Por Ana Lucia Santana
Nesta trama pungente e singela, o italiano Giuseppe Tornatore
realiza uma das mais belas declarações de amor ao cinema. O
protagonista desta história, já imortalizada na história deste gênero
artístico-cultural, é de certa forma um alterego do cineasta, que se
identifica profundamente com seu personagem Salvatore di Vita, renomado
diretor de cinema que reside em Roma, quando é então surpreendido com a
notícia da morte de Alfredo.
Imediatamente o artista se recorda de seu amigo, responsável pelo Cinema Paradiso,
refúgio do garoto então conhecido como Totó. Para lá ele escapava
sempre que era possível, e neste templo da criação ele foi iniciado pelo
projecionista Alfredo, em meados da década de 40, na paixão e nas
técnicas da arte cinematográfica.
Mas não é apenas Totó que é introduzido neste universo fascinante. É
fácil para qualquer amante do cinema se identificar com as cenas que
Tornatore seleciona em seu filme, tesouros que povoam as telas do Cinema
Paradiso e encantam, seduzem, embriagam não só o menino fascinado com
as imagens que se sucedem, mas também o público, que também tem ou está
formando sua própria memória cinematográfica.
É com extrema habilidade e apurada emotividade que o diretor retrata a
passagem do menino da infância triste, povoada pela morte do pai na
guerra, para o universo adulto, através do cinema. É de forma poética
que ocorre este amadurecimento do protagonista, que tem sua
sensibilidade e seu olhar educados pelas imagens.
Depois que o jovem sofre uma profunda desilusão amorosa em seu
relacionamento com Elena, filha do banqueiro de sua cidade, Salvatore se
muda para Roma. Somente após a morte de Alfredo, trinta anos depois,
ele retorna para sua inesquecível terra natal, Giancaldo.
CONTINUA...
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