O sorriso de Janaína Lafourcade, 38 anos, brilhava tanto quanto o sol
na beira da praia de Capão da Canoa (RS). Na manhã deste domingo,
conduzida pela mãe, Inajara Lafourcade, 58 anos, a jovem pôde se
refrescar no mar graças a uma cadeira de rodas adaptada e o apoio de uma
equipe especializada.
— Foi nota 10! — resumiu Janaína depois do banho de mar.
Após sofrer uma parada respiratória no momento do parto, ela ficou com
uma lesão cerebral que limitou permanentemente os movimentos das pernas e
dos braços.
Janaína é a participante mais assídua do projeto Praia Acessível,
desenvolvido pela Faders em parceria com a Funders e a Brigada Militar.
Educadores físicos e terapeutas ocupacionais proporcionam a pessoas com
limitações de locomoção e deficientes visuais a oportunidade de
vivenciar a praia, muitas vezes inacessível por falta de espaços
adaptados.
— A gente oferece esse suporte na beira da praia, mas até chegar aqui, o
deficiente já enfrentou muitos outros obstáculos, como a falta de
rebaixamentos adequados no calçadão — exemplifica a terapeuta
ocupacional da Faders Maria Fernanda Testa.
No intuito de ampliar a conscientização sobre a acessibilidade, o
projeto também colocou à disposição de quem enxerga uma venda. Com os
olhos tapados, a pessoa é convidada para um passeio guiado, a pé mesmo,
para experimentar a sensação de não saber onde pisa e transpor
obstáculos na base da confiança em quem o está guiando. Outra
alternativa é pedalar de olhos vendados numa bicicleta dupla.
— Originalmente, a bicicleta foi pensada para que cegos pudessem sentir
a brisa do mar pedalando, mas depois surgiu a ideia de provocar as
pessoas que veem a se colocar na situação do outro — conta a educadora
física da Faders Cláudia Alfama.
Até o final de janeiro, o projeto contará ainda com surfe para
cegos. Bocha adaptada e vôlei de praia paralímpico também entrarão na
programação. As ações na água são sempre acompanhadas por um
salva-vidas.
— É muito importante que todos tenham acesso à praia e nós apoiamos a
iniciativa com a preocupação de garantir a segurança dessas pessoas —
destaca o coordenador de projetos sociais da Brigada Militar na Operação
Golfinho, major Cilon Freitas da Silva.
O espaço fica aberto de sexta a domingo, das 9h às 12h e das 15h às 18h, próximo à guarita 76, em Capão da Canoa.
Fonte: Zero Hora
Foto: Ricardo Duarte / Agencia RBS
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