Mais uma história da Aline no "Centauro Alado". Desta vez, ela recorda um fato de quando era criança.
DENGOSINHA VAI AO DENTISTA por Aline Massoni
Aquela seria a minha primeira consulta com aquela dentista. Fomos eu, minha mãe e meus dois irmãos . Éramos uma escadinha: eu tinha seis anos, Álvaro cinco e Diego quatro, e naquela época eu ainda não tinha cadeira de rodas.
O atendimento era por ordem de chegada e fomos os primeiros a chegar no consultório. Na sala de espera, havia apenas alguns bancos de madeira que não possuaim apoio lateral, o que me impedia de ficara sentada sozinha neles, visto que eu não tinha nenhum controle de tronco. Por isso, minha mãe sentou-se e me colocou no seu colo.
Iniciam-se os atendimentos, a dentista abre a porta e chama:
- Diego Massoni!
Prontamente meu irmão respondeu:
- Sou eu...
Sorridente ela disse:
- Vamos lá? Me dê a mão!
Meu irmão levantou-se pegou na mão da moça e eles entraram.
E assim os atendimentos continuaram.
Ela abriu a porta e chamou:
- Álvaro Massoni! Vamos lá?
Assim a dentista chamou um por um... Todas as outras crianças que chegaram depois de mim foram atendidas e eu no colo da minha mãe, apenas aguardando. As horas foram passando, e enquanto eu aguardava a minha vez, conversava o tempo todo com minha mãe. Foi então que chegou a hora tão esperada. A dentista abriu a porta e gritou:
- Aline Massoni!
Minha mãe levantou-se comigo no colo e a moça - nos olhando de cima abaixo- falou:
- Não, mãezinha a senhora não pode entrar, deixa que eu a levo pela mão!
Rapidamente minha mãe respondeu:
- Só se tu carregar ela no colo, porque ela tem paralisia cerebral e não caminha!
Nesse instante a moça ficou completamente vermelha e gaguejando respondeu:
- A senhora me desculpe... Eu vi a Aline tão bonitinha conversando e pensei...”Ela deve ser dengosa, certamente vai chorar e assustar as outras crianças... Vou deixá-la por ultimo!”
Sem nem dar tempo para a minha mãe reagir, a moça prosseguiu...
- A senhora não se preocupe, pois de agora em diante ela vai ser sempre a primeira a ser atendida!
Como se isso fosse algum privilégio, e não lei. Será que além de não andar tenho que ser feia e muda para não ser confundida com uma criança mimada e sem limites?
Aline Massoni
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