No aeroporto Salgado Filho, éramos na maioria estranhos uns aos outros. Cada atleta que chegava guardava em si um pouco de timidez e ansiedade diante de tantas novidades. Muitos dos atletas nunca haviam entrado num avião. "É um ônibus que voa"- explicava o Nichimura às crianças da delegação.
Quase duas horas de vôo e chegamos em São Paulo. Na saída do aeroporto de Congonhas fomos recebidos pela equipe do Comitê Paraolímpico, assim como as demais delegações que iam chegando: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe...
Vãs nos levaram para o hotel. São Paulo aos poucos ia revelando-se nos seus prédios antigos, nos seus viadutos e na sua gente que não pára. No hotel, uma confusão típica dos grandes eventos: os quartos pareciam não estar distribuídos corretamente. Meu companheiro de quarto seria um nadador chamado Jiácomo, que era cadeirante. Quando fui levar minhas malas ao quarto, deparei-me com algo inaceitáve: um sofá cama limitava a passagem da porta de entrada, de forma a impedir o acesso de uma cadeira de rodas.
- Como o nadador vai entar no quarto com a cadeira de rodas dele se tem um sofá cama no caminho? - questionei à moça da recepção.
Já era noite e nada do meu companheiro de quarto chegar... Nessa altura, eu já sabia que seria staff desse tal nadador, o que significava que eu teria de acompanhá-lo durante a competição.
Depois de um grande jantar na companhia das outras delegações no hotel, veio a notícia de que algumas modificações haviam acontecido, e que meus novos companheiros de quarto seriam um deficiente visual e o seu guia.
Imediatamente, passei a lembrar-me de alguns cuidados que temos que ter quando temos um cego por perto, como por exemplo, não deixar uma porta entreaberta: ou ela fica aberta, ou fica fechada, para que o deficiente visual não se bata nela.
"Bem, vamos lá conhecer os meus companheiros de quarto" - pensei eu...
E fui... Conheci Vinícius e Cesar. Vinícius, tem 16 anos e é deficiente visual desde pequeno. Já Cesar, tem 15 anos e é guia de Vinicius nas paraolimpíadas escolares. Ambos são de Sapiranga e já se conhecem há anos. Conversei um pouco com eles e depois fui dormir... O sabadão nos esperava e com ele, a abertura dos jogos em São Paulo!
O Vini e o Cesar
O Vini e o Cesar
Nenhum comentário:
Postar um comentário