que muda é apenas a presença dos interpretes.
 
    Ele também afirma que será um exemplo para outros deficientes que não se casam por receio das dificuldades. “Procurar ser bem natural e evitar constrangimentos. Muitos ficam tímidos com casamentos assim e vendo que alguém já quebrou essa barreira, facilita que outros criem coragem. Eles dão exemplo para os outros de superação e nos ensinam a tratá-los igualmente. Há dificuldade, mas atualmente há mais facilidades pelo envolvimento da comunidade”, comenta.
 
* Com informações da TV TEM.

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