O filme, apesar de possuir cenas em ambientes externos (floresta, cidade), consegue preservar a atmosfera claustrofóbica nas cenas rodadas entre Annie e Paul. Ele não é inteiramente um suspense doentio, digno de ser comparado com as obras de Hitchcock, mas igualmente possui traços de humor negro, visto que retrata de forma exacerbada algo que é comum às pessoas que possuem o hábito da leitura: o amor que acabamos desenvolvendo por alguns personagens, às vezes a tal ponto que queremos sempre mais dele. Obviamente que esta característica no filme é levada à níveis doentios, mas não deixa de ser algo palpável, uma coisa que está bem do nosso lado.
Outra coisa que chama a atenção é como Annie Wilkes diz que
lamentaria muito caso Paul morresse e ela não pudesse mais se deliciar
com histórias de Misery (personagem que lançou Paul Sheldon ao estrelato
e protagonista de todos os seus romances). Isso me deixou intrigado,
pois de certa forma King conseguiu “antecipar” algo que ele mesmo
viveria em 1999 quando foi atropelado por uma van e, por muita sorte e
um tratamento intensivo, conseguiu sobreviver. Durante algum tempo King
recebeu diversas cartas de Fãs dizendo como lamentariam se ele tivesse
falecido, pois nesse caso “A Torre Negra” (saga ainda incompleta na
época) jamais seria concluída. Inclusive vale mencionar aqui o caso de
uma carta que Stephen King recebeu de uma mulher dizendo que tinha
câncer, que poderia morrer a qualquer momento e que desejava mais que
tudo poder saber o final da aventura do pistoleiro Roland Deschain em
busca da lendária Torre Negra. Se a história dessa mulher era verdade ou
não jamais saberemos, mas podemos notar aqui como o amor a um escritor
ou personagem pode chegar a camadas elevadas.
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