terça-feira, 23 de agosto de 2016

O DESTINO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA ROMA ANTIGA



    Crianças malformadas, ou consideradas como anormais e monstruosas, eram, com freqüência cada vez maior, expostas em cestinhas enfeitadas com flores nas margens mais distantes do rio Tibre.


    O que podia acontecer com elas? Os escravos e as famílias plebéias mais pobres, que muitas vezes viviam de esmolas, apossavam-se dessas crianças, criando-as para mais tarde explorarem o compadecido e por vezes culpado coração romano, obtendo esmolas volumosas.


    Há uma interessante e quase desconhecida obra do pai do filósofo Sêneca, ou seja, de Sêneca, o "Mestre da Retórica", intitulada "Controvérsias" que, em seu capítulo IV ("Sobre os Mendigos Aleijados") discute detalhadamente esse assunto, falando inclusive sobre a verdadeira chantagem que era feita por meio de crianças mendigas com marcantes lesões, que batiam às portas de famílias patrícias e cujos membros muitas vezes imaginavam que aquela criança ou algum outro jovem que pedia esmolas poderia ser um filho ou parente exposto anos antes nas margens do rio Tibre.


    Além de esmolar nas ruas, praças e portas dos templos da cidade, o destino das pessoas com deficiência mais severa podia ser bem mais acabrunhador. Muitos homens cegos eram usados como remadores nas travessias do rio Tibre. Adolescentes cegas eram colocadas em prostíbulos. Segundo o historiador Durant, "existia em Roma um mercado especial para compra e venda de homens sem pernas ou sem braços, de três olhos, gigantes, anões e hermafroiditas" ("História da Civilização", de Will Durant).



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