O diagnóstico de Autismo ainda é um desafio para a maioria das pessoas que lidam com crianças nos mais diversos ambientes. Mesmo médicos , especialmente os pediatras, ainda são bem resistentes à ideia de rastrear os seus sintomas e sinais nos seus pacientes durante a puericultura. Medir o peso, a estatura e avaliar a condição nutricional e vacinal fazem, historicamente, parte da rotina deste especialista. Por outro lado, avaliar o comportamento ainda é um tabu.
A formação dos pediatras e dos professores nas Universidades é carente no tange a triar e observar ativamente crianças com comportamento e desenvolvimento de risco em meio à população infantil. É comum os pais alegarem, no consultório, que o pediatra disse para não se preocupar pois cada criança tem seu tempo ou que devemos esperar até os 5 anos para ver o que acontece. Esta abordagem equivocada ainda resiste às evidências e persiste `a revelia de tudo o que se sabe e do que se considera como um desenvolvimento normal e anormal para idade.
A complexidade e a dificuldade de se identificar crianças e adolescentes com TEA ou Autismo é tão grande quanto menos se souber acerca do quadro clínico destas crianças. Ou seja, quanto mais informado o profissional, menor o risco de ele deixar “escapar” uma criança com sintomas de TEA.
Sabemos que o diagnóstico depende de uma excelente observação clínica nos mais diversos ambientes em que a criança vive e interage. Não conseguir interagir adequadamente é anormal em qualquer fase da vida da criança não importando a idade… Basta ver as reações comuns de qualquer criança a um adulto que tenta falar com ela ou chamar sua atenção e de que jeito ela reage ao ser convencida a brincar. Nunca ter falado “mãe” ou “pai” até os 2 anos e desconhecer grau de parentesco aos 3 anos não pode ser considerado um comportamento normal.
Ademais, os comportamentos repetitivos e perseverança em alguns assuntos independente do contexto social deve chamar sempre a atenção de qualquer profissional que avalia e intervém em crianças. Conhecer as escalas de triagem (o ATA ou o M-CHAT) pode dar ao pediatra uma nova dimensão em sua experiência clínica e oferecer aos pais de seu pequeno paciente um diferencial de mercado em seu protocolo médico. Quais pais não vão preferir um pediatra que sabe checar estes pormenores em seus filhos?
Existem casos e situações onde o diagnóstico é difícil como nos TEA leve, ou naqueles “muito inteligentes” ou que apresentam savantismos e altas habilidades pois podem mascarar o quadro ou iludir os pais. Nestes casos, temos que nos cercar de avaliações mais detalhadas e secundárias com a utilização de escalas mais específicas. Mesmo assim, é a exceção.
Portanto, o diagnóstico de Autismo não é difícil de fazer mas aparenta ser complicado em face do desconhecimento dos procedimentos necessários para tal. A atualização constante e a observação direta e ativa facilitam muito esta tarefa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário