Entre o hall de curiosidades mórbidas que movem a nossa existência, nenhuma consegue ser tão forte quanto a vontade de conhecer a morte. É um impulso que nos move para descobrirmos relatos, histórias, característica sobre o nosso trágico fim. O Escafandro e a Borboleta não mata essa curiosidade, mas nos aproxima de alguém que chegou bem perto dela e escreveu sobre isso.
Narrado com sensibilidade, a história do filme se passa em uma França da década de 90. Jean Dominique é um jornalista que, misteriosamente, sofre um acidente vascular cerebral e acorda em um hospital com tal de síndrome do locked-in. Em miúdos: não pode falar, andar, mover-se e sua vida passa a se resumir a piscadelas do olho esquerdo – único órgão funcional que lhe sobrou.
O diretor Julian Schnabel nos faz mergulhar nessa realidade de tal forma que nos confundimos com Jean-Do e as suas piscadelas, os seus pensamentos, a sua tristeza e a solidão que a natureza lhe condenou. E, mesmo incapaz de realizar as mais simples tarefas, com ajuda de uma fonoaudióloga e uma amiga ele decide escrever um livro com as memórias e os relatos daquilo que passa.
O filme foge do óbvio. A seqüência de imagens nos leva, em muitas ocasiões, ao corpo do protagonista. E, dentro desse corpo, tornamo-nos uma espécie de confidente de Jean-Do, compartilhamos com ele as suas reflexões sobre aquilo que agora lhe cerca, sua imaginação, as suas emoções e a sua tentativa de comunicar.
Muito mais do que um roteiro bem executado, a fotografia e seu tom que remete à pintura. Os quadros são bem pensados, desenhados com habilidade entram em sintonia com o longa, nos fazem vivenciar o filme de uma forma bela. A trilha-sonora – composta por muitas múiscas instrumentais - dialoga com o Escafandro e a Borboleta e consegue passar ao telespectador a sensação de prisão que o Jean-Do vive.
FICHA TÉCNICA
Diretor: Julian Schnabel
Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny, Patrick Chesnais, Niels Arestrup, Olatz López Garmendia
Produção: Kathleen Kennedy, Jon Kilik
Roteiro: Ronald Harwood, Jean-Dominique Bauby
Fotografia: Juliette Welfling
Trilha Sonora: Paul Cantelon
Duração: 112 min.
Ano: 2007
País: França/ EUA
Gênero: Drama
FONTE: http://revistacatorze.com.br/
Lista Joaquim Gonzalez Fortes
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