terça-feira, 6 de dezembro de 2011

GRANDES MOMENTOS DA TV - QUE REI SOU EU?

     
     

      QUE REI SOU EU?” novela de Cassiano Gabus Mendes, estreou em 13 de fevereiro de 1989, na Rede Globo às 19h, ficando no ar até 16 de setembro de 1989 em 185 capítulos.
      Com um texto, elenco, direção e produção de peso, a novela garantiu sucesso estrondoso e agradou a gregos e troianos, transformando-se numa novela que ficou registrada na mente de todos e uma das mais pedidas, até hoje, como reprise na sessão “Vale a pena ver de novo”.

      A novela era uma paródia da situação política do Brasil em pleno final da década de 1980 e início de 1990. Situada no reino imaginário de Avilan, na Europa da época da Revolução Francesa, o folhetim inovador atingiu um grande sucesso de público misturando humor, ação do tipo capa-e-espada. Um fenômeno de audiência que registrou média geral de 61 pontos no horário.

      Que Rei Sou Eu? marcou época ao misturar ficção e realidade. Diante do momento histórico que vivíamos, aguardando a primeira eleição para presidente.
      Que rei sou eu? foi uma novela muito feliz. Um projeto que nasceu dois ou três anos antes de sua realização. Eles ficaram na dúvida se teria ou não merchandising na novela, por ser uma trama de época, e, por isso, o projeto foi adiado. E isso deixa claro que não havia nenhuma intenção do autor em relacionar os personagens ou a história com a realidade política do país naquele momento de eleição. Não houve nenhuma intenção. Fizeram a novela sem nenhuma visão política, porém com fortes críticas sociais. A novela vivia muito em cima disso e se tornou divertida. Na época, o governo lançou o selo pedágio que todos tinham que colar no vidro do carro e, na novela, todos tinham que colar um selo no focinho do cavalo para entrar e sair do castelo. Era uma piada, uma crítica. Mas, claramente, para todos que faziam a novela, não houve nenhum interesse ou tendência para este ou aquele candidato da época.


Rainha Valentine e Ravengar
      O ano é 1786, três anos antes da Revolução Francesa. Após a morte do rei Petrus II(Gianfrancesco Guarnieri), o trono do reino de Avilan é assumido pela rainha Valentine(Tereza Racquel), uma histérica que não estava preparada para o governo. No entanto, em seu testamento, o falecido rei revela haver deixado um filho bastardo, que teve com a camponesa Maria Fromet, e seria o herdeiro do trono.

      A rainha Valentine é dominada pelos conselheiros reais: Vanolli Berval(Jorge Dória), Gerárd Laugier(Laerte Morrone), Gaston Marny(Oswaldo Loureiro), Bidet Lambret(John Hebert) e Crespy Aubriet(Carlos Augusto Strazzer) que com seu jogo de cintura comandam completamente a rainha.
      O único conselheiro honesto de Avilan é Bergeron Bouchet(Daniel Filho), que sofre com o assédio de Valentine. Ele é casado com a bela Madeleine(Marieta Severo), a única mulher do reino que sabe escrever, e tem ideais feministas.
      Madeleine é objeto do desejo de Ravengar(Antonio Abujamra), o bruxo da corte.

Stenio Garcia como Corcoran


      Na ausência do sucessor do trono, os conselheiros reais também coroam o mendigo Pichot(Tato Gabus) rei, como se fosse o verdadeiro filho de Petrus II.
      A armação é obra do misterioso Ravengar, o feiticeiro. Porém, há uma conspiração entre a classe pobre de Avilan, que busca derrubar o governo para instituir uma sociedade menos opressiva, já que o reino é corroído pela corrupção de seus governantes e injustiças sociais.
      Dentre eles está Loulou Lion(ítala Nandi), a dona de uma taberna que sabe a verdade sobre o filho do rei; e Corcoran(Stenio Garcia), o bobo da corte, que é um rebelde infiltrado no palácio.
      Mas o líder da revolução é Jean Pierre(Edson Celulari), que, ao descobrir que é o filho bastardo do rei, passa a lutar pela coroa que lhe pertence. Todavia, não só de heroísmo sobrevive Jean Piérre.

      Sua luta é entremeada por duas mulheres apaixonadas: a jovem Aline (Giulia Gam), que trabalha no palácio e Suzanne(Natalia do Vale), a bela esposa do conselheiro Vanolli Berval, que disputam o seu amor. O  príncipe verdadeiro era o revolucionário Jean Pierre, vivido por Edson Celulari. Quando descobre sua real condição, ele inicia uma batalha contra o mago inescrupuloso Ravengar (Antonio Abujamra), responsável pela tramóia, para tomar o lugar a que tinha direito no palácio.
      Tal qual a história dos Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas, Jean-Pierre, ao melhor estilo D'Artagnan, também contava com um trio de amigos inseparáveis para alcançar seus objetivos. Eram eles Paulo César Grande, o Bertrand, Marcos Breda, o Pimpim, e Stênio Garcia, que espionava o castelo fingindo ser o bobo-da-corte Corcoran.
      Os justiceiros e guerreiros viveram grandes aventuras para defender seu povo e ajudarem Jean Pierre a conquistar o reinado para a alegria de todos.

 

      A novela termina com final feliz e o reino de Avilan finalmente é conquistado pelo verdadeiro Principe Jean Piérre (Edson Celulari) que se casa com sua amada Aline (Giulia Gam).
      Numa das ultimas cenas da novela, Jean Piere exclama com fervor, como num grito excitante diante do povo de Avilan: “Quero que gritem comigo: viva ao Brasil!” Foi a primeira vez que o nome do reino fictício foi substituído pelo do Brasil.
      Que Rei Sou Eu? Foi idealizada em 1977 por Cassiano Gabus Mendes, mas a novela não foi aprovada porque Boni achou que a história não era adequada a conjuntura política da época e queria que o autor escrevesse uma trama para o horário nobre, que acabou não acontecendo. Em 1987, dez anos depois, Cassiano viria novamente com a idéia de produzir uma comédia romântica de capa e espada, inovando na linguagem da teledramaturgia brasileira, que finalmente acabou sendo aprovada e produzida em 1989.
      Embora fosse uma história de época, Que Rei Sou Eu? inseriu várias novidades na teledramaturgia, a começar pela linguagem, que era contemporânea. Mas a grande inovação deu-se nos bastidores. Foi a primeira novela a utilizar o terreno do Projac, que ainda não era o complexo de estúdios que a Globo utiliza hoje.

      Que Rei Sou Eu? era uma paródia do Brasil - com direito a corrupção, instabilidade financeira, sucessivos planos econômicos e uma moeda desvalorizada, que só mudava de nome. O autor se aproveitou da abertura política para ironizar até as manchetes de jornal.

      Da compra ilegal de bicicletas com dinheiro público ao escândalo do leite contaminado, tudo que acontecia no Brasil acontecia também no reino de Avilan. A ousadia agradou e a novela logo virou sucesso de audiência.
      A  euforia da eleição de 1989, quando o presidente da república iria ser eleito por votação direta, após 30 anos, também serviu de inspiração. "Que Rei Sou Eu?" refletia esse momento histórico e político como uma sátira inteligente. Não faltaram críticas a novela sobre este assunto. Houve quem visse no herói da história uma campanha velada da Globo por Fernando Collor de Mello, então candidato à presidência da República. Afinal, o "caçador de marajás" também vendia a imagem de jovem líder político e inimigo da corrupção, como Jean Pierre. Segundo o diretor Daniel Filho, porém, a sinopse de Que Rei Sou Eu? já havia sido proposta por Cassiano em 1977. "Mas achamos absolutamente fora de propósito na ocasião", chegou a justificar.
      A morte do rei Petrus II representou a morte de Tancredo Neves, primeiro presidente civil brasileiro após o fim da ditadura militar. A rainha Valentine representou o governo José Sarney, que implementou entre outras medidas, o plano Cruzado, um pacote econômico que incluía um congelamento de preços e uma mudança na moeda no país. Em Avilan, a nova moeda se chamou "Duca", que seria o equivalente ao cruzado. E implicitamente, o personagem Ravengar seria uma paródia de Rasputin (The Mad Monk) ou "o monge do mal", personagem da Rússia pré-comunista.


 

os Conselheiros de Avilan


      Chico Anysio chegou a gravar uma participação especial em Que Rei Sou Eu? como o especulador estrangeiro Taj Nahal, que aplicaria um golpe na bolsa e no mercado de Val Estrite do Reino de Avilan. A situação foi inspirada no caso Naji Nahas, o investidor paulista que, na época, protagonizava um escândalo financeiro no país e respondia a um inquérito por estelionato e formação artificial de preços na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Ao saber da criação de Taj Nahal, o advogado de Naji Nahas entrou com um protesto judicial contra a TV Globo, afirmando que o personagem fazia um pré-julgamento de um cidadão que ainda não havia sido sentenciado pela Justiça, e que seu cliente exigiria direito de resposta no mesmo programa, caso a novela fizesse alguma referência satírica aos últimos acontecimentos. Diante disso, a emissora decidiu não exibir a cena.

Coroação de Petrus III

      'Meu pai aproveitou o momento de liberdade de expressão para inserir nos diálogos todas as críticas que queria', conta Tato Gabus Mendes. Ele interpretava o mendigo Pichot, levado ao trono como se fosse o filho bastardo do Rei Petrus II, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri. O rei morreu deixando uma carta na qual contava um caso extraconjugal.
      Em determinado momento de Que Rei Sou Eu?, o personagem de Edson Celulari é obrigado a usar uma máscara de ferro, como a usada pelo rei da França em “O Homem da Máscara de Ferro”, livro de Alexandre Dumas.

      Dercy Gonçalves fez uma inesquecivel e hiláriante participação em seis capitulos, como a Baronesa Lenilda Eknésia, mãe da Rainha Valentini.






      No terreno da Rede Globo, muito antes de virar o PROJAC , foi construído a cidade cenográfica da novela. 'Foi a primeira cidade cenográfica montada lá. Era como um acampamento, sem muita infra-estrutura. Pelo menos matagais para as batalhas não faltavam', recorda Giulia Gam. A cidade fictícia de Avilan foi construída na Estrada dos Bandeirantes, em Jacarepaguá. A equipe de cenografia realizou uma pesquisa cuidadosa sobre as técnicas de arquitetura e construção medievais na região francesa da Normandia.
Ravengar


      A cidade cenográfica tinha 2.200m2 de área construída e abrangia o palácio de Avilan e a vila, com 14 casas. A maior atração do cenário era, sem dúvida, o castelo, com 30m de frente e uma torre de 26m de altura. A equipe inovou no material utilizado, o que facilitou a construção da cidade: uma estrutura de ferro leve. A parte interna do castelo de Avilan contava, entre outras coisas, com a sala do trono, de 500m², e duas fontes que jorravam água, projeto do arquiteto Luiz Antonio Caligiuri.

      “Que Rei Sou Eu?” teve como títulos provisórios: “O Reino de Avilan” e “Ravengar”. A novela é considerada o melhor trabalho de Cassiano Gabus Mendes e uma das melhores novelas já produzidas para o horário das sete. Edson Celulari fez brilhantemente o corajoso, másculo, atraente e sedutor Jean Pierre, mais um grande papel de destaque na novela, lembrado até hoje.
      Que Rei Sou Eu? foi reapresentada na Sessão Aventura apenas um mês e uma semana após seu término, entre 23 de outubro e 29 de dezembro de 1989, em um compacto de 50 capítulos, as 17h00, com o início do horário de verão.


Fonte: http://www.mundonovelas.com.br

Um comentário:

  1. Agradecemos aos administradores do blog Centauro Alado, por informar a fonte da matéria sobre a novela”Que Rei Sou Eu?”.
    Aproveitamos para parabenizar o conteúdo em geral, do Centauro Alado.

    Atenciosamente:
    EQUIPE MUNDO NOVELAS

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