quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

FÉRIAS COM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA (PARTE 1)

     
      Lazer é direito constitucional. O turismo é uma das melhores formas de diversão também para a criança com deficiência, embora ela não possa contar com um serviço especializado no Brasil. “O país ainda está engatinhando nesse setor. O que temos são alguns profissionais com boa vontade, que tentam buscar os melhores locais para o cliente com deficiência. É preciso que tenham quartos adaptados, portas largas, locais com rampas, calçamentos lisos, elevadores e outros serviços”, diz Roberto Belleza, consultor na área de viagens e turismo adaptado, que é tetraplégico há sete anos. “As melhores condições de acesso, transporte e atendimento estão nos Estados Unidos e nas principais capitais européias, mas os resorts nordestinos já caminham nessa direção, com construções mais acessíveis”, diz o consultor.
      Se a família pode pagar, Belleza lembra que os cruzeiros marítimos, feitos por modernos transatlânticos, são ótima opção para pessoas com deficiência motora e sensorial. “Esses navios oferecem todas as condições. Os pais só precisam elencar as dificuldades do dia-a-dia com a criança para checar as facilidades que podem encontrar na viagem. E não devem pagar mais por esse serviço. Lazer é direito de todos”, alerta Belleza.


Programa dos sonhos

      Letícia Paula Silveira já foi guia turística, profissão que facilitou o lazer para a filha Pricila, 11 anos, que tem Síndrome de Down. “Nós já fomos à Disney seis vezes. É sem dúvida o programa dos sonhos de qualquer criança, mas é um lugar especial pelo cuidado que têm com o deficiente. A diversão é garantida.” A menina também conhece o Hopi Hari, no interior de São Paulo, e o Beto Carrero World, em Santa Catarina. “As viagens aumentaram muito a auto-estima de Pricila. Ela se sente participante do mundo como qualquer outra pessoa. Até quis aprender inglês”, conta Letícia.
      Ana Elizabeth Noll viaja freqüentemente com o filho Denis,que tem paralisia cerebral, desde os 3 anos. “Já fizemos muitos passeios pelo Nordeste brasileiro e também no exterior”, conta. Por causa dessas experiências — o garoto está com 18 anos –, ela virou especialista nas falhas e eficiências do turismo para a criança com deficiência. Em 2001, foi chamada para participar da atualização do Manual de Recepção e Acessibilidade da Embratur, destinado à indústria turística. Seu conselho aos pais de deficientes: “Não esperem por um turismo adaptado. Viajar com a criança especial provoca as mudanças”.

Roteiro simples
      Quando as finanças da família não permitem ir longe, pequenos passeios podem alegrar a criança do mesmo jeito. Tábata, 7 anos, não enxerga, mas anda a cavalo em chácaras, nada na piscina de clubes e visita animais no zoológico. “Com 1 ano e meio, quando ela começou a andar, é que me dei conta do lazer. Não sabia onde poderia levá-la. Descobrimos aos poucos”, conta a mãe, Neide Rodrigues. Nestas férias, a família pretende percorrer de carro o litoral carioca. O próximo projeto é deixar Tábata ir a um acampamento. “A convivência com pessoas desconhecidas será um estímulo para sua independência. Ela poderá se sentir querida pelos outros”, acredita Neide.

CONTINUA

Fonte: Revista Crescer

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