E, como no livro de Stoker, o começo até o seu meio é sensacional em termos de interesse e de terror, mas, depois disso, o livro, assim como o filme, perde um pouco do pique inicial, virando uma perseguição pouco original do bem atrás do mal, chegando mesmo a ser muito previsível. O que consagrou Drácula como um dos personagens mais famosos do século XX, mesmo surgido no século XIX, não foi o livro de Stoker, mas sim sua transposição para o teatro e, depois, para o cinema. Todo o teatro que realizava peças baseadas na obra de Stoker sempre obtinha grande sucesso de público e, observado este fato, o cinema também procurou explorar o filão: Bela Lugosi, que interpretava o conde nos teatros norte-americanos, foi o primeiro grande Drácula do cinema, papel que havia sido recusado por três atores; o segundo Drácula, através do estúdio inglês Hammer, foi Christopher Lee. A partir daí, o personagem tornou-se mundialmente conhecido.
Como o livro Drácula foi lançado no mesmo ano da invenção do cinema (e por falta de dinheiro dos produtores também, apesar do orçamento milionário do projeto), Coppola resolveu utilizar de efeitos especiais como eram feitos antigamente, sem computação e outras máquinas eletrônicas.
Em outras palavras, um “luxo sem luxo“. Mesmo assim, o filme, na época, pareceu bastante “novo“, pois há muitos anos que o cinema norte-americano não se utilizava de efeitos especiais daquela forma. Grande parte destes efeitos foram produzidos pelo filho do Coppola, Roman, que é um mágico talentoso, que fez coisas simples, mas muito eficientes: gotas subindo das garrafas, velas se acendendo sozinhas, névoas sinistras que andam (na verdade, efeitos de espelhos com fumaça), etc. E o diretor aproveitou este espaço para prestar muitas homenagens ao cinema, como o uso de câmeras antigas, chegando mesmo a trabalhar com o corpo dos atores e atrizes para obter melhores cenas (como a “aranha” que as duas das três vampiras fazem com o seu próprio corpo quando param de sugar o personagem Jonathan Harker na chegada de Drácula, que lhes dá um bebê para “jantar“). Outro fator decisivo para o sucesso do filme está na fotografia, carregada de tons vermelhos. Para um filme de vampiros, mesmo com pouco terror, a cor intensa de sangue não poderia faltar.
Drácula de Bram Stoker abriu uma espécie de “terrormania” que, infelizmente, não foi bem sucedida na época: Lobo (Wolf), de 1994, dirigido por Mike Nichols, foi um retumbante fracasso de bilheterias, apesar da forte presença de Jack Nicholson e Michelle Pfeiffer; Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley’s Frankenstein), também de 1994, dirigido por Keneth Branagh (produzido por Copolla), transformou-se numa piada histérica e sem graça. A onda de filmes de terror voltaria depois do sucesso mundial de Pânico (Scream), 1996, de Wes Craven. Mas aí já é uma outra história.
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