Existe um detalhe fundamental nas aventuras de fantasia para que a história funcione: o espectador ser puxado para dentro dela. Pode ser um livro ou um filme. Livros e filmes de contos de fadas, mundos ilusórios, míticos e imaginários, mágicos e fantásticos, para funcionar, são obrigados a envolver o leitor/espectador com o encantamento ao nível deste se sentir como em seu interior, integrante absorvido e observador dos acontecimentos. Sem isso, adeus magia.
Bonito, mas nunca evolvente e encantador, Oz: Mágico e Poderoso, falha neste detalhe fundamental. A Buena Vista, um dos braços de produção da Disney, investiu US$ 215 milhões (US$ 300 milhões, incluindo a publicidade) em sua produção. O objetivo era criar um espetáculo fascinante e envolvente – e até mais do que isso – com a história mágica do mundo de Oz criado pela imaginação de L. Frank Baum (1856-1919), o qual fora transformado em realidade pelo filme que Victor Fleming fez em 1939.
Esse filme, O Mágico de Oz (The Wizzard of Oz), com a estadunidense de Minnesota Frances Ethel Gumm, de apenas 17 anos no papel da garotinha Dorothy, se torno um clássico da história do cinema e deu fama imediata a atriz com o nome de Judy Garland. À época, o filme ganhou o Oscar de Melhor Canção, Over the Rainbow, de Harold Arlen (música) e E. Y. Harburg. Em termos de grana da época, foi produzido com US$ 2.777 e arrecadou US$ 17,6 milhões em renda mundial – apenas como informação suplementar. Obviamente, agora, torna-se importante rever esse clássico do musical de Hollywood.
E por que Oz: Mágico e Poderoso, com esse orçamento trilionário não consegue superar e até mesmo se igualar à produção feita há 73 anos?
O problema do filme não reside nos efeitos especiais – que são fantásticos – e nem no elenco composto por James Franco, Michelle Williams, Rachel Weisz ou Mila Kunis. Em parte, consiste no roteiro de Mitchell Kapner (de Meu Vizinho Mafioso) e David Lindsay-Abaire (Robôs e Coração de Tinta) e na escalação de Sam Raimi para dirigi-lo.
O roteiro, preocupado em descrever personagens e acontecimentos até a metade do filme, emperra-o ao enfadonho. Esse é o estilo dos roteiristas, especialmente de Lindsay-Abaire, autor do enredo de Reencontrando a Felicidade (Rabbit Hole, EUA, 2012), de John Cameron Mitchell, no qual Nicole Kidman e Aaron Eckhart mergulham na infelicidade com a morte do filho.
Ao longo do desenrolar da história de Oz, inicialmente em preto e branco, as sequências são longas demais e isso se deve à preocupação de expor o caráter do personagem vivido por James Franco, o mágico farsante Oscar Diggs. Todas as situações são moldadas à exposição da sua personalidade de simpático mau caráter que tem o sonho de ser um grande homem, um dia. Ou seja, que dentro dele existe um cara honesto.
CONTINUA...
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