Mesmo sendo desconhecida,
ela conseguiu deixar para trás os cinco candidatos ao governo do Rio de
Janeiro. E ao menos nas redes sociais, o eleitorado decretou: foi a
fonoaudióloga Gildete da Silva Amorim, de 38 anos, a vencedora do primeiro
embate televisivo da campanha estadual. Intérprete de Libras, a linguagem dos
sinais, ela ganhou notoriedade graças às expressões faciais — quase teatrais —
nos momentos mais acalorados das discussões entre os candidatos Lindberg Farias
(PT), Luiz Fernando Pezão (PMDB), Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella
(PRB) e Tarcísio Motta (Psol).
No cantinho direito do vídeo, Gildete não se furtou: fez cara de
má, franziu a testa, ensaiou bicos, inflou as bochechas, gesticulou. E, claro,
virou até meme na internet. Ela conta que uma das principais dificuldades foi
com relação ao tempo dos candidatos para fazer suas ponderações.
— Eles precisam passar suas mensagens em um tempo curto e estão
acostumados a responder rápido. Eu queria transmitir o que foi dito sem perder
a expressão e o sentimento da hora do debate — diz Gildete.
A fonoaudióloga faz traduções para a linguagem de sinais há 18
anos. Interessou-se pelo assunto por uma questão familiar: ela tem uma irmã
surda e queria ajudar na comunicação em casa. Ela fez um curso de dois anos
para aprender a chamada Libras, o que a capacitou para estabelecer uma
comunicação básica com deficientes auditivos e continuou estudando. Experiente,
foi a primeira vez que ela atuou em um debate político televisionado. Mas
garante que todos os sinais foram usados corretamente. Se suas expressões
pareciam carregadas, alega, era para transmitir o clima tenso, repleto de
trocas de farpas, do estúdio:
— A gente acaba incorporando a forma de cada candidato se
expressar, você vai transmitindo através dos gestos toda a entonação e o
sentimento deles. Você não pode traduzir uma missão, por exemplo, sem o ar
solene daquele evento.
Segundo dados da Flowics, ferramenta de monitoramento de redes
sociais, mais de 37 mil tuítes foram postados das 21h do dia 19 à 1h do dia 20.
Ainda surpresa com toda a repercussão, Gildete tenta entender seu protagonismo
involuntário. Para ela, além de não estar acostumado à tradução simultânea em
janelas ao vivo, o público parece cansado da já tradicional sequência de
promessas e ataques dos políticos.
FONTE: http://oglobo.globo.com/
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