O vendedor autônomo Ralf Amorim Amstrong, de 29 anos, deficiente auditivo desde os 4 meses de vida, se tornou um paciente especial para uma equipe médica do Hospital São Julião, em Campo Grande. Desde que chegou ao local, há quase um mês, a comunicação entre ele e os médicos se tornou um desafio para as duas partes. O primeiro objetivo era saber o histórico do paciente.
A equipe médica se desdobrou para tentar se comunicar com Ralf, que além de deficiente auditivo também estava com a visão prejudicada e gestos também comprometidos, por conta da diminuição motora nas mãos provocada pelo diabetes. Do outro lado, o paciente tentava se expressar, mesmo diante das limitações.
A dificuldade de comunicação era tanta que os médicos não tinham conhecimento nem do histórico de saúde do paciente. O que poderia ser um problema acabou virando motivação para a equipe buscar conhecimento na Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Equipe do hospital usou livro de Libras e aplicativo de celular para comunicação |
A ajuda veio da internet, onde os médicos descobriram um aplicativo de celular e livros de Libras para área da saúde. Para os profissionais, um desafio diferente, inédito para a maioria. Para a família do Ralf, um esforço que demonstrou boa vontade em fazer a diferença na reabilitação do paciente.
“Vi nos médicos essa dedicação de fazer o melhor para atender cada paciente de uma forma mais humanizada, principalmente meu irmão. Eu já sabia da fama do hospital de ter um atendimento diferenciado", disse o músico Alexsandro Oliveira Amorim, 36 anos, irmão de Ralf.
Alternativas
Um dos médicos que atendeu Ralf, Fábio Sartori disse ao G1 que, no primeiro momento, não sabia como lidar com o paciente. "Quando vi pensei: e agora? Como vou falar com esse cara? Minha mãe, que é psicóloga, trabalhou com deficiente auditivo na educação, então me ensinou algumas coisas de Libras quando eu era guri, mas nunca aprendi o suficiente para estabelecer uma conversa e desaprendi porque não usei", explicou Fábio.
Também médica da equipe, a doutora Isabella Diniz Melo Falkine, diz que na faculdade eles não tinham opções de curso de Libras para área da saúde. O aplicativo de celular, que traduz palavras e frases, faladas ou escritas em gestos de Libras, se tornou uma das ferramentas usadas pelos profissionais.
A outra opção é a ajuda do irmão de Ralf, que vai quase todos os dias ao hospital. Mesmo sem saber a linguagem de sinais, Alex diz que consegue se comunicar com o irmão por gestos improvisados, por isso ajuda os médicos na comunicação básica.
FONTE: G1, Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)
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