Xica da Silva trouxe de volta à Rede Manchete o terceiro lugar no ranking da televisão, fazendo com que a emissora recobrasse seu prestígio depois de anos de crise.
Mais uma vez a arma utilizada foi o erotismo e a forte retratação
histórica. Para tando, a emissora investiu em torno de 6 milhões de
dólares.
Taís Araújo como Xica da Silva |
Uma cidade cenográfica foi construída em Maricá, onde foi reconstituído O
Arraial do Tijuco (MG). Várias cenas foram gravadas em Minas Gerais,
mostrando a natureza de rara beleza da região. A novela também teve
locações em Portugal - cenas dos últimos capítulos gravados no Palácio
Pombal.
Drica Moraes como Violante |
A escolha da protagonista foi um problema para o diretor Wálter
Avancini. Depois de uma rigorosa seleção por todo o país, ele descobriu
que sua Xica da Silva estava perto. Tratava-se de Taís Araújo, que
terminava as gravações de Tocaia Grande, a novela anterior, na
qual vivia a personagem Bernarda. Mesmo muito nova para o papel (a moça
tinha 17 anos, enquanto a personagem tinha por volta de 25), Taís
surpreendeu, mostrando-se talentosa.
No papel da mãe de Xica estava Zezé Motta, que viveu a Xica do cinema, no filme de Cacá Diegues, de 1976.
Com primorosa e caprichada direção de Avancini, Xica da Silva foi
uma novela empolgante, forte, sensual, realista, e não poupou em cenas
de violência explícita. São inúmeras as seqüências de assassinatos,
execuções, e até torturas. Um dos fortes momentos da novela aparece
quando Maria (Zezé Motta), mãe de Xica, é morta, tendo seus braços e
pernas amarrados a quatro cavalos que, assustados por um tiro, correm em
direções contrárias, esquartejando o corpo da negra em plena praça
pública. Além dessa, as cenas que envolviam as bruxarias de Benvinda
(Míriam Pires) e Violante (Drica Moraes) também não economizaram em
tecnologia e realismo.
As cenas de nudez ganharam destaque na trama. Adriane Galisteu foi quem
mais apareceu nessa condição. Taís Araújo, por sua vez, não tinha idade
para aparecer nua. A atriz era menor, por isso, quando ela completou 18
anos (durante a novela), Avancini comemorou. Uma semana depois de seu
aniversário e depois de mais de 50 capítulos de espera, a atriz apareceu
nua no capítulo do dia 02/12/1996. O assunto foi, inclusive, capa da
revista Manchete.
O grande mistério de Xica da Silva ocorreu em seus bastidores.
Quem era o tal Adamo Angel que escrevia a novela? A imprensa especulou
na época e até nomes da Globo foram cogitados.
Faltando um mês para o fim da trama, o suspense terminou: era Walcyr
Carrasco, contratado do SBT na época - por isso o pseudônimo. Avancini
convidou Carrasco para escrever na Manchete, mas o autor só aceitou se
continuasse no SBT e escrevesse Xica com outro nome - escondido
de Silvio Santos. Descoberto, Silvio obrigou Carrasco a escrever uma
novela para o SBT, como punição: Fascinação, em 1998.
O sobrenome Angel era um contraponto ao sobrenome do autor, Carrasco.
Vários foram os destaques do elenco. Além de Taís Araújo, revelada nessa
novela, destacou-se também Drica Moraes, ao interpretar a vilã
Violante, um papel marcante e um dos melhores da carreira da atriz.
Durante a fase final de exibição da novela, em 1997, a Manchete promoveu sorteios de prêmios para os telespectadores de Xica da Silva.
O telespectador deveria tentar adivinhar com quem o Contratador João
Fernandes (Victor Wagner) ficaria no final da novela: com Xica, com
Violante ou sozinho.
No último capítulo, há uma passagem de tempo, e Zezé Motta (a mãe de Xica, que havia morrido), retorna para viver a Xica velha. Por sua vez, Taís Araújo também reaparece, como Joana, filha de Xica.
FONTE: http://teledramaturgia.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário