quinta-feira, 14 de maio de 2015

A REALIDADE DOS CONTOS DE FADAS: UMA ANÁLISE SOCIAL - O PEQUENO POLEGAR



      No conto o Pequeno Polegar (Le Petit Poucet), história que se perde no tempo, tendo a versão de Charles Perrault como sendo a mais conhecida, narra a história de uma pequena criança chamada de Polegar, devido a sua diminuta estatura. Polegar era um dos sete filhos de um lenhador, o qual em um período de fome, decide abandonar os filhos para tentar salvá-los e a salvar a si mesmo e a sua esposa. Não irei relatar a história em si, mas o conto diz que o Pequeno Polegar e seus irmãos acabam chegando no castelo de um ogro, onde tentam sobreviver a sua voracidade, neste caso o final da história é feliz. Contudo tal conto expressa uma realidade dura dos europeus e especialmente neste caso dos franceses, a falta de comida assolou a França desde a Idade Média até o século XVIII, períodos de longos invernos e de longas secas, pragas, falta de técnicas melhores para aumentar-se a produção de alimentos, gerava más colheitas e logo a escassez de alimentos, em especial o trigo com o qual se fazia a farinha de trigo, logo o pão de cada dia, principal alimento da população.
 

       "Durante quatro séculos - dos primeiros estragos da Peste Negra, em 1347, até o primeiro grande salto da população e produtividade, por volta de 1730 - a sociedade francesa permaneceu aprisionada em instituições rígidas e condições maltusianas". (DARNTON, 1986, p. 41).


       Para tentar-se salvar a vida dos filhos, algumas famílias expulsavam os mais velhos para fora de casa, para que estes procurassem seguir seu próprio rumo, em alguns casos, as crianças mais novas eram deixadas nas portas de mosteiros e de igrejas, ou eram dadas ou vendidas para famílias ricas para que pudessem criá-las, e logo as salvassem. Em casos mais extremos, ocorria o infanticídio.

 
       "Cerca de 45 por cento dos franceses nascidos no século XVIII morriam antes da idade dos dez anos". (DARNTON, 1986, p. 44).

        A comida passou a ser um assunto recorrente em alguns contos conhecidos e outros desconhecidos, o sonho de se ter uma mesa farta era para muitas pessoas sua maior realização.

        "Comer até se encher, comer até a exaustão do apetite (manger à sa faim), era o principal prazer que tentava a imaginação dos camponeses e que eles raramente realizavam em vida". (DARNTON, 1986, p. 53).

 
     
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário