As rodas de conversa de professores, principalmente aquelas travadas
na sala de convivência durante o intervalo entre as aulas, assumem quase
sempre um debate acerca do mesmo tema: como aquele aluno ou aquela
turma é ruim ou insuficiente no processo de aprendizagem.
É público e notório que as escolas e seus mestres se ocupam há anos
de qualificar métodos e técnicas para fazer com que o baixo rendimento
seja revertido. Todavia, existe um aluno para quem a escola talvez não
esteja tão bem preparada: aquele que possui altas habilidades.
Albert Einstein recitava um pensamento perturbador. Ele dizia que
todos somos gênios, mas se julgarmos um peixe por sua capacidade de
subir em árvores, ele passará a vida inteira pensando ser estúpido. Esse
pensamento de Einstein inicia uma discussão acerca da percepção que
temos sobre esse bom aluno, sobremaneira porque geralmente é dotado de
boas notas, disciplinado e não dá trabalho, podendo o professor se
ocupar de suas mazelas, como a indisciplina em sala de aula, por
exemplo.
O MEC trata
as altas habilidades no roll de educação inclusiva, ou seja, até para o
órgão pensador da educação em nosso país o bom aluno é exceção e
precisa ser tratado como tal.
De modo geral, a superdotação se
caracteriza pela elevada potencialidade de aptidões, talentos e
habilidades, evidenciada no alto desempenho nas diversas áreas de
atividade do educando e/ou a ser evidenciada no desenvolvimento da
criança. Contudo, é preciso que haja constância de tais aptidões ao
longo do tempo, além de expressivo nível de desempenho na área de
superdotação. Registram-se, em muitos casos, a PRECOCIDADE do
aparecimento das HABILIDADES e a resistência dos indivíduos aos
obstáculos e frustrações existentes no seu desenvolvimento. (MEC,2006)
Ao analisarmos o conceito citado, é contrassenso imaginarmos que as
altas habilidades sejam uma exceção, pois, como visto, são manifestas em
diversas áreas de atividade.
Esse pressuposto fez com que Howard Gardner propusesse um modelo de inteligências múltiplas em face ao anterior de inteligência única, medido pelo QI.
Lewis Terman criou o Santfrod-Binet Q.I. test, para estudar crianças
com superdotação. Em suas pesquisas, conseguiu a seguinte distribuição
estatística:
Não precisamos ser nenhum gênio em estatística para entender que a
média de QI da população mundial é muito próxima, oscilando muito pouco,
o que vários autores atribuem ao baixo acesso à leitura e aos problemas
com os índices de desenvolvimento humano. Para você que ficou curioso, o
QI médio do povo brasileiro é 87 enquanto o do povo japonês é 113.
Como atender esses alunos?
Entretanto, se a média de QI da população mundial é 100, o que faz
com que alguns povos possuam melhor desempenho do que outros, ou que
aquele bom aluno se destaque tanto dos outros de sua classe? Gardner
identificou e definiu oito tipos diferentes de inteligência:
lógico-matemática, linguística, espacial, musical, corporal-sinestésica,
intrapessoal, interpessoal e naturalista.
Esse conceito vai ao encontro da premissa de Einstein, elevando
nossas expectativas à boa performance do peixe pela sua habilidade
natatória enquanto evitamos frustrá-lo exigindo dele uma competência que
sua natureza não permite.
Finalizo deixando três dicas para o desenvolvimento de competências dos nossos alunos:
1 – Valorize o conhecimento prévio:
o aluno já tem algum tipo de informação sobre o assunto a ser tratado,
cabe ao professor ajudá-lo a compreender a diferença entre a informação
verdadeira e a errada.
2 – Utilize meios diversos de exposição: se possuímos órgãos do sentido que abrangem todas as inteligências, por que utilizar apenas um no processo de ensinar?
3 – Não abra mão de ser afetivo: a equação é simples, um professor que inspira é copiado. Seja farol de conhecimento em mares turbulentos de contrainformação.
FONTE: https://www.iespe.com.br/
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