Pessoas com deficiências físicas podem nadar sozinhas na Grécia graças a uma cadeira movida a energia solar
desenvolvida por uma equipe de cientistas. O dispositivo Seatrac
permite que os indivíduos entrem e saiam da água de forma autônoma, por
meio de um trilho que os leva até o mar e os traz de volta à areia.
O aparelho foi criado em 2008 e protegido
por leis de patente europeias e americanas. Ele opera sobre um
mecanismo de controle fixo, que permite que até 30 cadeiras de rodas
sejam movidas diariamente para dentro e fora do mar.
Atualmente, 11 dispositivos Seatrac estão instalados na
Grécia, um país com milhares de ilhas e uma das maiores costas do mundo.
Os pesquisadores tentam agora expandir o negócio: o produto já foi exportado para o Chipre, e há negociações com países como Croácia, França, Emirados Árabes Unidos e Israel.
Os criadores do dispositivo também se beneficiaram do clima da
Grécia, onde faz sol quase o ano todo, mas ainda há pouca acessibilidade
para pessoas com deficiência. Além disso, o Seatrac pode ser
configurado facilmente em praias sem rede elétrica e desinstalado ao fim
da temporada, sem danos para o meio ambiente.
A equipe espera que o aparelho impulsione o turismo no Mediterrâneo, o
setor mais lucrativo da região. Os cientistas lamentam, porém, a falta
de apoio das autoridades locais, que compraram o dispositivo por R$
90.810 cada, e são responsáveis pela manutenção após o primeiro ano de
uso.
Paralisado da cintura para baixo, o mecânico Lefteris Theofilou, de 52 anos, passou quase metade da vida ligado a uma cadeira de rodas. Ele lembra como se fosse um sonho a primeira vez que a cadeira movida a energia solar lhe permitiu nadar sozinho no mar grego, em uma noite quente de verão.
Paralisado da cintura para baixo, o mecânico Lefteris Theofilou, de 52 anos, passou quase metade da vida ligado a uma cadeira de rodas. Ele lembra como se fosse um sonho a primeira vez que a cadeira movida a energia solar lhe permitiu nadar sozinho no mar grego, em uma noite quente de verão.
Ele se sentou na cadeira e, ao apartar um botão, subiu nela sem ajuda e andou 20 metros pela costa até a água.
“Temos milhares de praias, as mais belas do mundo, e ainda assim não
somos capazes de nadar nelas? Isso faz você se sentir livre e capaz de
coisas que não poderia imaginar que faria em seu próprio país”, disse.
“Esses caras criaram uma coisa incrível, e ainda tropeçamos em problemas
do Estado. Esse é o desleixo do Terceiro Mundo”, afirmou Theofilou.
O engenheiro Ignatios Fotiou, um dos inventores do Seatrac, comparou a falta de apoio do governo à “construção de um apartamento de cobertura sem um edifício embaixo dele”.
O engenheiro Ignatios Fotiou, um dos inventores do Seatrac, comparou a falta de apoio do governo à “construção de um apartamento de cobertura sem um edifício embaixo dele”.
Em uma praia movimentada na cidade costeira de Alepochori, perto de
Atenas, vandalismo e roubos de painéis solares são comuns. Se alguma
coisa quebra, os moradores dizem que pode levar dias para o município
corrigir o problema, o que às vezes é adiado ainda mais por
trabalhadores em greve. Muitas vezes, adolescentes também usam a máquina
como trampolim de mergulho.
O grego Minas Georgakis – cuja mulher, Matoula Kastrioti, de 46 anos,
sofre de esclerose múltipla e está em uma cadeira de rodas – disse que
precisou tomar o assunto nas próprias mãos, porque a ajuda da
administração local “simplesmente não existe”.
Com pranchas de madeira, ele construiu uma rampa adicional para
permitir o acesso ao Seatrac, já que as cadeiras de roda convencionais
não podem ser conduzidas sobre a areia. Mesmo assim, o caminho que leva
até o dispositivo é frequentemente bloqueado por motocicletas
estacionadas e lixo não recolhido.
Fonte: G1
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