sexta-feira, 28 de novembro de 2014

CINEMA EM TIRAS - BEN-HUR - PARTE 4


   A corrida de bigas é o ponto alto do filme, não apenas pela emoção que impõe, como pelas resoluções que surgirão a partir dela e seu resultado. Não por acaso, é uma cena sempre lembrada e já, de certa forma, imitada em filmes como Star Wars - Episódio 1. Ben-Hur até hoje é um dos recordistas de premiações, tendo faturado 11 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor. 

   A cena da corrida de bigas já começa focando o protagonista e o antagonista. Interessante observação à encenação, com Messala todo paramentado, com capacete e roupa fina, e um chicote na mão. Enquanto que Ben-Hur está com sua roupa de escravo, sem nenhuma proteção e sem um chicote, seu único recurso para comandar os cavalos é a própria rédea. O que o torna ainda mais bem visto, já que nem sequer maltrata os animais. O gesto de Messala chicoteando o coloca em uma visão ainda mais cruel. 


    William Wyler utiliza muito bem o espaço cênico, intercalando planos gerais da arena, com planos próximos dos dois personagens e muitos planos-detalhes que dão a verdadeira emoção da corrida. Vemos o detalhe do rosto de um homem que perde o controle e tem sua biga destruída. Ou o detalhe da roda da biga de Messala que possui uma aparelhagem que trapaceia destruindo as rodas dos adversários.  

   A poeira levantada e as patas dos cavalos dão o ritmo da emoção. Principalmente porque não é utilizada música na cena e sim os sons da cavalgada, os gritos da multidão e o grito de esforço dos próprios competidores.
    A cena em que um competidor de verde é derrubado por Messala e, apesar de tentar se desvencilhar, acaba atropelado por uma biga é impressionante. Traz ainda mais emoção à cena, que está recheada de acidentes e reviravoltas. E é interessante ver o cuidado da direção em mostrar, na próxima volta, o corpo sendo retirado de maca da pista. Curioso que logo depois temos a primeira tentativa de Ben-Hur de ultrapassar Messala

   Ficamos tensos com a possibilidade da roda de Messala atingir Ben-Hur ao mesmo tempo em que queremos vê-lo o ultrapassando. William Wyler começa a usar a partir daqui uma câmera quase subjetiva, colocada um pouco atrás da cabeça de Ben-Hur como se nos convidasse a correr junto com o protagonista em busca da vitória. E isso torna tudo mais emocionante, de fato.
    Quando faltam poucas voltas, Ben-Hur e Messala estão praticamente emparelhados, mas as rodas não se tocam, criando apenas a expectativa da resolução. E, claro, as dificuldades continuam, como os restos da biga de um dos competidores vítima de Messala que faz Ben-Hur saltar e quase cair da biga.  

   A disputa continua e a roda de Messala sempre tenta pegar a de Ben-Hur, mas ele vai lutando para se desvencilhar a cada segundo. Irritado por não conseguir derrubar o adversário, Messala começa a chicotear o próprio Ben-Hur. Os dois lutam pelo chicote, enquanto o plano-detalhe vai mostrando a aproximação das rodas, naquilo que é o clímax da cena.
    Ben-Hur consegue tomar o chicote e, ao retribuir a tentativa de surra que o ex-amigo estava fazendo, acaba conseguindo derrubar Messala de sua biga. E ele vai sendo arrastado pelos próprios cavalos e pisoteado pelo corredor que vem logo atrás, em outra cena de grande impacto visual. E o detalhe é que, mesmo com o chicote nas mãos, Ben-Hur o joga fora e termina a corrida da mesma forma que começou para delírio da plateia. 


FONTE: http://www.cinepipocacult.com.br/














 CONTINUA...

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