segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

29 DE FEVEREIRO - ANO BISSEXTO!

    Cada ano civil tem 365 dias. Mas esse não é o tempo exato que a Terra demora para completar uma volta em torno do Sol. Segundo a doutoranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Airan dos Santos Borges, o ano dura, em média, 365,24220 dias – o equivalente a 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45,5 segundos.
    Para manter certo padrão na duração dos anos, optou-se por compensar as horas excedentes acrescentando um dia no calendário a cada quatro anos, o que caracteriza o ano bissexto (366 dias). No caso do calendário gregoriano, usado pela maioria dos países, esse dia é 29 de fevereiro. Caso o ajuste não fosse feito, poderia haver disparidade nas estações do ano – inverno vigorando em meses de outono, por exemplo –, além de interferir nas comemorações religiosas.
    Antigamente, alguns sistemas não aceitavam registros com o dia 29 de fevereiro. Para não ter problema na confecção de documentos como a cédula de identidade, algumas crianças nascidas nessa data costumavam ser registradas em 28 de fevereiro ou em 1º de março. No entanto, a diretora da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP) e da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP), Raquel Cunha, afirma que a medida não é mais necessária.
    'Nos anos atuais, não temos tido nenhum problema. Todos os computadores estão adaptados', garante. Ela ainda ressalta que, no Brasil, não há nenhum tipo de legislação que preveja a prorrogação ou antecipação do registro de nascimento. 'As pessoas podem ser registradas no dia 29 de fevereiro, não há nenhum empecilho', assegura.
     O que Raquel Cunha também nota é que há pessoas que reivindicam a retificação do registro para o dia real de nascimento - quem nasceu em 29 de fevereiro, mas acabou sendo registrado em outra data. Segundo ela, o pedido pode ser feito mediante a apresentação de documentos que comprovem o fato, como a Declaração de Nascido Vivo (DNV). Mas e como fica a comemoração de aniversário nos anos que não são bissextos? 'A pessoa pode escolher o dia mais relevante para ela. Ou comemora nos dois, quem sabe', brinca a diretora.
    De maneira geral, anos bissextos são registrados a cada quatro anos. Mas a regra (instituída pelo Papa Gregório XIII quando passou a vigorar o calendário gregoriano, em 1582) não se resume a esse cálculo: anos seculares, ou seja, divisíveis por cem, têm somente 365 dias, mesmo que sejam divisíveis por quatro – neste caso, 1700, 1800 e 1900 não foram anos bissextos, por exemplo, assim como 2100 não será.
    Entre os seculares, porém, há ainda uma exceção. Os múltiplos de 400 serão bissextos – foi justamente essa regra que determinou a existência do 29º dia em fevereiro de 2000 e fará com que 2400 também tenha um dia a mais.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

BRANCA CEGA DE NEVE - SEGUNDA EDIÇÃO





    Branca Cega de Neve é uma linda princesa que não enxerga. Perseguida pela sua madrasta malvada, ela precisa aprender a usar os seus outros sentidos para se defender dos perigos que existem na vida fora do castelo.


FONTE: ERA UMA VEZ UM CONTO DE FADAS INCLUSIVO
de CRISTIANO REFOSCO

sábado, 27 de fevereiro de 2016

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

SANDY TATUA O NOME DO FILHO EM BRAILE




     A cantora Sandy e seu marido, Lucas Lima, são bem discretos na hora de exibir o filho mais velho, Theo, de 1 ano e oito meses -- mais de uma vez a artista já brigou com a imprensa porque fotos do garotinho foram publicadas por tabloides.
 
    Pois bem, a famosa encontrou uma maneira igualmente simpática de homenagear o filho: com uma tatuagem que mostra o nome de Theo escrito em braile, em seu braço direito. As imagens foram publicadas na internet por uma conta administrada por fãs de Sandy.
 
    As fotos surgiram nas redes sociais após Sandy se apresentar com a família do marido na Festa Nacional da Uva, em Caxias do Sul.
 
    Não demorou muito até que um fã dedicado reparasse nos pontinhos no braço direito da cantora. Cristiano Pereira publicou em sua conta no Instagram uma "tradução" da tatuagem da artista:
 
 
 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

UM MUSEU SUBMERSO NAS ÁGUAS DO OCEANO

 
 
    Museo Atlantico é o primeiro museu de arte contemporânea submerso da Europa e contará com diversas esculturas produzidas por Jason deClaires, escultor aclamado internacionalmente. A primeira fase da galeria já foi finalizada e deve ser aberta ao público agora no fim do mês de fevereiro. Até dezembro de 2016, devem ser finalizadas as outras áreas do museu, que terá 10 galerias diferentes sob a água.
 
 
 
    Para visitar o local, é preciso descer a 12 metros de profundidade nas águas perto da ilha Lanzarote, parte do arquipélago das Ilhas Canárias, que é uma região autônoma vinculada à Espanha e que fica localizada próximo da costa do Marrocos. O conceito do projeto é estabelecer um diálogo entre a arte e a natureza, através da criação de um recife de corais de grande escala que, ao mesmo tempo, é uma obra da engenhosidade humana.
 
 
 
   
    Os materiais utilizados nas esculturas também respeitam o meio ambiente, tendo sido escolhidos por seu pH neutro, que não impacta na qualidade da água. Cimento naval desenvolvido especialmente para o museu, estruturas de aço inoxidável e vergalhões feitos de fibras de vidro trançado são a base utilizada nas obras. A localização das galerias também foi calculada meticulosamente para que a correnteza da região permita o desenvolvimento de colônias marinhas.
 
 
 
    O papel do Museo Atlantico, no entanto, não é apenas servir para expor esculturas que serão modificadas pela própria natureza, mas fazer com que seus visitantes também reflitam sobre o papel que têm no mundo. Isso fica claro no teor das próprias estátuas, que representam refugiados com expressões desesperadas e turistas que tiram fotos do sofrimento alheio enquanto não levantam um dedo para oferecer ajuda.
 
    Um homem coberto de cactos representa o modo como os refugiados do Oriente Médio são vistos por muitos atualmente, já que todos parecem querer distância deles, e um bote repleto de pessoas sem ter para onde ir é outra leitura da mesma situação. O museu foi planejado para durar centenas de anos, e seus idealizadores esperam que esse diálogo a respeito das divisões da sociedade, tanto política quanto socialmente, se intensifique a partir das visitas ao local.
 
 
 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

MULTA PARA QUEM ESTACIONAR EM VAGA PARA PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUMENTA MAIS DE 100%

 
 
    A multa para o motorista que estaciona em vaga de idoso ou de pessoas com deficiência física vai mais que dobrar.
 
   É para ver se inibe aquelas desculpas esfarrapadas já conhecidas. Se o motorista não respeita por consciência, cidadania e educação, agora vai ter que pensar que isso vai pesar mais no bolso e também resultar em mais pontos na habilitação.
 
    Leve nunca foi, afinal, é sempre muito grave não respeitar as vagas especiais.
 
    Em Palmas, uma mulher para o carro na vaga para deficientes, tira uma criança, uma bolsa e deixa o carro lá, como se a vaga fosse para ela, que não tem nenhuma deficiência.
 
    “É falta de educação desse povo, não tem educação nenhuma”, queixa-se uma idosa.
 
     Em Belo Horizonte também falta bom senso.
 
   “Ninguém respeita a vaga de idoso, de cadeirante, não, tanto faz como tanto fez, para eles, encosta e acabou, não está nem aí não”, diz outro idoso.
 
     Seu Valdir, que mora em Belém, ouve toda hora aquela desculpa esfarrapada: “ah é só um minutinho”...
 
    “O velho jeitinho brasileiro, a pessoa estaciona e fala: ‘não, eu vou aqui rapidinho, um minutinho’, embora exista a legislação, embora exista a lei, mas assim, a população não respeita”.
 
     Pela lei do trânsito, estacionar na vaga sem ser deficiente ou idoso era infração considerada leve, dava só três pontos na carteira. Bem, era leve. Se as pessoas não respeitavam por educação e três pontos, agora, quem sabe vão respeitar porque vai custar bem mais caro.
 
     A partir de agora, o desrespeito às vagas de deficiente físico e idosos é infração grave com cinco pontos na carteira de habilitação. E também a multa que era de R$ 53,20 passa para R$ 127,69
Também tem um outro jeito poderoso de fazer valer uma regra: chama-se constrangimento. Na Rússia, uma ONG criou uma campanha em que um holograma de um cadeirante aparece para assustar quem tenta parar nas vagas especiais.
 
     Constranger também é a estratégia de um shopping em São Paulo. Lá, o problema com o desrespeito às vagas para idosos e deficientes era sério. Então, o shopping criou a multa moral - um cartão que alerta o motorista que ele está cometendo uma infração.
 
    “Quem para em uma vaga desse tipo já sabe que está fazendo algo errado. Então, nesses casos, elas acabam respeitando e tirando o carro”, afirma Sérgio Nagai, superintendente do shopping.
 
     Em dezembro, foram 30 multas dessas por dia. Já pelas ruas de São Paulo, de janeiro a novembro do ano passado, a Companhia de Engenharia de Tráfego registrou 18 mil infrações por desrespeito às vagas destinadas aos idosos e mais de 6 mil autuações por estacionamento irregular em vagas para deficientes.
 
     “Pouca gente respeita, eu estou cansado de ver aí pessoas que se revoltam, porque às vezes, a pessoa até pode ter uma deficiência, mas tem que ter a identificação”, reclama o aposentado Francisco Rodrigues Coelho.
 
     A identificação é o cartão que o Seu Francisco, que é deficiente, tem e que os idosos também devem usar para estacionar nas vagas especiais pelas ruas.
 
     “Eu acho que é uma questão de civilidade. Há muito desrespeito, demais, demais, demais, eu fico indignada com isso”, afirma a aposentada Marilene de Campos Mendes.
 
    As novas regras passam a valer na próxima quinta-feira (7). As punições também vão atingir quem estacionar nas vagas especiais dentro de shoppings e supermercados. A fiscalização varia de estado para estado.
 
     E segundo o Detran, motoristas que transportam crianças de colo, como a mulher que estacionou em uma vaga de deficientes em Palmas, mostrada na reportagem, não têm vaga especial.
 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

QUANTOS QUILÔMETROS DE CORRIDA PARA QUEIMAR?



    Imagine que você passou o verão todo preocupado com o seu peso e decidiu que, assim que o Carnaval chegasse ao seu fim, você iria finalmente se dedicar àquelas caminhadas ou mesmo faria a matrícula em uma academia.
 
    Enquanto você começa a adaptar o seu corpo à rotina pesada de exercícios físicos, é inevitável que não passe pela sua cabeça o tempo necessário para gastar as calorias consumidas.
 
    Por isso, a Fit Talerz fez algumas imagens que mostram, aproximadamente, quantos quilômetros você deve correr para queimar alguns alimentos e bebidas que costuma ingerir – principalmente, aquelas besteiras!
 
    Os cálculos foram feitos com base nas atividades físicas realizadas por um homem de 30 anos de idade, 1,80 cm de altura e 70 kg.










 
 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

PRIMEIRO CASAMENTO DE PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL APÓS LEI INCLUSIVA

 
 
    O primeiro casamento de pessoa com deficiência intelectual do País, após a entrada em vigor em janeiro deste ano da Lei Brasileira de Inclusão, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, aconteceu nesta quarta-feira (17), em Artur Nogueira. A noiva, Rosana Aparecida Oliveira de Lima, de 44 anos, é interditada judicialmente por apresentar paralisia cerebral e vai realizar o sonho da sua vida, após 19 anos de união com José Francisco Dias, de 53 anos.

  
    O casal já tem um filho de 17 anos e não sabia que haveria restrição, caso fossem marcar a união antes dessa data. A demora para casar aconteceu porque os dois aguardavam o encerramento do processo de divórcio do primeiro casamento de José, que foi bem demorado.

    “Quando fomos agendar a data este ano, um oficial chamou para avisar que o casamento só aconteceria por conta da lei que foi aprovada em janeiro. As coisas acontecem no tempo de Deus”, contou Rosana.

    Outra coincidência é que a cerimônia acontece no mesmo dia do aniversário da noiva. “Vai ser mais que um presente para ela, que sonhou tanto com esse dia”, contou a mãe de Rosana, Maria José Ferreira de Oliveira. “Ela sempre foi uma criança tranquila, mas quando se tornou adulta ficava muito irritada pelo fato de imaginar que ninguém gostaria de namorar com ela por conta da deficiência. E ver esse dia chegar é muito emocionante.”

    De acordo com o oficial do Cartório de Registro Civil de Artur Nogueira, Fernando Marchesan Rodini Luiz, o Estatuto da Pessoa com Deficiência foi instituído para regulamentar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo o qual “as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida”.

    A principal preocupação da Justiça, no entanto, é entender se a pessoa vai realizar a ação por vontade própria. “Esta é a primeira cerimônia pós-estatuto. Já houve na região um casamento com duas pessoas com   Síndrome de Down, que foi aprovado pelo juiz, mediante a pedido. Pode ser que até em março, com as mudanças do Código do Processo Civil, ela sofra algumas modificações, já que algumas leis se conflitam”, explicou o oficial. Rosana conheceu José Francisco no sítio do pai dela, em Franco da Rocha, Grande São Paulo. Ela saía pouco de casa e neste dia resolveu passear com a família. Eles começaram a namorar e se viam apenas aos fins de semana. Depois de um ano e meio de namoro, ela engravidou e o casal foi morar junto. José acabou perdendo o trabalho e resolveram começar uma nova vida em Artur Nogueira, onde moram há seis anos.

    Com muita força de vontade, Rosana superou suas principais dificuldades, e hoje consegue andar sem ajuda e melhorou a desenvoltura da fala. “Comecei a cuidar do meu filho sozinha depois que ele fez um ano de idade. Eu não conseguia controlar muito a força das minhas mãos, por isso, minha mãe e o José me ajudavam”, conta.

    Para Henrique de Oliveira Dias, de 17 anos, a deficiência da mãe nunca foi obstáculo para ele, que acredita ser sortudo por ter uma mãe tão dedicada. “Muitas pessoas falam que muitas mães que não têm deficiência não cuidam tão bem do filho como a minha cuida de mim. E estou muito feliz por ver os dois selando esse amor que é visível por todos”, contou. “Eu achei que fosse passar o resto da minha vida sozinha e que ninguém ia querer namorar comigo. Quando conheci José descobri que era ele desde o primeiro dia”, contou. Para José, que estava separado havia três anos, Rosana preencheu o faltava na sua vida. “Nós temos que olhar o que há por dentro das pessoas.” O casamento na igreja também já está marcado e será realizado no dia 16 de abril.

Fonte: Correio Popular

sábado, 20 de fevereiro de 2016

ACONTECIMENTOS QUE COMPLETAM 25 ANOS EM 2016 - PARTE 5






 
 
  
 
A Família Dinossauro
 
"Não é a mamãe”. Se você leu essa frase e ouviu a voz do personagem Baby, certamente se divertiu muito com essa série excelente que fez muito sucesso por aqui.




Topa Tudo por Dinheiro

Você certamente já se divertiu muito com o Silvio Santos neste programa clássico que rende pérolas até os dias de hoje. Lançado no início da década de 90, a atração marcou a história da televisão brasileira, alcançando grandes audiências aos domingos.

 
 
 
Aqui Agora
 
“Um jornal vibrante, uma arma do povo, que mostra na TV a vida como ela é!”. Se você se lembra deste slogan, certamente assistiu ao telejornal “Aqui Agora”. Em sua bancada de apresentadores, passaram pessoas como Christina Rocha, Sônia Abrão, César Filho e o inesquecível Gil Gomes.
 
 


FONTE: MEGACURIOSO

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

"EXISTO PORQUE MINHA MÃE NÃO OPTOU PELO ABORTO" , DIZ JORNALISTA COM MICROCEFALIA

 


 
Por Ricardo Senra
 
    Ana Carolina Cáceres, de 24 anos, moradora de Campo Grande (MS), desafiou todos os limites da microcefalia previstos por médicos. Eles esperavam que ela não sobrevivesse. Hoje, Ana tem 24 anos. Neste depoimento, ela defende uma discussão informada sobre o aborto.
 
    “Quando li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de microcefalia no Supremo Tribunal Federal (STF), levei para o lado pessoal. Me senti ofendida. Me senti atacada.


    No dia em que nasci, o médico falou que eu não teria nenhuma chance de sobreviver. Tenho microcefalia, meu crânio é menor que a média. O doutor falou: ‘ela não vai andar, não vai falar e, com o tempo, entrará em um estado vegetativo até morrer’.



 
    Ele – como muita gente hoje – estava errado.
 
    Meu pai conta que comecei a andar de repente. Com um aninho, vi um cachorro passando e levantei para ir atrás dele. Cresci, fui à escola, me formei e entrei na universidade. Hoje eu sou jornalista e escrevo em um blog.
 
    Escolhi este curso para dar voz a pessoas que, como eu, não se sentem representadas. Queria ser uma porta-voz da microcefalia e, como projeto final de curso, escrevi um livro sobre minha vida e a de outras 5 pessoas com esta síndrome (microcefalia não é doença, tá? É síndrome!).
 
    Com a explosão de casos no Brasil, a necessidade de informação é ainda mais importante e tem muita gente precisando superar preconceitos e se informar mais. O ministro da Saúde, por exemplo.
 
    Ele disse que o Brasil terá uma ‘geração de sequelados’ por causa da microcefalia.



    Se estivesse na frente dele, eu diria: ‘Meu filho, mais sequelada que a sua frase não dá para ser, não’.
 
    Porque a microcefalia é uma caixinha de surpresas. Pode haver problemas mais sérios, ou não. Acho que quem opta pelo aborto não dá nem chance de a criança vingar e sobreviver, como aconteceu comigo e com tanta gente que trabalha, estuda, faz coisas normais – e tem microcefalia.
 
    As mães dessas pessoas não optaram pelo aborto. É por isso que nós existimos.
 
    Não é fácil, claro. Tudo na nossa casa foi uma batalha. Somos uma família humilde, meu pai é técnico de laboratório e estava desempregado quando nasci. Minha mãe, assistente de enfermagem, trabalhava num hospital, e graças a isso nós tínhamos plano de saúde.
 
    A gente corta custos, economiza, não gasta com bobeira. Nossa casa teve que esperar para ser terminada: uma parte foi levantada com terra da rua para economizar e até hoje tem lugares onde não dá para pregar um quadro, porque a parede desmancha.
 
    O plano cobriu algumas coisas, como o parto, mas outros exames não eram cobertos e eram muito caros. A família inteira se reuniu – tio, tia, gente de um lado e do outro, e cada um deu o que podia para conseguir o dinheiro e custear testes e cirurgias.
 
    No total, foram cinco operações. A primeira com nove dias de vida, para correção da face, porque eu tinha um afundamento e por causa dele não respirava.
 



    Durante toda a infância também tive convulsões. É algo que todo portador de microcefalia vai ter – mas, calma, tem remédios que controlam. Eu tomava Gardenal e Tegretol até os 12 anos – depois nunca mais precisei (e hoje sei até tocar violino!).
 
    Depois da raiva, lendo a reportagem com mais calma, vi que o projeto que vai ao Supremo não se resume ao aborto. Eles querem que o governo erradique o mosquito, dê mais condições para as mães que têm filhos como eu e que tenha uma política sexual mais ampla – desde distribuição de camisinhas até o aborto.
 
    Isso me acalmou. Eu acredito que o aborto sozinho resolveria só paliativamente o problema e sei que o mais importante é tratamento: acompanhamento psicológico, fisioterapia e neurologia.
 
    Tudo desde o nascimento.
 
    Também sei que a microcefalia pode trazer consequências mais graves do que as que eu tive e sei que nem todo mundo vai ter a vida que eu tenho.
 
    Então, o que recomendo às mães que estão vivendo esse momento é calma. Não se desespere, microcefalia é um nome feio, mas não é esse bicho de sete cabeças, não.
 
    Façam o pré-natal direitinho e procurem sobretudo um neurologista, de preferência antes de o bebê nascer. Procurem conhecer outras mães e crianças com microcefalia. No próprio Facebook há dois grupos de mães que têm um, dois, até três filhos assim e trabalham todos os dias tranquilas, sem dificuldade.





    Caso o projeto de aborto seja aprovado, mas houver em paralelo assistência para a mãe e garantia de direitos depois de nascer, tenho certeza que a segunda opção vai vencer.
 
    Se ainda assim houver pais que preferirem abortar, não posso interferir. Acho que a escolha é deles. Só não dá para fazê-la sem o mais importante: informação.
 
    Quanto mais, melhor. Sempre. É o que me levou ao jornalismo, a conseguir este espaço na BBC e a ser tudo o que eu sou hoje: uma mulher plena e feliz.
 
*Este depoimento é resultado de uma conversa entre o repórter da BBC Brasil Ricardo Senra e Ana Carolina Cáceres. E começou com um comentário da jovem no perfil da BBC Brasil no Facebook.