terça-feira, 17 de maio de 2016

RUDOLF FENZ, O VIAJANTE DO TEMPO - FINAL



 
    Chris Aubeck, interessado no fantástico caso, se dedicou vários meses a reunir toda a informação disponível sobre o mesmo. Conseguiu encontrar, principalmente na Internet, até dez versões diferentes entre si, mas que conservavam o "esqueleto" fundamental da história. Em papel impresso a busca não foi tão frutífera.

    Resultou que fora do território da internet, o caso era quase desconhecido, quando por lógica deveria ser nos Estados Unidos onde mais informação poderia ser localizada.

    Com um atropelamento, relatório policial, fotografia do desaparecido de 1876, autópsia e outros mil detalhes, como era possível que o caso fosse quase desconhecido em terras norte-americanas?

    Aubeck foi alfinetado pela intuição: possivelmente tudo se tratava de uma montagem. Ele só conseguiu encontrar um artigo impresso em inglês, as demais referências nesse idioma sobre o caso Fentz provinham da Internet. A partir daqui começou a odisseia de Chris para localizar a fonte original, coisa que não foi nada fácil.

    De uma fonte francesa, um livro de Jacques Bergier e Georges H. Gallet publicado em 1975, o autor espanhol Joaquín Gómez Burón publicou em 1979 o livro "Los Enigmas Pendientes", onde figura o caso como indiscutivelmente real, com um monte de provas. Embora fossem "provas" que ninguém jamais havia visto.

    Pouco a pouco, puxando o fio da meada, Chris Aubeck foi desenredando o emaranhado de informações. Livro após livro, artigo após artigo, onde uns copiavam de outros e nadando contra essa correnteza, tentar chegar à fonte original.

    Como bom rumor que era, quanto mais atrás no tempo era pesquisado, mais enrarecia a questão. Em alguns casos, os sobrenomes mudavam, de Fentz a Fenz, de Rihn a Rihm. Isto poderia ser atribuído às traduções.

    Mas acontece que para mais desgraça, cada um acrescentava pequenas "pitadas" ao seu gosto, como a hora do aparecimento de Fentz no meio da rua, testemunhas que falavam do atropelamento e que diziam que o homem havia aparecido do nada ou ainda, mais dados sobre o investigador Rihn com seu anseio por pistas esquivas do "viajante do tempo".

    Da França à Espanha, daí para à Itália, para continuar na Noruega. A coisa começava a ficar interessante, as fontes pulavam de um país a outro como se fossem espiões internacionais.

    Após intensa pesquisa, finalmente a fonte original parecia se encontrar em um artigo publicado nos Estados Unidos no "The Journal of Borderland Research", na edição de maio/junho de 1972. Seu autor, Vincent H. Gaddis quem relatava o caso em primeira pessoa e além disso, se atrevia a comentar o significado oculto do episódio, anotando que sua fonte inicial havia sido o póstumo Ralph M. Holland, da revista Collier's.

    Para os redatores da Borderland, o salto no tempo protagonizado por Fentz havia sido coisa da "quarta dimensão" e segundo informou-lhes uma médium, para variar, extraterrestres estavam envolvidos na trama fictícia.

    Aubeck se propôs a descobrir quem era Ralph M. Holland. Este norte-americano nasceu em 1899, estudou jornalismo e escreveu muitas histórias de ficção científica que foram publicadas em várias revistas, incluindo uma fundada por ele mesmo, a "The Science-Fiction Review".

    Era também um fictício "contatado" que sob o pseudônimo de Rolf Telano publicou vários livros em que afirmava se relacionar com um extraterrestre chamado Borealis. Suas tramas são delirantes, misturando mitologia-pseudo-ufológica com relatos da Atlântica ou Lemúria. Com o caso Fentz, Ralph Holland e a Borderland tentaram atrair o público para suas fantasias sobre a quarta dimensão, gerando uma lenda perdurável.

    Ainda assim, por incrível que pareça, Holland não foi o iniciador do caso, mas sim que este se baseou em uma obra de ficção que um escritor mais conhecido chamado Jack Finney, havia publicado em 1951, fazendo parte de um conto intitulado "I'm Scared".

    A imaginária história de Rudolph Fentz, com quase todos os seus detalhes, surgiu da fantasiosa mente de Jack Finney e nunca foi real. Este escritor, falecido em 1995, não é um desconhecido no mundo da ficção científica. Foi muito prolífico e seu tema favorito não poderia ser outro: viagem no tempo. O famoso filme Invasores de Corpos de 1955, foi baseado em um de seus contos publicado na Collier's em dezembro de 1954.

    Como a história é toda inventada, as imagens que circulam na internet como sendo de Rudolph Fentz são falsas...

Conclusão    Seria realmente impressionante se esta história fosse verdadeira, mas é uma pena que se trata na verdade de apenas um Hoax, curiosa palavra inglesa para definir embuste, rumor, boato, que abundam por todos os lugares nesta era da internet.

Investigação/Tradução/Adaptação:
rusmea.com & Mateus Fornazari

FONTE: http://www.assombrado.com.br/

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