O EXORCISTA 2 - O HEREGE
O Demônio está de volta à Rua Prospect, número 8, em Georgetown. Pelo menos essa era a intenção dos realizadores do terrível – no mau sentido – Exorcista 2: O Herege, lançado quatro anos após o clássico absoluto de William Friedkin.
O original assume facilmente o topo de qualquer lista dos melhores
filmes de terror de todos os tempos, mesmo que muitos questionem a sua
narrativa lenta e esqueçam a ousadia do romance de William Peter Blatty,
algo jamais previsto para a época de seu lançamento. Também não
imaginavam que aquela produção de quase 10 milhões de dólares um dia
alcançaria a marca de 200 milhões, arrastando multidões aos cinemas a
cada nova reestreia ou versão lançada.
É provável que isso estivesse longe da imaginação de John Boorman, quando ele foi chamado para dirigir o original, depois do trabalho desenvolvido em Amargo Pesadelo,
de 72, e recusou, acreditando que o filme era altamente repulsivo. No
entanto, o cineasta, que recuperaria a confiança em 1981 ao comandar o
clássico Excalibur, não pensou duas vezes à oferta de assumir a sequência: Todo
filme tem que encontrar uma conexão com sua audiência. Aqui eu vi a
chance de fazer um filme extremamente ambicioso sem ter que perder tempo
desenvolvendo essa conexão. Pois o problema estaria exatamente
nessa conexão, já que era inevitável a comparação com o original, e o
público esperava exatamente isso.
Não havia a necessidade de repetir a fórmula do primeiro filme,
colocando a menina novamente presa a uma cama, vomitando gosmas verdes e
dizendo obcenidades. E nem se quisessem fazer a mesma coisa não seria
possível. Linda Blair aceitou reprisar o papel desde
que não precisasse usar novamente a pesada maquiagem – na continuação,
as poucas cenas de possessão foram interpretadas por uma dublê -; Ellen Burstyn se recusou a assumir novamente Chris MacNeil, mesmo tendo sido nomeada ao Oscar de Atriz Coadjuvante; e Max von Sydow foi relutante para voltar a encarnar o Padre Merrin pois o original havia sido um sucesso na mesma proporção que surtiu um impacto negativo em sua carreira.
Com um orçamento inicial de 12 milhões – chegando à casa dos 14 até a pós-produção -, Exorcista 2
começou a ser filmado em maio de 76. Os problemas não ficaram apenas na
escalação do elenco, mas nas intenções contrariadas dos realizadores.
Boorman queria que o filme tivesse locações na Etiópia e no Vaticano,
conseguindo apenas locais de filmagem já previstos pela Warner. A casa
original da família MacNeil também não pôde ser utilizada, obrigando o
estúdio a construir uma falsa; assim como a famosa escadaria Exorcista, de Georgetown, foi impedida pelo prefeito para evitar transtornos à região. Boorman não gostou do roteiro de William Goodhart,
mas ele já havia sido reescrito cinco vezes, conforme a própria Blair
disse em entrevista, confirmando que o texto que ela leu era diferente
do que foi filmado.
No enredo, depois de falhar no exorcismo de uma garota sul-americana, o Padre Philip Lamont (Richard Burton) recebe do Cardeal (Paul Henreid) a missão de investigar as circunstâncias que levaram à morte o Padre Lankester Merrin (Max von Sydow), que, como todos que conhecem o original já sabem, foi vítima de um novo encontro com o demônio assírio Pazuzu.
Devido aos seus escritos e testemunhos, Merrin é considerado herege,
pois a Igreja moderna não quer aceitar a existência de uma entidade
maléfica capaz de possuir corpos. Lamont vai ao encontro de Reagan MacNeil
(Linda Blair), agora na fase final da adolescência, tentando se
distrair com o sapateado e consultas psiquiátricas constantes a cargo da
Dra. Gene Tuskin (Louise Fletcher).
Independente das intenções de Boorman, a verdade deve ser dita: Exorcista 2: O Herege
é muito ruim, chato, mal feito e mal dirigido. Um filme sobre o Mal não
tinha necessidade de ser tão ruim. Pode-se dizer que o erro principal
foi a heresia em tentar continuar de forma tão imbecil uma obra-prima,
criando uma imensa expectativa e frustrando a todos.
FONTE: http://bocadoinferno.com/
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário