domingo, 31 de maio de 2015

PROFESSOR DA UFSM DESENVOLVE EQUIPAMENTOS PARA FACILITAR A ROTINA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

 
 
    Equipamentos pensados para facilitar o dia-a-dia e garantir mais conforto a pessoas com deficiência. Esse é o objetivo de dois projetos coordenados por Sergio Antonio Brondani, professor do Desenho Industrial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Na instituição, o docente desenvolveu, com 15 alunos, um projeto de extensão por meio do qual são confeccionadas estruturas para adaptar as casas de pessoas com deficiência. Além dessa atividade, Brondani orienta um trabalho de conclusão de curso, em que um acadêmico desenvolve um caiaque para competidores com e sem necessidades.
 
    Na atividade de extensão, o professor, 10 estudantes da Terapia Ocupacional e cinco do Desenho Industrial, desenvolveram equipamentos como corrimões, portas adaptadas para cadeirantes, mesas e cadeiras que vão facilitar a locomoção e as atividades diárias de pessoas com limitações físicas. Seis famílias da Vila Jóquei Clube e duas da Vila Cauduro, receberão equipamentos.
 
    — As comunidades foram selecionadas depois que nós entramos em contato com as Unidades de Saúde e recebemos indicações de pacientes que mais precisavam. Nosso objetivo é oferecer uma melhor qualidade de vida para essas pessoas que, além de todos os problemas, não tem condições de adaptar as residências — relata o professor.
 
    Grupos com dois terapeutas e um designer visitaram as casas, conheceram as realidades das famílias e desenvolveram a estrutura que mais facilitaria a vida dos pacientes. Os terapeutas adequaram o projeto às condições físicas dos futuros usuários, enquanto os designers ficaram responsáveis pela parte técnica.
 
    — É gratificante contribuir para melhorar a rotina das famílias, além de colocar em prática o que a gente vê em aula — diz o estudante de Desenho Industrial Maike dos Santos, 22 anos.
 
    Segundo Brondani, cerca de R$ 47 mil foram disponibilizados para a realização do projeto, que foi financiado pelo Ministério da Educação (MEC). Desse valor, foram pagas quatro bolsas de pesquisa para os acadêmicos, além dos serviços prestados por serralheiro, marceneiro e empresários que ajudaram na produção e confecção dos equipamentos. As estruturas devem ser entregues em até 30 dias.
 
Para auxiliar a população
 
    Maria da Silva Ilha, 59 anos, é uma das pessoas que será beneficiada pelo projeto de adaptação da casa. Ela mora com o pai, Juredy Ilha, 86 anos, e com a mãe, Marieta Ilha da Silva, 82, na Vila Jóquei Clube, e foi diagnosticada com meningite quando ainda era bebê. Ela nunca conseguiu caminhar e passa a maior parte do dia sentada em uma cadeira de rodas.
 
 
    De acordo com o estudante do Desenho Industrial Cesar Pappis, 24 anos, o projeto desenvolvido para Maria é uma mesa ajustável, com uma nova cadeira, que será regulável e estofada:
 
    — A mesa e a cadeira têm regulagem, para que o pai dela possa ajustar de acordo com a atividade que ela vai realizar. Ela foi toda confeccionada de acordo com as medidas corporais da Maria, para que fique em uma altura adequada.
 
    A estudante de Terapia Ocupacional Silvana Trojahn, 23 anos, afirma que o conjunto vai auxiliar na postura de Maria:
 
    — Como a mesa que o pai dela fez é mais baixa, ela fica curvada. Com a mesa e a cadeira novas, ela vai poder corrigir a postura, já que a cadeira terá um encosto apropriado, e a mesa será de uma altura proporcional.
 
    Seu Juredy, que é quem toma conta da filha e da mulher (que teve um Acidente Vascular Cerebral há 15 anos), afirma que o equipamento vai facilitar a rotina de Maria:
 
    — Vai ser bom pra ela, ela vai ficar mais confortável e vai poder fazer as atividades numa mesa melhor, já que ela passa o tempo inteiro sentada.
 
Expandindo horizontes

    Além de propor soluções de acessibilidade às comunidades carentes de Santa Maria, o professor Sergio Brondani também atua em outro projeto com o mesmo foco. Um de seus alunos, Tiago Segatto, 32 anos, do Desenho Industrial, está desenvolvendo, como trabalho de conclusão de curso, um caiaque para ser utilizado na prática da paracanoagem por pessoas com e sem deficiência. O projeto é em parceria com estudantes do Colégio Técnico Industrial da UFSM.
 
 
    De acordo com Segatto, o caiaque vai ajudar os atletas para que eles tenham uma melhor performance durante as competições. Ainda segundo ele, equipamentos como este são caros e, geralmente, precisam ser importados. Foi da escassez desse tipo de produto no Brasil que o estudante teve a ideia de criar o barco. O equipamento é personalizável, e estruturas como o assento poderão se ajustar conforme as necessidades de cada competidor.
 
    — Além de auxiliar na prática desportiva, o caiaque ajuda a promover a inclusão social e a melhorar a qualidade de vida — diz o estudante.
 
    O Kayak K1 já está em fase de conclusão. Esse já é o segundo protótipo e, até o final de julho, o produto final já deve estar concluindo para ser utilizado no Campeonato Brasileiro de Canoagem Velocidade e Paracanoagem, que acontece em agosto, em Curitiba (PR) e, também, na 3ª Etapa da Copa Brasil de Paracanoagem, que ainda não tem data e local definidos.
 
    — Se o atleta conseguir ficar entre os três primeiros lugares, já vai ser mais que um sonho realizado — declara Segatto.
 
FONTE: DIÁRIO DE SANTA MARIA

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