Para melhorar a comunicação entre entre crianças e deficientes visuais e auditivos, a professora Sara Rufino Mazzei criou o projeto de educação inclusiva "Leitura por todos os sentidos".
Gabriela Lousada
O objetivo do projeto é ensinar braille e libras
(Língua Brasileira de Sinais) para alunos do ensino fundamental da
Escola Municipal Professora Silvia Regina Schiavon Marasca, em Itanhaém
(a 114 km de São Paulo).
Atualmente, a professora trabalha com uma sala de 1º
ano, com cerca de 30 crianças de 6 e 7 anos. Segundo a professora, o
trabalho é realizado anualmente, desde 2010, durante os meses em que o
calendário escolar está em vigor (fevereiro a novembro) e não se limita
aos alunos do 1º ano.
"Já dei aula para o 4º ano com a inserção de libras e
braille. Temos um dia na semana estabelecido para tal realização e nele
trabalhamos a comunicação dentro da sistematização da leitura, escrita,
reflexão sobre as línguas", explica.
A professora conta que utiliza as aulas de língua
portuguesa, matemática, geografia, história, ciências e artes para
adequar os conteúdos inclusos. "Eles [estudantes] aprendem a ler,
escrever e refletir utilizando também o recurso das sensações para
isso", explica.
Resultados dentro e fora da escola
Os resultados das atividades são percebidos na
unidade de ensino e em casa, quando os alunos deixam a classe e as aulas
não são uma obrigação.
"Além de estudantes [com deficiência física] em
outras classes, nós temos uma funcionária que é deficiente auditiva e os
meus alunos conversam com ela. Pedem para ir ao banheiro e tomar água
apenas usando os sinais que aprenderam", afirma Sara.
"Um pai fez um relato sobre as atitudes do filho
depois que ele começou a participar do projeto. A criança tinha medo de
conversar com um deficiente visual porque não sabia como lidar, agora
ele até ajuda", conta a professora.
Silvia de Lima Vasques, 27, percebeu mudanças no
filho Kauê, 6, aluno do projeto. "Ele me ensinou músicas que aprendeu
durante as aulas. É uma troca de experiência, uma vivência impossível de
ser relatada. Estou constantemente em fase de aprendizado com o meu
filho", diz emocionada.
Para Silvia, a educação inclusiva ajuda no
crescimento do filho: "Esses dias ele me disse na linguagem de sinais
'mamãe te amo'. Eu sei que com esse conhecimento ele vai ser um adulto
consciente, que saiba lidar com qualquer situação".
Lúcia Santos Pinto, 49, também percebeu diferenças no
cotidiano do filho de 7 anos, Conrado Vinícius. "Meu filho tem um amigo
de 22 anos que é cego. Eles se dão super bem, mas, antes desse projeto,
o Conrado não sabia o que era um deficiente visual. No começo, ele
mostrava o caderno da escola ao amigo deficiente, ele não tinha noção de
que o amigo não estava enxergando".
As atividades ajudaram a aprimorar a comunicação
entre os amigos. "Agora ele entende o que é um deficiente e até sabe
como agir. Isso é muito bom. Percebi que mesmo muito novo ele já começa a
se sensibilizar, já comenta sobre o braille em casa e tudo o que
aprendeu na escola", diz a mãe.
Prêmio
O projeto venceu, na semana passada, o Proler
(Programa Nacional de Incentivo à Leitura) da Baixada Santista, na
categoria Professor.
Sara acredita que a premiação é um reconhecimento do
trabalho realizado em sala de aula. "Isso significa que estamos no
caminho certo e as atividades promovidas com os alunos são importantes
para o futuro deles".
FONTE: REDE SACI
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