terça-feira, 26 de abril de 2011

TOMATES VERDES E FRITOS - SUGESTÃO DE FILME

     
     É uma beleza de filme, sensível, caloroso, com um tom melancólico bem temperado por momentos leves, bem humorados. Uma pequena ode à vida e à amizade – suave, não uma sinfonia, mas um quarteto de cordas.
      E que quarteto de atrizes, todas elas no auge de seu talento, perfeitas nos papéis – as então jovens Mary Stuart Masterson e Mary-Louise Parker, a sempre excepcional Kathy Bates em uma de suas melhores interpretações e a veteraníssima Jessica Tandy linda e sapeca. Ah, sim, e a importância delas dentro do filme é nessa ordem – primeiro as duas mais jovens, depois as duas mais velhas. Nos créditos iniciais, Kathy Bates e Jessica Tandy aparecem primeiro, por serem atrizes mais famosas. 
      É um daqueles filmes que se passam em dois tempos: parte da ação acontece nos dias de hoje (no caso, o início dos anos 1990), e a outra parte, no passado distante (começando nos anos 1920 e concentrando-se basicamente nos anos 1930).

      Quando a ação começa, nos dias de hoje (ou da época em que o filme começa, é claro), temos um casal que vai visitar, numa pequena cidade do interior – veremos depois que é no interior do Alabama, Sul Profundo – uma tia do marido, que está em uma confortável, simpática casa de repouso para idosos. Os dois, Ed (Gailard Sartain) e Evelyn (Kathy Bates), são pessoas bem acima do peso; ela, em especial, é uma comedora compulsiva de doces. Na sala de espera da casa de repouso, enquanto Ed está no quarto da tia, Evelyn é abordada por uma velhinha de 82 anos, alegre, falante, Ninny Threadgoode – o papel de Jessica Tandy, que, com a carreira iniciada em 1932, vinha de três sucessos recentes, Cocoon, de 1985, Cocoon, o Retorno, de 1988, e Conduzindo Miss Daisy, de 1989.

      A velhinha Ninny começa a falar com Evelyn como se já a conhecesse há muito tempo: conta que tiraram sua vesícula, e em seguida está contando histórias de seu passado – começa a contar sobre Idgie Threadgoode (que, quando criança, é interpretada por Nancy Moore Atchison, e logo em seguida por Mary Stuart Masterson), de como Idgie perdeu o irmão mais velho que adorava, Buddy (Chris O’Donnell), e de sua amizade com Ruth (Mary-Louise Parker).
      A princípio, Evelyn ouve as histórias de Ninny só por polidez, educação – sem conseguir disfarçar, porém, um certo mal-estar. Mas acaba gostando das histórias que ouve. E as duas voltarão a se encontrar, em novas visitas de Evelyn e seu marido à casa de repouso. O espectador acompanha, então, as duas histórias – a da amizade de Idgie e Ruth, e a da nascente amizade entre Ninny e Evelyn.
      A jovem Idgie era uma figura fascinante; em plenos anos 30, no Sul Profundo, era uma libertária, independente, solta; freqüentava bar mal afamado, jogava pôquer, bebia uísque, fazia amizade com negros e negras. A jovem Ruth, bem mais careta, tímida, reservada, fica fascinada por ela.
      Assim como fica fascinada por ela, décadas depois, a nossa Evelyn, comilona, com um marido manso, que não a trata mal, mas que praticamente a ignora, e prefere sempre um jogo de qualquer coisa na TV à companhia da mulher. Através do que vai sabendo sobre Idgie, e da amizade que vai crescendo entre ela e a velhinha Ninny, Evelyn começa a mudar de vida.
      Haverá, nas histórias do passado, um marido espancador, um misterioso desaparecimento, com suspeita de assassinato, um julgamento, perda. As histórias são simples, mas envolventes. As atrizes estão maravilhosas, o filme tem um tom de sinceridade que é arrebatador.
       O filme recebeu duas indicações ao Oscar: de melhor atriz coadjuvante para Jessica Tandy e de melhor roteiro adaptado. Jessica Tandy teve indicação ao Bafta de melhor atriz e Kathy Bates, ao de atriz coadjuvante. No total, foram seis prêmios e seis indicações.




      Fannie Flagg, a autora do romance em que o filme se baseia e uma das roteiristas, teve uma carreira como atriz, e, no filme, faz um pequeno papel, interpretando uma das líderes dos grupos de auto-ajuda de que Evelyn, o personagem de Kathy Bates, participa. Parece que conhece a vida nas pequenas cidades do Alabama que descreve: é natural de lá mesmo.

Tomates Verdes Fritos/Fried Green Tomatoes
De Jon Avnet, EUA, 1991.
Com Mary Stuart Masterson (Idgie Threadgoode), Mary-Louise Parker (Ruth Jamison), Kathy Bates (Evelyn Couch), Jessica Tandy (Ninny Threadgoode), Cicely Tyson (Sipsey), Nick Searcy (Frank Bennett), Gailard Sartain (Ed Couch), Stan Shaw (Big George), Gary Basaraba (Grady Kilgore)
Roteiro Fannie Flagg e Carol Sobieski
Baseado no romance Fried Green Tomatoes at the Whistle Stop Café, de Fannie Flagg
Fotografia Geoffrey Simpson
Música Thomas Newman
Produção Universal Pictures, Act III Communications
Cor, 137 min (versão estendida), 130 min (versão normal)

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