domingo, 24 de maio de 2015

CINEMA EM TIRAS - EXCALIBUR - A ESPADA DO PODER - PARTE 2



     As lendas do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda  já inspiraram inúmeras obras na literatura, no cinema e no teatro. Desde as compilações feitas por Sir Thomas Malory, no século XV, até As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley. Em Excalibur, de John Boorman, produzido em 1981, a lenda ganha sua melhor versão cinematográfica, só perdendo em grandiosidade, importância e criatividade para a adaptação da obra de Bradley para as telas do cinema.
 
     Embora o próprio diretor admita uma ótica junguiana em seu filme, os fundamentos psicanalíticos de Boorman não encobrem a seqüência da narrativa. A célebre espada que dá nome ao filme, a qual se acredita possuir um fantástico poder, foi passada durante várias e várias gerações, de rei para rei. Um dia, ela foi enterrada em uma rocha por Uther Pendragon, interpretado por Gabriel Byrne, para que o destino decidisse quem seria o próximo soberano, o qual deveria ter o potencial necessário para retirá-la de sua nova morada.
 
     Arthur, um simples escudeiro, gerado devido à magia de Merlin, que o cria e o prepara para ser o unificador do reino inglês, conquista quase casualmente este privilégio, ao se tornar o primeiro cavaleiro a retirar Excalibur de sua paz temporária. Merlin, mestre do futuro rei, ciente desta predição, passa a ser, nesta versão, o representante vivo de um tempo prestes a ceder lugar à lógica e à ciência.
 

     Do auge do reinado de Arthur, a partir do casamento com Guinevere, à sua decadência, quando é dominado por sua meia-irmã Morgana, passando pela busca do Santo Graal – o cálice sagrado, do qual Jesus teria se servido na Santa Ceia, levado provavelmente por José de Arimatéia para a Britânia, e logo depois desaparecido -, desfila pelas telas uma explosão de cores e magia. Há algumas cenas simplesmente brilhantes, como a que Arthur, vivido pelo ator Nigel Terry, entrega a espada nas mãos de seu adversário, que não o aceita como rei, ajoelha-se diante dele e pede que o consagre como cavaleiro.
 
     Outro momento importante é seu encontro com Lancelot, que se tornaria seu melhor amigo e, por outro lado, seria involuntariamente a semente da discórdia na trajetória do monarca. Ele será o responsável pelo brilhante duelo entre os princípios éticos que regem a verdadeira amizade e o amor irresistível que arrebata o coração do cavaleiro.
 
     A fotografia é sublime, recriando nas telas uma atmosfera de sonhos e pesadelos. A versão de Boorman, diretor de Esperança e Glória, foi adaptada de Le Mort D’Artur, de Thomas Malory, e representa um grandioso espetáculo medieval ante os olhares e expectativas de um público sedento duma visão renovadora sobre este fascinante tema milenar. Para quem desejar se aventurar, este filme está disponível em DVD, embora sem os tão cobiçados extras.

 
Fontes Excalibur – John Boorman – Elenco: Nigel Terry, Helen Mirren, Nicholas Clay, Gabriel Byrne – Inglaterra – 1981 – 140 min.
 
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CONTINUA...

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