A investigação
A ciência forense ainda engatinhava na época. Entre as limitações mais
óbvias estavam a falta de exames de DNA, impressões digitais e
fotografias das cenas dos crimes. Além dessas restrições, a investigação
convivia com suposições inusitadas para os dias atuais. Uma das
vítimas, por exemplo, teve seus olhos fotografados para que se pudesse
descobrir as últimas cenas vistas por ela - como o rosto do assassino.
Para dificultar o trabalho da polícias, as mortes ocorreram em
territórios de duas forças policiais diferentes: a City of London Police
e a Metropolitan Police. Rumbelow sugere em seu livro que o assassino
possa ter premeditado essa logística para atrapalhar os investigadores.
De acordo com a Marriott, outro fator, até então inédito, dificultou
ainda mais a condução das investigações: a imprensa. Com custo reduzido
pela produção em massa e então recentes facilidades de impressão, os
tabloides encontravam-se em ascensão na época. Cartas falsificadas
enviadas à polícia, manchetes sensacionalistas, informações deturbadas e
subornos a agentes estão entre as ações dos jornalistas naquele
período. A falsificação de fatos se tornou prática comum no decorrer
daqueles meses, a fim de aumentar a circulação e não deixar a história
morrer antes da próxima vítima do serial killer.
Depois da morte de Annie Chapman, os periódicos e a polícia começaram a
receber cartas pretensamente escritas pelo serial killer. Todas (ou
quase todas) não passaram de trote.
Mesmo assim, uma delas teve importância crucial para o caso. A missiva
que auferiu ao assassino a alcunha de Jack, o Estripador foi obra de um
jornalista, segundo investigação da Scotland Yard na época. O autor da
carta se passava pelo serial killer e fazia alusão aos crimes para
incensar as manchetes de seu jornal, segundo documentos da investigação.
Para azar da polícia, o apelido pegou.
Outra carta, esta de título From Hell (Do Inferno), é considerada uma
das mais prováveis de ter sido enviada pelo próprio criminoso. Ela
estava dentro de uma caixa que continha um rim. Supôs-se que o órgão
pertencesse à terceira vítima, que teve um rim removido pelo assassino,
mas a hipótese não foi confirmada.
Confira a tradução da carta:
Do inferno
Mr. Lusk,
Senhor
Eu envio um rim que peguei de uma mulher. O outro eu fritei e comi e estava bem gostoso. Posso lhe enviar a faca se você esperar mais um pouco.
Assinado
Prenda-me quando puder, Sr. Lusk
Mr. Lusk,
Senhor
Eu envio um rim que peguei de uma mulher. O outro eu fritei e comi e estava bem gostoso. Posso lhe enviar a faca se você esperar mais um pouco.
Assinado
Prenda-me quando puder, Sr. Lusk
Nenhum comentário:
Postar um comentário