Uma medida extrema foi tomada por moradores do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, com intenção de garantir a segurança do morador da comunidade Eduardo de Souza Silva, de 21 anos. Na noite de quarta-feira (22), o jovem recebeu um crachá que o identifica pelo nome e também expõe sua condição de pessoa com autismo. A intenção com a iniciativa foi evitar que se repita uma situação vivida pelo rapaz na manhã desta terça-feira.
De acordo com denúncia de moradores da localidade conhecida como Grota, Dudu, como é conhecido, foi abordado por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Assustado, ele correu da abordagem e por pouco não teria sido atingido por disparos. Ainda de acordo com moradores e parentes, esta não foi a primeira vez em que o jovem foi alvo de abordagem dos policiais.
Segundo o produtor cultural Helcimar Lopes, que teve a ideia de fazer a identificação por um crachá, em outras situações, o menino teve que ser socorrido durante abordagem policial. “Só que desta vez foi mais grave, porque o policial engatilhou a arma para atirar nele, já que o Dudu não atendeu ao chamado para parar”. Ele conta que o pior só não aconteceu porque uma senhora gritou e pediu para o PM não atirar “explicando que ele é especial, autista”.
A partir do fato, Helcimar Lopes teve a ideia de fazer o crachá para evitar novas abordagens ao menino. Antes disso, no entanto, a história ganhou as redes sociais numa velocidade que chamou atenção. Foram mais de 1.300 curtidas na foto do menino postada pelo produtor cultural e mais de 700 compartilhamentos, só na terça e quarta-feira. No post, a história da abordagem era denunciada como forma de alerta à própria comunidade. “Fiz a postagem depois que uma amiga me pediu. O Dudu é negro, mora em favela, que dizer, polícia não quer saber, sai mandando tiro”.
Um parente do garoto, que preferiu não se identificar, disse que por várias vezes Dudu foi abordado pela polícia. Com medo, não costuma atender ao apelo dos policiais. “Eu fiquei surpresa quando eu soube do que aconteceu. Ele podia ter morrido. Tá todo mundo com medo, porque todo dia morre alguém”, afirmou.
Em nota, o comando da UPP informou que “não recebeu nenhuma denúncia relacionada a abordagens ao jovem e nem de que policiais teriam ameaçado atirar contra ele. O comandante da UPP esclarece que os policiais não conhecem todos os moradores do complexo de favelas em questão e que abordagens são atitudes necessárias no processo de pacificação pela qual passa a região”.
FONTE: TERRA
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