sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DIÁRIO DOS JOGOS PARAOLÍMPICOS ESCOLARES - PRIMEIRO DIA




      No aeroporto Salgado Filho, éramos na maioria estranhos uns aos outros. Cada atleta que chegava guardava em si um pouco de timidez e ansiedade diante de tantas novidades. Muitos dos atletas nunca haviam entrado num avião. "É um ônibus que voa"- explicava o Nichimura às crianças da delegação.
      Quase duas horas de vôo e chegamos em São Paulo. Na saída do aeroporto de Congonhas fomos recebidos pela equipe do Comitê Paraolímpico, assim como as demais delegações que iam chegando: Rio de Janeiro, Espírito Santo, Sergipe...


     

      Vãs nos levaram para o hotel. São Paulo aos poucos ia revelando-se nos seus prédios antigos, nos seus viadutos e na sua gente que não pára. No hotel, uma confusão típica dos grandes eventos: os quartos pareciam não estar distribuídos corretamente. Meu companheiro de quarto seria um nadador chamado Jiácomo, que era cadeirante. Quando fui levar minhas malas ao quarto, deparei-me com algo inaceitáve: um sofá cama limitava a passagem da porta de entrada, de forma a impedir o acesso de uma cadeira de rodas.
      - Como o nadador vai entar no quarto com a cadeira de rodas dele se tem um sofá cama no caminho? - questionei à moça da recepção.
Já era noite e nada do meu companheiro de quarto chegar... Nessa altura, eu já sabia que seria staff desse tal nadador, o que significava que eu teria de acompanhá-lo durante a competição.
      Depois de um grande jantar na companhia das outras delegações no hotel, veio a notícia de que algumas modificações haviam acontecido, e que meus novos companheiros de quarto seriam um deficiente visual e o seu guia.
      Imediatamente, passei a lembrar-me de alguns cuidados que temos que ter quando temos um cego por perto, como por exemplo, não deixar uma porta entreaberta: ou ela fica aberta, ou fica fechada, para que o deficiente visual não se bata nela.
      "Bem, vamos lá conhecer os meus companheiros de quarto" - pensei eu...
      E fui... Conheci Vinícius e Cesar. Vinícius, tem 16 anos e é deficiente visual desde pequeno. Já Cesar, tem 15 anos e é guia de Vinicius nas paraolimpíadas escolares. Ambos são de Sapiranga e já se conhecem há anos. Conversei um pouco com eles e depois fui dormir... O sabadão nos esperava e com ele, a abertura dos jogos em São Paulo!



                                                                    O Vini e o Cesar

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