sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ESCRAVA ISAURA








      Gilberto Braga conta que a sugestão para adaptar o romance de Bernardo Guimarães partiu de sua professora de português dos tempos de ginásio. Após ler dez páginas de Escrava Isaura, o autor ligou para o diretor Herval Rossano certo de que aquela história era perfeita para uma novela.

      Lucélia Santos estreou na TV Globo como a protagonista de Escrava Isaura. O convite para interpretar o papel-título da novela partiu de Herval Rossano, após assistir o desempenho da atriz ao lado de Milton Moraes na peça Transe no 18.
      Após o sucesso de Escrava Isaura, Lucélia Santos protagonizou diversos filmes baseados na obra de Nelson Rodrigues. Segundo a atriz, o escritor, que era fã da novela, se encantou com seu trabalho e com a personagem. Nelson ligava com frequência para Gilberto Braga para saber o que aconteceria a Isaura nos próximos capítulos.

      Em determinado momento, a Censura Federal proibiu o uso da palavra “escravo” e a saída encontrada pelo autor foi trocá-la por “peça”. Lucélia Santos também se recorda da ação da Censura em uma cena em que Isaura se revolta e quebra seu quarto inteiro. Segundo a atriz, a cena foi gravada, mas não foi exibida por considerarem incompatível com a imagem de mulher submissa da personagem.


      A novela obteve grande sucesso, no Brasil e no exterior, alcançando países do então bloco comunista. Em Cuba, por exemplo, o racionamento de energia chegou a ser suspenso para que os telespectadores não perdessem os capítulos. Na China, Lucélia Santos ganhou o Prêmio Águia de Ouro, com os votos de cerca de 300 milhões de pessoas – foi a primeira vez que uma atriz estrangeira recebeu um prêmio no país.


      Escrava Isaura foi responsável pelo sucesso de venda da versão do livro de Bernardo Guimarães para o chinês e também ultrapassou as expectativas na Polônia, onde milhares de pessoas lotaram um estádio para assistir a uma competição de sósias dos personagens Isaura e Leôncio. Já na Rússia, a palavra “fazenda” foi incorporada ao vocabulário nacional.

      No final de 1985, Escrava Isaura já havia sido vendida a 27 países. A atriz Lucélia Santos visitou todos eles e recebeu diversos prêmios, como o Latino de Ouro, concedido pela Emissora Caracas de Rádio e Televisão, na Venezuela. Rubens de Falco, que acompanhou Lucélia Santos na maioria dessas viagens, recordava a recepção que tiveram na Polônia, onde centenas de pessoas os receberam ainda no aeroporto e fãs lotaram as ruas da cidade para aplaudi-los.
      Passados 40 anos de sua estreia, Escrava Isaura ainda está na lista das novelas mais comercializadas no exterior. Já foi exibida sete vezes na França, cinco na Alemanha e três na Suíça e chegou a países africanos como Congo, Gabão, Gana e Zimbábue. Dados consolidados pela Diretoria de Negócios da Globo mostram que a novela, em janeiro de 2016, é a quinta no ranking de programas mais vendidos ao exterior pela Globo, somando 104 países licenciados a exibi-la. 
      Entre dezembro de 1979 e janeiro de 1980, a novela foi reapresentada num compacto de 30 capítulos, reeditados por Ubiratan Martins. A partir de setembro de 1982, foi ao ar dentro do programa TV Mulher. Em 1990, a reprise de Escrava Isaura encerrou o Festival 25 Anos da TV Globo.

FONTE: http://memoriaglobo.globo.com/

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