Tudo começou em 1860, quando o advogado Joaquim Felício dos Santos, foi
contratado para cuidar da partilha da herança de uma neta de Xica da
Silva. Examinando antigos documentos das propriedades deixadas pelo
contratador João Fernandes. Fascinado com as informações colhidas sobre a
vida dos dois amantes, o advogado e historiador nas horas vagas, decide
relatar ao seu modo, a história de Xica em seu livro “Memórias do
Distrito Diamantino”, publicado em 1868. Sem nenhuma fonte histórica,
talvez influenciado pelo racismo da época, Joaquim Felício dos Santos
descreveu Xica da Silva como uma negra alta, que não possuía graça,
beleza e educação, enfim, não possuía atrativo algum que pudesse
justificar uma forte paixão. A imagem de Xica, construída por esse autor
foi extremamente negativa, era incompreensível, para Felício dos
Santos, o fato de uma escrava alforriada ter conquistado a atenção de um
homem branco e bem situado, no caso o contratador João Fernandes de
Oliveira, um dos fidalgos mais ricos e influentes da época, sem apelar
para bruxaria ou jogos de sedução, e chegar a uma posição de destaque na
sociedade local, durante o apogeu da exploração de diamantes em Minas
Gerais.
Cena da Novela "Xica da Silva" |
De acordo com a imaginação alimentada por Joaquim Felício dos Santos, sobre a escrava que se fez rainha, utilizando-se do seu corpo e apetite sexual invulgares para seduzir pessoas poderosas, acabou gerando diversos mitos, cujas histórias não comprovadas, improváveis ou impossíveis são mais conhecidas do que sua biografia real. O resultado foi uma versão distorcida que se tem repetido erroneamente com o passar do tempo. A vida de Xica da Silva tem sido retratada em cima de um estereótipo, distante da mulher de carne e osso que viveu no arraial do Tejuco, dos anos 30 a 90 do século XVIII. A mulher que inspirou as atrizes Zezé Mota, no filme, e Taís Araújo, na novela, foi baseado no livro escrito por Joaquim Felicio. A publicação faz de Xica a única negra a figurar em um registro histórico e o autor encontra no sexo e na perversidade os pretextos para uma escrava merecer tal destaque. Todos estes sucessos foram obras de ficção feitas para atender ao público ansioso por boas estórias e com pouca base nos fatos históricos.
A filmagem de Cacá Diegues, sobre Xica da Silva, de 1976, foi um dos maiores
sucessos de bilheteria do cinema brasileiro. O filme é cheio de
elementos fascinantes, como música e dança, focalizando a trajetória de
Xica da Silva, que de escrava, tornou-se a primeira dama negra de nossa
história, seduzindo o milionário contratador de diamantes João Fernandes
de Oliveira. A figura lendária da escrava ficou
imortalizada na personagem sensual, desbocada e travessa, representada
pela artista brasileira Zezé Mota. Durante todo o filme, Xica se
comporta de maneira grosseira, cospe na comida das visitas; gasta
fortunas em jóias e roupas de Paris; bate na escrava que não quer
servi-la; deseja freqüentar locais só para brancos. Na trilha sonora do
filme, Xica da Silva é uma canção composta pelo cantor Jorge Ben,
lançada em 1976, e faz parte do álbum África Brasil.
O mesmo aconteceu com a novela exibida na Rede
Manchete, entre 17 de Setembro de 1996 a 11 de Agosto de 1997, estrelada
por Taís Araújo. Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Walter
Avancini. A novela causou muita polêmica, por exibir cenas de nudez que
deram destaque na trama. Adriane Galisteu foi quem mais apareceu nesta
condição. Taís de Araújo, por sua vez, não tinha idade para aparecer
nua. A atriz era menor de idade, e por isso, quando ela fez 18 anos,
Avancini comemorou. Uma semana depois do seu aniversário, e depois de
mais de 50 capítulos de espera, a atriz apareceu nua no capítulo do dia 2
de dezembro de 1996. Teve até participação da estrela italiana do
cinema pornô Cicciolina. Mais uma vez a arma utilizada foi o erotismo e a
forte retratação histórica.
Pesquisas recentes, contestam o mito de que Xica da Silva era um furacão sedutor, uma verdadeira devassa sexual. Para recontar a vida da ex-escrava, a historiadora Júnia Ferreira Furtado, pesquisou a fundo os costumes daquele tempo. Descobriu que Xica estava longe de ser a única mulher negra a viver com homens brancos. O sexo era a única condição encontrada pelas escravas, para facilitar o acesso à alforria e o concubinato. Seja como for, as mulheres tinham maiores chances de ganhar liberdade do que os homens, pois, uma vez livres, viam diminuir o estigma da cor e da escravidão, para elas e para seus descendentes. "Essa era uma prática comum nas Minas Gerais daquele tempo", afirma Júnia. "Ela jamais teria escandalizado aquela sociedade, porque muitas outras ex-escravas tiveram vida parecida com a dela”. Segundo a professora, a própria estabilidade do casamento com um nobre branco, o fato de Xica freqüentar a elite e todas as irmandades brancas do Tijuco e de ter sido enterrada no cemitério da Igreja de São Francisco de Assis, que são destinados aos brancos ricos, comprovam que ela era uma mulher que se portava de acordo com os padrões morais e sociais da época. "Caso contrário, seria impossível que Xica tivesse esses privilégios", reforça a pesquisadora.
Pesquisas recentes, contestam o mito de que Xica da Silva era um furacão sedutor, uma verdadeira devassa sexual. Para recontar a vida da ex-escrava, a historiadora Júnia Ferreira Furtado, pesquisou a fundo os costumes daquele tempo. Descobriu que Xica estava longe de ser a única mulher negra a viver com homens brancos. O sexo era a única condição encontrada pelas escravas, para facilitar o acesso à alforria e o concubinato. Seja como for, as mulheres tinham maiores chances de ganhar liberdade do que os homens, pois, uma vez livres, viam diminuir o estigma da cor e da escravidão, para elas e para seus descendentes. "Essa era uma prática comum nas Minas Gerais daquele tempo", afirma Júnia. "Ela jamais teria escandalizado aquela sociedade, porque muitas outras ex-escravas tiveram vida parecida com a dela”. Segundo a professora, a própria estabilidade do casamento com um nobre branco, o fato de Xica freqüentar a elite e todas as irmandades brancas do Tijuco e de ter sido enterrada no cemitério da Igreja de São Francisco de Assis, que são destinados aos brancos ricos, comprovam que ela era uma mulher que se portava de acordo com os padrões morais e sociais da época. "Caso contrário, seria impossível que Xica tivesse esses privilégios", reforça a pesquisadora.
Com base em documentos encontrados em fóruns de cidades próximas a Diamantina, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e na Torre do Tombo, em Lisboa, Júnia descobriu que Xica da Silva estava mais para zelosa mãe de família, fiel ao homem com quem viveu por dezessete anos, do que para mulher depravada que escolhia parceiros conforme o tamanho do cofre. Não há informações sobre outros casos amorosos, nem mesmo depois da partida de João Fernandes, o que teria causado atritos na sociedade profundamente conservadora da época. Um dos documentos mais importantes descobertos por Júnia durante a pesquisa é a carta de alforria de Xica da Silva, encontrada enquanto a historiadora revirava os arquivos do fórum do Serro, cidade vizinha a Diamantina. A papelada estava carcomida pelas traças, mas mesmo assim foi possível reconstituir a verdadeira história da escrava.
FONTE: PROJETO ATITTUDE http://projetoattitude.blogspot.com.br
eu estou ficando mito interessada na matéria de historia
ResponderExcluireu estou ficando mito interessada na matéria de historia
ResponderExcluirRealmente é uma historia bonita, sob a batuta do grande Dr Agripa Vasconcellos, li o romance 3 vezes, gostei mto, aliás tdo que esse escritor deixou merece um credito valoroso, tipo Gongo Soco, Chico Rei, d. Beja, literaturas fantásticas..Vou reler mais algumas obras, embora estou com uma tremenda ressaca literária, mas vale a pena..
ResponderExcluirVerdade, Renato! Grande Agripa Vasconcellos. Outro livro dele muito legal é "a vida em flor de Dona Beija". Li quando estava no ensino médio. Abraço!
ExcluirAmo essa.mulher não à conheço amo Xica da silva.linda história que época meu Deus.
ResponderExcluir