Na tarde em que estive com a Carol e com a Josiane na Casa de Cultura Mario Quintana, conversamos muito sobre inclusão, acessibilidade e preconceitos em relação às pessoas com deficiência. A Carol também aproveitou para fazer uma entrevista comigo para o seu blog.
Valeu, Carol!
Carol- Porque escolheste o nome Centauro Alado?
Cristiano - Quando pensei em fazer o blog, queria que ele reunisse assuntos relativos ao meu interesse, em diversos aspectos. O nome Centauro Alado vem do fato de eu gostar de mitologia grega e por achar a figura do centauro muito representativa. O centauro é metade homem e metade cavalo, ou seja, tem a inteligência do homem e a força do animal. Um centauro alado poderia voar, o que seria uma combinação perfeita entre força, inteligência, sensibilidade e liberdade. São características que considero fundamentais no ser humano: força para ir adiante mesmo diante das dificuldades e dos preconceitos, inteligência e sensibilidade para nortearmos nossos caminhos e, liberdade, para irmos e virmos, sem barreiras.
Carol- Porque você escolheu falar dos assuntos relacionados as pessoas com deficiência?
Cristiano- Na verdade, o blog aborda vários assuntos, mas o carro chefe são temas relacionados às pessoas com deficiência. Como trabalho com fisioterapia há 13 anos e convivo direto com esse público, achei que seria legal criar um espaço onde pudesse discutir questões relacionadas a esse universo. Porém, senti a necessidade de mesclar outras temáticas, tais como literatura, cinema, música, história, etc. Queria um blog que não fosse interessante apenas para quem tem algum tipo de deficiência, mas para as pessoas no geral. Afinal, Inclusão passa por isso...
Carol- Me fale do seu mais novo projeto" Era uma vez um conto de fadas inclusivo"?
Cristiano- “Era uma vez um conto de fadas inclusivo” é uma coleção de livros infantis composta por 11 contos de fadas onde os personagens possuem algum tipo de deficiência. Chapeuzinho Vermelho é cadeirante, Branca de Neve é cega, Aladim tem Síndrome de Down, Cinderela não tem um pé, etc. A ideia é apresentar o universo das pessoas com deficiências para as crianças através de personagens que já lhes são familiares. Ao longo desses 13 anos em que trabalho como fisioterapeuta, observei que crianças sem deficiência que convivem com crianças com deficiência lidam de uma forma muito natural com questões relacionadas às diferenças. A coleção também conta com um cd com áudio livro e com a audiodescrição das histórias, para as crianças e adultos que possuam deficiência visual.
Os textos e as ilustrações são de minha autoria, o designer gráfico é do artista Leandro Selister e a audiodescrição é da Mil Palavras. O projeto tem o apoio Ministério da Cultura e patrocínio de duas empresa a SAVAR e AGCO .
Carol - Como você vê a Inclusão de crianças com deficiência nas escolas e a preparação dos professores?
Infelizmente, a Inclusão de crianças com deficiência nas escolas ainda é muito mais um conceito teórico do que prática. Existe uma legislação que determina que as crianças com deficiência sejam aceitas nas escolas regulares, mas não existe investimento em tecnologia assistiva, adaptações do meio físico e formação de profissionais (educadores e monitores) para receber esses alunos. Por outro lado, já estive em escolas onde havia sim investimento nas questões físicas (rampas, mobiliários adaptados) e formação de educadores, mas onde os professores não se julgavam aptos a trabalhar com essas crianças em sala de aula. Como sabemos, incluir uma criança com deficiência na sala de aula é muito mais do que colocá-la sentada no meio dos seus coleguinhas sem deficiência, mas sim, proporcionar maneiras de que ela interaja com o meio e vice versa e que consiga usufruir do direito de ser educada. E isso, na maioria das vezes, demanda mobilização e criatividade por parte dos professores. Numa sala de aula com trinta alunos que também requerem a atenção (sejam quais forem as suas necessidades) por parte dos educadores, é compreensível que os mesmos sintam-se inseguros quando recebem uma criança com deficiência. Colocar a Inclusão na prática é um grande desafio que requer criatividade, boa vontade e persistência de todos os lados.
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