segunda-feira, 13 de agosto de 2012

HITLER DENUNCIADO POR EXTERMÍNIO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

     
      No dia 3 de agosto de 1941, um domingo, algumas semanas após Alemanha e União Soviética entrarem em guerra, o bispo de Münster, na Renânia, denunciou publicamente o assassinato de deficientes físicos e intelectuais pelos nazistas.
      O monsenhor Clemens-August von Galen, de 68 anos, exclamava: “É uma doutrina tenebrosa aquela que busca justificar a morte de inocentes, que autoriza o extermínio daqueles que não são mais capazes de trabalhar, dos enfermos, daqueles que soçobraram na senilidade… Será que temos o direito de viver só enquanto pudermos ser produtivos?”.
      No começo do século XX, parecia legítimo que os seres humanos mais frágeis desaparecessem e abrissem espaço a seres mais bem preparados para sobreviver, em nome da seleção natural. É desse modo que são editadas em determinados Estados leis que permitiam esterilizar pessoas dadas como fracas de espírito ou deficientes.
      Em 14 de julho de 1933, Hitler, por sua vez, publicou uma lei sobre a esterilização dos deficientes intelectuais. Protesto houve somente do clero. Um decreto datado de 1º de setembro de 1939, exatamente no dia da deflagração da Segunda Guerra Mundial, prescrevia não mais somente esterilizar mas também levar à morte os deficientes, os marginais e os que apresentavam tendência permanente para a depressão. O pretexto era de liberar os leitos hospitalares para os futuros feridos de guerra.
      Hitler confiou toda a operação a Karl Brandt, seu médico pessoal, e a Philip Bouhler, médico-chefe da chancelaria. Eles se instalaram sob o nome de codificado “Aktion T4”. Os funcionários do T4 experimentaram diferentes meios de extermínio, começando com o veneno e depois descobrindo o gás. Num primeiro momento, encerraram suas vítimas num local fechado e injetaram o gás do escapamento de um caminhão.
      Muito rapidamente, os procedimentos foram aperfeiçoados. Em janeiro de 1940, uma quinzena desses infelizes foram conduzidos para uma falsa ducha de chuveiro e asfixiados com o monóxido de carbono. Os cadáveres foram em seguida incinerados e seus familiares  avisados por carta da morte acidental do parente e convidados a recuperar as cinzas. Era uma antecipação das câmaras de gás de Auschwitz.
      Em torno de 70 a 100 mil deficientes seriam dessa maneira assassinados em menos de dois anos. A inquietação foi crescendo. Até dentro do próprio exército cresceu a preocupação quanto ao destino dos feridos de guerra. Pastores protestantes começaram a reagir.
      O papa Pio XII interveio na questão em 15 de dezembro de 1940, condenando firmemente a eutanásia. Por fim, em 9 de março de 1941, o bispo católico de Berlim, von Preysing, denunciou “mortes batizadas de eutanásia”. Joseph Goebbels, chefe da propaganda, convenceu Hitler de não determinar a execução do bispo para evitar um conflito aberto com os cristãos de Münster. Finalmente, três semanas após o golpe de efeito do monsenhor von Galen, em 24 de agosto de 1941, Hitler decidiu suspender a “Aktion T4”.
      Os mais de cem funcionários do T4, contudo, não ficaram sem funções. Algumas semanas mais tarde, Heinrich Himmler, ministro do Interior e chefe supremo da SS, usou de sua expertise para pôr de pé o plano de eliminação física dos judeus.

FONTE: http://operamundi.uol.com.br/

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